Analisando: Violência Gratuita

No dia 25 de Novembro de 2008, o amigo João lançou o seu post sobre o filme Violência Gratuita. Passou em branco para mim, até que o Fred comentou alguma coisa sobre o quanto era bizarro e valia a pena assistir. Logo fui lembrado (ou avisado, como preferirem) de que já havia um post no blog. Para dar um crédito para o Jão, aqui vai o post dele de novo, mas dessa vez, com uma analise da analise. (e o que falta para a gente inventar?) Se você não viu o filme, visite o link acima e não continue a leitura.

Quem é mais sádico: o Jigsaw de Jogos Mortais, ou espectador que acompanha todos os filmes da série que apenas se preocupa em aumentar seu repertório de torturas e mortes bizarras? É sobre isso que nos fala Violência Gratuita, refilmagem do filme homônimo de 1997, feita pelo diretor do original, Michael Haneke”

Alguém aí duvida que o espectador é mais sádico que todos os roteiristas, diretores e suas respectivas crias para o cinema de horror? O esperto Michael Haneke fez um filme que toca bem na ferida do público e ele mesmo dá suas pistas ao mostrar a interação dos assassinos com quem está assistindo o filme e na famosa cena (que em breve vocês vão ver aqui no Cinema de Buteco) em que um controle remoto mágico é usado (roubaram do Click…) e impede a chance de um final feliz. Em Violência Gratuita, não existe espaço para o final feliz. Tudo tende a se repetir e sem um motivo claro.

não deixa de ser interessante a forma como Haneke nos atenta para o fato de que, apesar de ficcionais, as histórias contadas em filmes nos manipulam de uma forma incomum, quando em uma conversa entre Paul e Petter um deles fala com todas as palavras sobre como tomamos a ficcão como realidade nesses momentos. O que explica o prazer proporcionado pela atitude de Ann, e o pequeno ódio pela cena a seguir.

Os dialógos entre os dois assassinos são os mais bizarros que já vi nos últimos tempos. De suas origens secretas (em momento algum é explicado de onde eles vieram e os seus motivos) e histórias mentirosas até as discussões sobre o que era ficção e realidade. A verdadeira natureza dos dois jovens é confundir e atropelar a essência do que é concreto e tangível. Tudo é um pequeno jogo divertido, desde o começo até o final.

A tal cena mencionada é a que Ann rouba a espingarda e despedaça metade de Peter. Não sei se concordo com ela ser chocante ou causar prazer. O filme já estava num nível de violência (ou será que sou eu?) que nada mais causaria estranhamento. Mas confesso que não deixou de ser engraçado observar o pequeno psicopata voando pela sala. Só que logo depois surge a exaltação da violência e da surrealidade. Os personagens bonzinhos não tem chance e não podem romper as regras. O destino deles é morrer.

“O fato é que Haneke é genial e sua idéia é de uma originalidade fora do comum. O elenco por sua vez não deixa por menos, com destaque para Naomi Watts. Sua Anne é assustadoramente afetada por aquela situação e mesmo que sobreviva, os traumas deixados por toda aquela brutalidade que presencia nunca serão esquecidos. E seu cansaço quando percebe que nada pode fazer, é arrasador. Watts é perfeita. Por outro lado temos Tim Roth e seu George, que por ter ficado desde o começo impossibilitado de fazer qualquer coisa para ajudar sua família, não consegue esconder a culpa e a vergonha diante da sua mulher (que numa bela cena, demostra todo o seu amor por ele). Já Pitt faz o assassino frio a ponto de quase nos parecer indefeso, como se realmente não estivesse fazendo para seu próprio deleite, já que não será ele o maior beneficiado.
Em resumo, Michael Haneke criou um filme cruel. Tanto para os seus personagens quanto para a realidade que vivemos. Presos em nossos próprios filmes sem fim e que a morte não é encarada como algo estranho e distante. Cada vez mais próxima, cada vez mais perto. É só uma questão de tempo até ficarmos no caminho de gente como Peter e Paul. É um filme imperdível. A ausência de uma trilha sonora te deixa plantado na cadeira e com o risco de pular a qualquer momento. Recomendo demais!

Ficha Técnica:
Violência Gratuita (Funny Games, 2008)
Dirigido: Michael Haneke
Roteiro: Michael Haneke
Genêro: Suspense
Elenco: Naomi Watts , Tim Roth
Trailer: