Piranha 3D

A resenha anterior sobre o filme foi inevitável. E devo dizer que não foi de sacanagem, afinal ele realmente me causou muitos momentos de riso. Difícil querer imaginar qual deveria ser a intenção dos produtores quando resolveram colocar a mão na massa e recriar aquele que já havia sido considerado como o pior filme de todos os tempos. Desconsiderando o motivo óbvio de faturar com uma história “pronta” e remodelada para o 3D, o que mais Alexandre Aja esperava?

Mulheres gostosas? Ok. Efeitos especiais bizonhos? Ok. Atuações patéticas? Ok. Jovem nerd bancando o herói? Ok. Mãe durona? Ok. Cientista maluco? Ok. Final imbecil? Duplo Ok. Analisando assim, Aja deve estar feliz por ter colocado no mundo algo tão ridículo quanto o longa-metragem original. E ainda conservou a coerência de manter um roteiro sem o mínimo sentido ou verossimilhança. Mas pelo menos, graças a Deus, ele cortou o clichê máximo dos filmes do gênero e não somos presenteados com nenhum coito interrompido, se é que me entendem. Aliás, fora as duas dúzias de peitos siliconados que pulam pela tela, não existe nenhuma sequência sexual e isso é algo a ser dito. Será que Aja queria fazer mesmo um clássico moderno de humor negro?

O título do filme, como não poderia deixar de mencionar, é sim ambíguo. Você pensa no verão e naquela quantidade de garotas que ficam seminuas provocando todos os homens, que só podem ficar assistindo ao National Geographic. E quando elas se cansam de ser o programa principal da televisão desses homens sedentos, elas partem em busca dos machos alfas. E cada noite resolvem brincar com um. E tudo isso numa festa próxima de um lago. Chega um certo ponto que quando alguém grita: “Ei, cuidado! Temos piranhas assassinas dentro da água”, um sofredor vai logo responder: “Eu sei, essa piranha arrancou meu coração ontem”. A coisa é mais ou menos assim e você já começa a ver o filme com sérias dúvidas sobre o tipo de piranha em questão…

Mas logo depois de uma introdução com os efeitos especiais de última geração (que fariam inveja ao James Cameron ou Steven Spielberg), você já leva o primeiro choque. Como diabos alguém teve coragem de levar adiante um filme desses? Nada contra os efeitos gráficos que deram origem às funkeiras carnívoras do lago, eles ficaram até interessantes, mas a primeira morte foi algo tão trash que tive vergonha de perder meu tempo assistindo ao remake do PIOR filme que já vi na vida. Quem sabe em 3D o resultado possa ter parecido menos ridiculo? Eu só sei que passarei longe de qualquer oportunidade de conferir esse filme novamente e já deixo claro que vou fugir da sequência. Crossover de Piranhas com o Godzilla não dá, meu! Nem mesmo as homenagens (já tradicionais) ao clássico Tubarão, merecem citação. Em momento algum o espectador se sente ansioso pela proximidade de um novo ataque das piranhas assassinas.

Piranha conta com um elenco até interessante: Ving Rhames (esse cara é o São Jorge do cinema. topa tudo),  Elisabeth Shue (tempos que não aparecia tão bonita) e ainda tem participações especiais do ator Christopher Lloyd (famoso pela trilogia De Volta Para o Futuro) que interpreta um professor meio biruta; e do ator/diretor/roteirista Eli Roth. Mas nada vence as últimas falas do personagem interpretado por Jerry O`Connell e a cena seguinte. Foi a comprovação de que Piranha quer mesmo é superar tudo que o original tinha de ruim. E não digo isso de uma forma positiva. A única coisa em que esse filme se destaca é na escolha da modelo Kelly Brook para o papel da atriz pornô (sem eufemismos, por favor) que interage (de novo, sem pensar besteira) com os outros personagens. Brook e sua parceira de cena (a qual não lembro o nome, mas que devo reconhecer pela capa de alguma Playboy) protagonizam a longa sequência de dança aquática que resume a produção de Alexandre Aja: Poesia sobre o mar, o sexo e sangue. Epic fail.

ps: a análise do filme foi feita durante uma projeção em 2D. E fui ver sozinho, novamente por medo da ambiguidade da coisa.