Crítica: O Anjo Malvado (1993)

poster o anjo malvadoDIZEM QUE AS CRIANÇAS NÃO SÃO MALVADAS. Quero ver alguém olhar no rosto de Henry Evans (Macaulay Culkin) e dizer que ele é um anjinho…

Henry é o protagonista do suspense psicológico O Anjo Malvado (The Good Son, 1993), de Joseph Ruben. Ele mora com seus pais e sua irmã numa casa e fica feliz quando recebe a visita do seu primo Mark (Elijah Wood), afinal eles tem a mesma idade e podem se divertir juntos. O problema é que a ideia de diversão de Henry não é muito comum e seu comportamento violento acaba deixando o primo assustado e com medo.

O Anjo Malvado não é lá um filme muito bem produzido ou inspirado, mas seu único ponto inquestionável está na performance de Culkin. Podemos reclamar e apontar defeito em tudo, menos no que o eterno Kevin, de Esqueceram de Mim, faz em cena. As expressões dissimuladas, o olhar frio e assustador e as explosões de fúria mostram o quanto esse moleque era bom de serviço.

Henry trabalha com mentiras para manter o controle. Depois de assustar o primo e revelar que matou o próprio irmão, Henry começa a tentar deixar seus pais irritados e preocupados com a presença de Mark. A cena em que a mãe descobre o brinquedo do filho falecido é assustadora. A maneira como Henry se transforma num monstrinho agressivo dá muito medo.

No entanto, mesmo com esse acerto na construção do protagonista, o roteiro escorrega feio em tentar nos convencer de que ninguém desconfia das intenções maléficas do personagem? Já vi muitos pais irresponsáveis no cinema, mas incompetentes como o casal de O Anjo Malvado não me recordo. Eles deixam o filhote com cabeça saudável levar a irmã para patinar no gelo. Cara. Nem se o moleque fosse normal!!!! Que tipos de pais são esses que permitem seus filhos ficarem tão soltos no mundo ou não acompanham os “segredos” das crianças?

O Anjo Malvado é um bom retrato para refletirmos sobre o caráter e a índole das pessoas. Henry nasceu com “defeito”. Ele teve lar, amor e apoio, mas ainda assim caminhava para se tornar um homem perigoso. Sua única saída seria a prisão ou algum instituto psicológico. Se uma pessoa com estrutura familiar e econômica sofreu com isso, imaginem o que não deve acontecer com quem cresce longe da família, vivendo nas ruas e encarando a violência para conseguir sobreviver… Será que existe salvação para quem já nasce mau? No caso do filme, a resposta não é lá muito otimista. Para o vilão, no caso.