Crítica: The Possession of Michael King

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A MINHA DICA AQUI É BEM DIRETA: quando você for assistir The Possession of Michael King (ainda sem título em português), se tranque no quarto e coloque um fone de ouvido. É obrigatório que o seu celular fique desligado (o que eu nem precisaria dizer, já que não se deve ver filme com o celular ligado para distrair nossa atenção com mensagens das girl ou boy magia) e a sua concentração esteja 100% na tela da televisão ou computador, ou do cinema, vai que alguma distribuídora seja esperta o suficiente para lançar o longa-metragem em circuito nacional. Garanto que, se você for uma pessoa impressionável, você gritará no mínimo duas vezes. Foi o que aconteceu comigo, e confesso que dificilmente algum título conseguirá roubar o trono de melhor filme de terror de 2014.

Michael King é um sujeito cético que fica fulo da vida com Deus após a morte trágica de sua esposa. Decidido a provar que não existe um mundo sobrenatural, ele inicia um documentário investigativo sobre seitas de magia negra. Depois de topar com muitos oportunistas, pervertidos sexuais sodomitas e agressores sexuais de bodes, King se depara com pessoas que realmente parecem ter contato com o lado oculto da vida. Ou morte, vai saber. A partir desses encontros, ele acaba descobrindo que está sendo possuído por uma entidade demoníaca que coloca a sua vida em risco.

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Usando o estilo (chato) de câmeras encontradas, também conhecido como found footage, The Possession of Michael King merece créditos por uma sequência maquiavélica de exorcismo que é puta surreal. Você começa a roer as suas unhas, arrepia os pelos do braço, vive um conflito incrível entre a vontade de desviar o olhar e a de não piscar os olhos, e sente medo pela situação em que o personagem se envolveu (e te arrastou junto, como espectador). Em pelo menos duas sequências, a obra acerta em cheio na dose de medo, angústia e tensão. O que, como disse logo acima, realmente pode causar gritos naqueles que se deixam impressionar mais.

Os recursos técnicos estão longe de serem considerados pontos positivos do longa-metragem. A sua maior força está realmente em acompanhar a jornada de seu protagonista, que começa como um homem frio e cético, até ele entender que perdeu o controle de seu corpo. Essa transformação ocorre naturalmente, para envolver o espectador e alimentar aquela sensação de um climax inevitável. Talvez, nas mãos de um cineasta mais talentoso ou com recursos maiores, The Possession of Michael King conseguisse a proeza de ser ainda mais aterrorizante. Um elenco mais competente certamente ajudaria muito nisso, ainda que os atores não sejam realmente tão horríveis assim.

Porém, vivemos em tempos cínicos. Quem é fã do gênero consegue relevar problemas, e até deixar de lado suas convicções pessoais acerca de religião para melhor apreciação de determinadas obras, mas boa parte dos espectadores que “dizem” gostar de horror parecem não saber exatamente o que querem de um filme do gênero – daí que o cinema tem a sua graça (afinal, cada um de nós possui a sua bagagem pessoal que nos ajuda a interpretar melhor as histórias assistidas) e a crítica cinematográfica a sua importância (para causar a reflexão e convidar os espectadores para um debate). Na crítica internacional, The Possession of Michael King recebeu notas horríveis, por exemplo. Já no Cinema de Buteco, ele vai ficar com nota quase máxima e uma recomendação para todos os fãs do gênero.

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