Crítica: Dirty Harry – Perseguidor Implacável (1971)

 
A PRIMEIRA COISA QUE POSSO DIZER SOBRE CLINT EASTWOOD EM DIRTY HARRY, é sobre o quanto Hugh Jackman lembra o ator. O Wolverine é o Dirty Harry da nossa geração e ainda por cima canta, dança e pegou a Nicole Kidman em Austrália. Sensacional. 
 
Mas falando sério. Dirty Harry é um daqueles filmes policiais que marcam época e você simplesmente fica se perguntando os motivos que te fizeram ignorar a produção por tantos anos. Como é possível assistir qualquer filme do gênero e não pensar imediatamente no personagem de Eastwood? É assim que me sinto nessa condição pós-filme. 
 
O longa enche os olhos e não precisa apelar para nudez ou sexo para conseguir isso. O policial durão consegue segurar o tranco sozinho e cada minuto em cena é o suficiente para prender a atenção do público, que fica hipnotizado com o roteiro e a ansiedade de conferir tudo sendo resolvido. Existem os tiros, as perseguições (Harry pula em cima de um ônibus escolar e fica se equilibrando até conseguir fazer o veículo parar), o estilo carrancudo e charmoso de Eastwood, além do humor ácido e o sarcasmo cru do personagem. Isso sem mencionar o memorável monólogo que é a assinatura do filme: 
 
I know what you’re thinking. “Did he fire six shots or only five?” Well, to tell you the truth, in all this excitement I kind of lost track myself. But being as this is a .44 Magnum, the most powerful handgun in the world, and would blow your head clean off, you’ve got to ask yourself one question: Do I feel lucky? Well, do ya, punk?
 
A sequência em Eastwood declama o trecho acima é pura poesia. Aliando humor non sense com uma arrogância que apenas os grandes homens possuem, Harry evita um assalto e, sozinho, acaba com uma gangue inteira. Dá para perceber o sorriso de satisfação do personagem quando pergunta se o meliante está se sentindo sortudo. Sem dúvidas, é uma das frases mais marcantes da história do cinema. 
 
Dirty Harry conta a história de um policial durão que usa métodos pouco convencionais para conseguir solucionar seus crimes e utiliza uma pistola Magnum 44 como forma principal de convencer os bandidos a se entregarem por bem ou mal. O detetive entra num jogo de gato e rato com um misterioso psicopata auto-intitulado Scorpio e precisa evitar que o assassino elimine mais vítimas. 
 
O criminoso do filme foi vagamente inspirado no assassino serial conhecido como Zodíaco, que inclusive virou um filme homônimo nas mãos de David Fincher, em 2007. Inclusive, Fincher brincou dizendo que o personagem que Mark Ruffalo interpretou, o inspetor Toschi, serviu de inspiração para o personagem de Eastwood em Dirty Harry. 
 
Imperdível para qualquer fã do gênero ação/policial, Dirty Harry – Perseguidor Implacável pode ser considerado o pai de John McClane (Bruce Willis) em Duro de Matar, Martin Riggs (Mel Gibson) e Rogger Murtaugh (Danny Glover) em Máquina Mortífera, e vários outros filmes de ação da década de 80 e 90. Eastwood deixou um verdadeiro legado a ser respeitado e que até hoje rende inúmeras tentativas de imitações, mas nenhum personagem conseguirá ser tão ou mais charmoso que o seu Dirty Harry. 
 
Estou me sentindo com sorte e serão quatro caipirinhas.