Quero Matar Meu Chefe

TODO FUNCIONÁRIO TEM UM SONHO PARECIDO. Enquanto a maioria das ideias gira em torno de ter férias eternas (e remuneradas), não ter horário para chegar ou poder trabalhar de chinelo, existe uma que é de comum acordo para todos que são infelizes durante sua jornada de trabalho: foder o chefe. Aqui no Cinema de Buteco já rolaram crises feias quando a Flávia Andrade fazia parte do nosso cast, numa prova que nem mesmo os “chefes” de um Buteco estão livres da ira de seus funcionários. 
 
Curiosamente,  psicanálise explica esse comportamento da maioria dos trabalhadores: o querer eliminar o chefe, trata, simbolicamente, de tomar o lugar dele. Uma inversão da autoridade, que para Sigmund Freud representava como a figura do pai. Ou seja, o velho complexo de édipo, de certa forma. Já que ao roubar a posição do “pai” (chefe), o filho teria a “mãe” (emprego). 
 
Mas esse desejo tão antigo acaba virando uma grande piada sem graça no fraco Quero Matar o Meu Chefe. A produção estrelada por Jason Sudeikis, Charlie Day e Jason Bateman erra por sua falta de originalidade e ambição, o que torna o filme descartável e que arranca poucos sorrisos, deixando as gargalhadas escondidas para imaginar nossos próprios dramas em nossos respectivos empregos. Ok. O filme todo erra na completa falta de graça e capacidade de fazer o público rir mais de uma única vez.
 
Enquanto o público anseia pelos planos mirabolantes do trio para acabar com a raça dos três chefes mais chatos do mundo (exceto no caso do personagem de Day, mas isso a gente vê logo adiante), os poucos momentos de inspiração acontecem em situações batidas, como a sequência em que o trio invade a casa do chefe de Kurt (Sudeikis) e Dale (Day) fica chapado de cocaína, passando a agir como um louco. Paralelamente existe a cena em que Kurt resolve introduzir a escova de dente do seu chefe na sua própria bunda. Sim, é engraçado, mas que tipo de vingança fajuta é essa? 
 
Existem algumas participações especiais, como Jamie Foxx interpretando um bandido duvidoso e que fica encarregado de dar boas dicas de como acabar com a vida dos chefes horríveis, mas nada que seja bom o suficiente para fazer o ingresso valer a pena. Exceto, claro, pela chefe de Dale. A dentista ninfomaníaca interpretada pela estonteante Jennifer Aniston dá um show, com todas aquelas curvas, caras e bocas. Dá até raiva do personagem ser um sujeito apaixonado e completamente fiel. Na mesma proporção que existe a vontade matar o chefe, existe a vontade de viver uma situação como a de Dale. Que homem não gostaria de ser assediado da forma que acontece com o personagem? Ainda mais quando a superiora é uma mulher como Aniston… 
 
Quero Matar o Meu Chefe diverte aqueles que estão atrás de um filme qualquer, que não seja ruim demais e não tenha a necessidade de ser o melhor filme do ano. Ou mesmo chegar perto disso. Kevin Spacey interpreta um vilão interessante e que age por impulso, sempre desconfiado que sua esposa anda traindo ele com o bairro inteiro. E Colin Farrel, em uma breve participação como o chefe de Kurt, cria um playboy viciado em cocaína e completamente alienado. Sem dúvida, ironicamente, o melhor do filme são os chefes. Quer dizer, o melhor do filme é conferir a quase nudez de Aniston. 
 
 
Horrible Bosses, 2011
Direção: Seth Gordon
Roteiro: Michael Markowitz
Elenco: Jennifer Aniston, Kevin Spacey, Colin Farrel, Jason Bateman