Grandes Esperanças

Fugindo um pouco da expectativa do Oscar 2009 e ensaiando um período de postagens mais assíduas aqui neste buteco, resolvi falar de um dos filmes que marcaram a minha vida.

Baseada na obra homônima do escritor Charles Dickens, a história recebeu uma segunda adaptação, feita desta vez pelo diretor mexicano Alfonso Cuarón, que resolveu tirar a história da Inglaterra, levá-la para a Flórida e contar de uma forma um pouco mais atual a história de Finn (Jeremy James Kissner), um garoto órfão e pobre que vive com sua irmã Maggie (Kim Dickens) e o namorado dela na costa da Flórida.

Andando pelas redondezas, ele acaba conhecendo a Sra. Nora Dinsmoor (Anne Bancroft), uma excêntrica mulher que, apesar de ser complicada, é uma das mais ricas da Flórida. Na verdade, ela se tornou uma pessoa cruel e busca vingança contra os homens, devido ao fato de ter sido abandonada à beira do altar.

Na ocasião, ela convida Finn para ir até sua propriedade, Paradiso Perduto, brincar com sua sobrinha Estella (Raquel Beaudene). Naquele momento, as duas crianças têm cerca de 10 anos de idade e, no instante em que Finn coloca os olhos em Estella, ela torna-se sua inspiração e, até mesmo, a sua obsessão. Em um dos vários momentos que passam juntos pela casa, Finn desenha um esboço da garota e, naquele momento, a Sra. Dinsmoor percebe que ele é um artista nato. Enquanto tudo isso acontecia, um presidiário (Robert de Niro) que escapara do corredor da morte de uma penitenciária, acaba forçando o menino a ajudá-lo em sua fuga.

Alguns anos se passam e, já adolescentes, os dois voltam a se encontrar na mesma propriedade da Sra. Dinsmoor onde acontece uma das mais belas cenas do filme, o primeiro beijo de Finn e Estella, em um bebedouro.

A partir daquele momento, algumas reviravoltas acontecem na história e, com o passar do tempo e com a chegada da maturidade das personagens principais, algumas características de Estella (Gwyneth Paltrow) e Finn (Ethan Hawke) são sutilmente reveladas, assim como da Sra. Dinsmoor e do personagem de Robert DeNiro, que volta à trama. Enquanto você se prende a aos detalhes da vida pessoal de Finn, que muitos encaram como uma “decadência amorosa”, você pode acompanhar a sua “ascensão profissional”, já que graças a um misterioso benfeitor, ele vai para Nova York, é descoberto pelo mundo da arte de Manhattan e acaba tendo uma exposição sua numa importante Galeria de Arte da cidade bancada pelo tal benfeitor desconhecido.

“Grandes Esperanças” é uma produção encantadora, com uma fotografia muito bem feita por Emmanuel Lubezki e uma trilha sonora, de Patrick Doyle, simplesmente maravilhosa. O roteiro intrigante e a direção de Cuarón tornam o filme bastante convincente e com atuações destacadas de Anne Bancroft, Robert De Niro, Ethan Hawke e, sobretudo, Gwyneth Paltrow, que rouba a cena em vários momentos e me faz considerar a Estella como a sua melhor atuação até hoje.

No fim de toda a história, todos mudam. Todos se redimem e todos aprendem algumas lições, inclusive quem se prendeu a história. Não chega a ser aquele filme extraordinário ou digno de milhares de indicações apaixonadas, mas supera as expectativas de quem espera mais um filminho “água-com-açúcar” sobre o amor, suas reviravoltas e desencantos.

Ficha Técnica:
Grandes Esperanças (Great Expectations, 1998)
Direção: Alfonso Cuarón
Roteiro: Mitch Glazer, baseado em livro de Charles Dickens
Genêro: Romance
Elenco: Ethan Hawke (Finnegan Bell), Gwyneth Paltrow (Estella), Hank Azaria (Walter Plane), Chris Cooper (Tio Joe), Anne Bancroft (Sra. Nora Diggers Dinsmoor), Robert de Niro (Prisioneiro fugitivo), Josh Mostel (Jerry Ragno), Kim Dickens (Maggie), Nell Campbell (Erica Thrall), Gabriel Mann (Owen), Jeremy James Kissner (Finnegan – 10 anos) e Raquel Beaudene (Estella – 10 anos)

Trailer: