Como se Fosse a Primeira Vez

Apesar de ser uma doença fictícia, a tal da síndrome de Goldfield poderia muito bem ser aplicada para cada filme que re-assistimos e somos presenteados com aquela sensação de que tudo aquilo é novo. Por mais raro que seja acontecer isso com os filmes de hoje em dia, vez ou outra acabamos surpreendidos com produções que conseguem ter a mesma magia de clássicos do repeteco como Quero Ser Grande, Meus Vizinhos São Um Terror, Curtindo a Vida Adoidado e tantos outros. Em 2004, a dupla Adam Sandler e Drew Barrymore protagonizaram Como se Fosse a Primeira Vez, que além de ser uma comédia bem divertida, contém uma bela história romântica que deixa no chinelo muitos filmes que tentam emocionar o espectador.
Esse é o segundo filme que Barrymore e Sandler contracenam juntos e conseguem repetir a mesma química de Afinado no Amor, que apesar de não ser tão engraçado quanto Como se Fosse a Primeira Vez, consegue tirar o melhor da dupla. A diferença principal é que Afinado no Amor evita usar piadas escrachadas e ao invés de ter o duvidoso (mas às vezes engraçado) Rob Schneider no elenco, conta com o sempre excelente e curioso Steve Buscemi. As cenas com Schneider até conseguem divertir aqueles que conseguem rir de qualquer coisa, mas acabam sendo bem patetas. A presença de Schneider e de Lusia Strus (a assistente ambígua do personagem de Sandler) funcionam meramente para agradar crianças, que mesmo percebendo a idiotice dos personagens, acaba achando graça. Destaque para a participação do veterano Dan Aykroyd como o médico engraçadinho.
O roteiro apresenta a história de Henry Roth (Sandler), um aproveitador que se dá bem com todas as turistas e nunca se envolve com ninguém. O problema é que ele acaba conhecendo Lucy (Barrymore) e se apaixona perdidamente. O que ele não esperava era que a bela moça sofria de uma síndrome que tornava impossível ela se recordar de acontecimentos recentes, ou seja, cada encontro era o primeiro para Lucy e Henry tinha que se esforçar para conquista-la todas as vezes. Não sei quanto a vocês, mas eu duvido que outros filmes mostrem um personagem tão perseverante e apaixonado, que incapaz de se cansar, passa a oferecer amor incondicional para uma pessoa. Bela história. Não se pode deixar de comentar que, embora bastante complicada, esta relação deveria ser bem interessante. Quem disse que ela iria se lembrar de qualquer briga no dia seguinte? Quem dera se todas as mulheres tivessem amnésia para as mancadas dos caras…
Junto de Quem Vai Ficar com Mary? e O Amor é Cego, a produção de Peter Segal conseguiu ser uma das poucas a conseguir misturar comédia e romance e obter um excelente resultado, tanto na questão de gargalhadas quanto na de se apaixonar pelo romance dos personagens. Excelente.