Super-Heróis – A Liga da Injustiça

DISASTER MOVIE” DEVERIA TER SIDO TRADUZIDO AO PÉ DA LETRA. “Filme Desastre” representa muito melhor o lixo atômico que é este filme. Ao invés disso, preferiram batizá-lo com um disparatado “Super-Heróis – A Liga da Injustiça“. A mudança faz jus ao histórico de traduções porcas dos filmes da dupla Jason Friedberg e Aaron Seltzer. “Date Movie” virou “Uma Comédia Nada Romântica”. “Epic Movie” virou “Deu a Louca em Hollywood”. “Meet The Spartans” virou (argh!!) “Os Espartalhões”.

Transformar “Disaster Movie” em “Super-Heróis – A Liga da Injustiça”, porém, não é só mau-gosto da distribuidora: é agir de má fé, com o único intuito de abocanhar mais um bocado da bilheteria de “Super-Herói – O Filme” (“Superhero Movie”, que não vi, não quero ver e tenho pena de quem viu). Nesta seqüência que não é, as aparições de super-heróis não somam mais que 5 minutos. O subtítulo não faz sentido – não há Liga nenhuma, quando mais da Injustiça. Injustiça mesmo é que esta joça tenha perdido todas as Framboesas de Ouro às quais concorreu em 2008: pior filme, pior atriz coadjuvante, pior remake ou seqüência, pior diretor, pior roteiro.

O DVD de “Disaster Movie” apareceu sem querer aqui em casa. Suspeito que foi uma amiga que foi embora de Beijing e quis deixá-lo de presente, mas não sei se a intenção foi agradar ou sacanear. O disco era pirata, claro, o que me deixa com a consciência tranqüila de que não dei um tostão para Friedberg, Seltzer e demais culpados. Coloquei pra assistir logo depois de ter revisto o excepcional “O Poderoso Chefão”. Nunca fui de um extremo a outro tão rápido.

Pagar pra ver esse tipo de filme é que nem votar no Tiririca: a piada acaba sendo você. Mas assim como o palhaço analfabeto recebeu mais de um milhão de votos, “Disaster Movie” fez dinheiro a rodo nas bilheterias, endossando as próximas bombas que virão. Qual será o próximo? “3D Movie”?

No que diz respeito ao filme em si, não vou chutar cachorro morto. É claro que as cenas são toscas, a história é rasteira, os atores são da escola Zorra Total e a escatologia rola solta. Isso não seria necessariamente um defeito. “Family Guy” abusa de nonsense, paródias e piadas de péssimo gosto, e é genial. “Disaster Movie” comete o único pecado imperdoável nas comédias: não faz rir. Falta timing, falta tino cômico, falta surpreender o espectador de alguma forma. Terminar todas as cenas de luta com chute no saco é de uma preguiça nojenta.

A data de lançamento ajuda a explicar a falta de graça: 29 de agosto de 2008. Ou seja, quando “Disaster Movie” foi filmado, a maior parte das produções que ele parodia sequer tinha estreado: “Hancock”, “O Procurado”, “Zohan”, “Kung Fu Panda”, “Homem de Ferro” e “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” são todas de maio e junho do mesmo ano. Não é de se estranhar que todas as cenas parodiadas desses filmes venham dos trailers e do material de divulgação. Regra básica do humor, galera. Como você faz uma sátira sem saber o que exatamente está satirizando?

A última cena completa o desastre. Além de sem graça, é covarde: eles tentam parodiar o webhit “I’m Fucking Matt Damon”, mas não têm nem coragem de usar o verbo “fucking”, substituindo por um comportado e brochante “dating”.

Quando terminei de assistir, aliviado, pus o DVD no lugar que ele merece:

Disaster Movie”, EUA, 2008
Cometido por Jason Friedberg e Aaron Seltzer