Gritos Mortais

A cada vez que vejo filmes de terror que tenha sido feito pela grande indústria nos últimos tempos, mas eu reverencio os clássicos. Quando se tem alguma idéia boa, já se pensa em uma trilogia para afundar toda idéia. Ou se não, falta aquele cuidado com o roteiro que te faz suspender a respiração enquanto o nível de tensão aumenta na tela. De toda forma, esses defeitos não é o caso de Gritos Mortais.

Gritos Mortais é um filme do diretor James Wan e do roteirista Leigh Whannel, criadores da série A História Sem Fim (ops! quero dizer, da série Jogos Mortais). O filme conta a historia de Jamie Ashen e sua esposa Lisa, que recebem em sua casa uma caixa enviada anonimamente contendo um boneco ventríloquo. Lisa se lembra de uma história que ouvia quando criança sobre uma mulher chamada Mary Shaw, que não possuía filhos (apenas bonecos) e que quando vista em sonhos não se devia gritar nunca. Logo no início do filme Lisa é morta e o principal suspeito é o seu marido Jamie, que logicamente bota a culpa no misterioso boneco (que possuía o carinhoso nome de “Billy”).  Quando vê que ninguém acredita em sua história, Jamie se vê obrigado a voltar a sua cidade natal para descobrir a origem do misterioso boneco que supostamente assassinou a sua esposa.

É apartir deste momento que você esquece a vontade desligar a TV e ir ler um livro, pois morno inicio é substituído por um cuidadoso roteiro que busca construir uma história de terror capaz de assustar muito mais pela tensão criada do que pelo sangue que escorre pela terra – cuidado muito negligenciado nos últimos anos nos filmes dito de terror.
James Wan cria uma história com toque de clássico. Primando pela simplicidade, ele constrói uma história com o mesmo nível de credibilidade do melhores contos de terror já escrito. Passando por detalhes como o nome da cidade (Ravens Fair) onde se passa a historia; a construção de velhos casarões (abandonados ou não), velhas florestas e cemitérios; ate a criação de uma lenda infantil para assustar crianças, que é um dos principais elementos de mistérios da historia. Além de ser capaz de levar o mistério ate depois que os segredos já estão revelados (impossível não se surpreender com a cena final!)
Não é um filme com grandes atores, mas que possui figuras até conhecidas como Donnie Wahlberg (vários Jogos Mortais) e Bob Gunton (do belíssimo Um Sonho de Liberdade), além do ventríloquo Billy, que guarda uma ‘leve’ semelhança como o boneco dos Jogos Mortais. Além de uma trilha sonora marcante que se mistura com o ambiente com o mesmo poder que o silêncio é exigido no filme
Particularmente coloco Gritos Mortais, nos meus favoritos dos filmes de terror. Por ser brilhante ao mesmo tempo que é simples, se tornando um ótimo conto de terror. Além de aumentar a lista de bonecos assassinos no cinema (nunca mais você vai olhar para um ventríloquo da mesma forma). E caso você tenha oportunidade de assistir a versão do DVD, me diga depois se você prefere – como eu – o final alternativo.

 

“Cuidado com o olhar de Mary Shaw. Ela não tinha filhos, só bonecos.
E se a vir em seus sonhos: nunca, jamais grite.
Se ela o encontrar, lembre-se disto: Só uma coisa pode salvá-lo. 
Silencio. Shhh…”