Filme: Boneco do Mal (2016)

Boneco do mal

SABE QUANDO VOCÊ TEM A PIOR IMPRESSÃO POSSÍVEL DE UMA OBRA PELO SEU TRAILER e já passa num bar para encher a cara para conseguir encarar a sessão? Pois é. Tinha certeza absoluta que as doses de cachaça que tomei no bar não seriam o suficiente para fortalecer meu espírito enquanto assistia Boneco do Mal (The Boy), mas que surpresa descobrir que a produção estrelada pela Maggie, de The Walking Dead, não é uma bomba.

Maggie na verdade é o nome da personagem que a atriz Lauren Cohan interpreta na série. Como bem ouvi da minha parceira de cinema, é um tanto esquisito ver a atriz de maquiagem e banho tomado. Isso causa uma impressão esquisita bem forte no começo da obra, mas nada prejudicial de verdade. Em Boneco do Mal ela dá vida para uma mulher chamada Greta, uma jovem norte-americana que se muda para a Inglaterra tentando fugir de um relacionamento abusivo.

Greta é contratada por um casal idoso para ser a babá de seu filho pequeno. Para a surpresa da moça, a criança é na verdade um boneco. Só que como a vida não está fácil para ninguém, a linda decide ignorar a esquisitice dos seus patrões e aceita o trabalho pela grana. No entanto, ela logo descobre que o boneco Brahms possui alguns segredos aparentemente sobrenaturais.

O longa-metragem surpreende por não ser exatamente como tantas outras produções genéricas que mancham o gênero terror como verdadeiras pragas. O diretor William Brent Bell pode não ter aparecido em Hollywood com uma obra de qualidade (ele é o responsável por Filha do Mal), mas consegue fazer um belo trabalho construindo o suspense lentamente. O ato inicial com a apresentação de Greta é correto, sem nenhuma invenção ou tentativa precoce de sustos. Existe apenas o mistério sobre a mansão, os seus quadros imensos e as cabeças de bodes empaladas.

A partir do segundo ato, Greta modifica completamente a sua relação com o boneco até o ato final, quando uma reviravolta toma conta da história e temos o principal trunfo do roteiro com essa inversão da nossa expectativa.

A verdade é em determinados momentos, Boneco do Mal opta pelo caminho mais fácil (e bobo) do terror. Existem ilusões durante o sono. Daquelas que a personagem tem um pesadelo e acorda com um tremendo susto. Os clichês assolam a produção, mas felizmente não conseguem estragar a experiência completa.

Boneco do Mal não deve ser encarado como uma espécie de Annabelle de 2016. São duas obras completamente distintas. Enquanto o spin-of de Invocação do Mal caminha mais para o horror, Boneco do Mal flerta com o sobrenatural e o suspense – e o resultado é muito melhor que o da boneca sinistra. O encerramento escapa dos clichês, mas abre espaço para possíveis continuações. Não seria um filme de terror se acabasse de outra forma…