Crítica: Antes do Pôr-do-Sol

Filme Antes do Por do Sol Celine CantandoFilme Antes do Por do Sol

A trilogia de Richard Linklater – será mesmo uma trilogia ou teremos Antes da Madrugada em 2022? – já se tornou épica. Quem diria em 1995 que, 20 anos depois, esse e outros dois filmes seriam realizados, “cultizados” e indicados a diversas premiações, incluindo o Oscar? Enfim, é quase impossível não se apaixonar por essa linda, real e sincera história de amor entre Jesse e Celine, jovens que se encontram em um trem na Europa e vivem momentos inesquecíveis no velho continente nas próximas décadas. E graças a Richard Linklater, que se baseou em um fato real para dar o ponto de partida a essa jornada.

Três filmes.

Três décadas.

Amo cada um deles, seja o amor juvenil e intenso de Antes do Amanhecer, o reencontro breve e profundo de Antes do Pôr do Sol, e o relacionamento adulto e desgastado de Antes da Meia-Noite. Porém, devo dizer que tenho meu favorito, por incrível que pareça. E ele é o do meio, o irmão que geralmente se sente rejeitado; não no meu caso!

Por que gosto tanto, mas tanto de Antes do Pôr do Sol? Porque amo a França? Sim. Porque tem música da Julie Delpy na trilha sonora? Sim. Porque a narrativa é em tempo real? Sim. Porque eles não beijam na boca em nenhum momento, mas, mesmo assim, os diálogos e interações são verdadeiras declarações de amor? Sim. Tudo isso faz do longa o meu predileto e eu posso assisti-lo uma, duas, três vezes sem parar. Posso vê-lo uma vez por mês até eu morrer.

Desde “An Ocean Apart”, que abre essa obra de arte já nos deixando encantados com o cenário parisiense e o que está por vir, até “Just In Time”, de Nina Simone, no desfecho, temos 1h20 de pura magia da sétima arte. O tempo que Jesse e Celine têm para recapitular os últimos nove anos são contemplados de maneira tão natural que você se sente conectado o tempo todo e torce, até o fim, para que ele jamais retorne aos Estados Unidos. Quando Celine diz “Baby, you’re gonna miss that plane” é como se nós estivéssemos lá, no charmoso apartamento dela, falando isso para Jesse. Nós somos Celine. É como se fôssemos Jesse, vendo-a dançar Nina e querer ficar ali pra sempre. Nós somos Jesse. Somos os dois.

Antes do Pôr do Sol é o filme do meio, é o recheio do sanduíche, a parte mais gostosa da trilogia de Linklater. Escrito pelo cineasta, Delpy e Ethan Hawke, ele é maravilhosamente filmado, montado e com performances de dois atores que sabem como ninguém manter vivos os espíritos de personagens que interpretaram pela primeira vez há tanto tempo. Definitivamente um dos casais mais apaixonados e apaixonantes do cinema.