O Lobisomem

Infelizmente, ao contrário do nosso querido Wendel Wonka, não conferi a primeira adaptação de Lobisomem para as telonas. Acredito que independente de ter visto ou não o filme original, a minha reação com o remake dirigido por Joe Johnston seria a mesma. Pela primeira vez em muito tempo temos um filme bom que foge do universo dos vampiros. O Lobisomem sempre foi um mito ignorado pelo cinema e que esbarrava frequentemente no charme dos chupadores de pescoço. Talvez os produtores tivessem razão, pois a bem da verdade, O Lobisomem não é nenhuma obra prima.
Joe Johnston vai ficar famoso nos próximos anos por ser o responsável pela adaptação de Capitão América, mas O Lobisomem mostra que o diretor tem um longo caminho a trilhar se quiser evitar um grande fiasco. Ele abusa da violência de uma forma excessiva e até mesmo desnecessária. Longe de querer bancar uma mamãe da MAVAV ou algo do tipo, mas algumas cenas são chocantes até mesmo para quem é acostumado a assistir filmes como O Massacre da Serra Elétrica ou Sexta-feira 13. Acaba que Johnston destrói toda a expectativa de se imaginar o lobisomem em ação, ou seja, ele ignora as lições de Steven Spielberg e mostra o monstro logo de cara. Qual a graça disso no fim das contas?
O ponto mais alto do filme está no embate entre Benício del Toro e Anthony Hopkins. Apesar do roteiro não oferecer as melhores falas possíveis, os dois atores mostram talento e desenvoltura para driblar a mesmice e falta de ousadia do script. Hopkins não precisa se empenhar tanto para conseguir chamar a atenção (que foi o caso), mas foi capaz de tornar o (previsível) combate final entre pai e filho menos sem graça. E não é preciso falar que Benicio del Toro praticamente nasceu para viver o atormentado lobisomem. Dificilmente existiria um ator melhor para o papel. Hugo Weaving interpreta o curioso papel do inspetor Frederick Abberline, que ficou conhecido no rosto de Johnny Depp no excelente Do Inferno. Weaving é até um ator interessante, mas infelizmente não foi muito feliz na construção do personagem. Até percebemos algumas tentativas de demonstrar as características perspicazes da personagem, porém fica muito dificil imaginar um personagem diferente daquele que Johnny Depp deu vida e levou aos seus limites na adaptação da clássica HQ de Alan Moore,além de perseguir e eliminar o terrível Jack, o Estripador. Já Emily Blunt é apenas a cunhada gostosa que tem como única missão ser a catalisadora do desenvolvimento da história. E nem isso ela faz muito bem, sinceramente.
O Lobisomem é uma boa diversão e que se o roteiro não oferece grandes inovações no assunto clássico de brigas entre pais e filhos, pelo menos nos faz pular da cadeira com vários sustos e nos deleitar com uma fotografia tão bela. Se não viu ainda e quer desesperadamente fugir dos Crepusculos da vida, essa é uma ótima oportunidade para mergulhar no passado. Mas não se esqueça de evitar a lua cheia…
Ficha Técnica:
O Lobisomem (The Wolfman, 2010)
Dirigido: Joe Johnston
Roteiro: David Self , Andrew Kevin Walker
Genêro: Terror
Elenco: Benicio del Toro
Trailer