Filme: 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi

13 Horas

SEREI SINCERO AO DIZER QUE MEU PROBLEMA COM MICHAEL BAY SÓ INCOMODA quando se trata de Transformers ou de algum longa-metragem ruim. Por exemplo, gostei bastante de Sem Dor, Sem Ganho (2013) e isso se repete com 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi (13 Hours: The Secret Soldiers of Benghazi, 2016).

Como o meu amigo Alex Gonçalves, do Cine Resenhas, levantou recentemente, existem certos preconceitos com a “etiqueta” do produto. Muitas vezes acontecem julgamentos pela assinatura das obras, o que acaba prejudicando o olhar crítico para o produto real oferecido. M. Night Shyamalan e Michael Bay são alguns dos diretores que mais sofrem com isso – ainda que tenham feito por onde. Quando a gente se permite assistir a uma obra sem se deixar contaminar negativamente pelo passado dos seus realizadores, talvez aconteça algo inesperado, como realmente gostar dela.

13 Horas inclui todos os detalhes autorais de Bay: dos cortes frenéticos nas cenas de ação, ao excesso de patriotismo e longa duração do filme. Isso pode incomodar, claro, mas ao ponto de desmerecer a obra? Não mesmo. 13 Horas é recheado de cenas de ação muito bem dirigidas e com efeitos especiais realistas que nos fazem quase entrar dentro da história. Ainda assim, Bay faz um mal-sucedido flerte com o chamado Point of View, quando usa tomadas a partir da mira das armas dos soldados sem que isso tenha qualquer função narrativa ou mesmo visual, já que acontecem poucas vezes e tudo rápido demais para apreciarmos (ou entendermos).

Baseado numa história real, 13 Horas apresenta um grupo de soldados secretos que está na Líbia durante um ataque terrorista contra a vida de um embaixador norte-americano em pleno aniversário dos ataques de 11 de setembro. Esse grupo de seis homens corajosos consegue resgatar parte da equipe do embaixador e depois proteger as dependências da sua instalação (até então desconhecida pelos terroristas) de mais de 30 guerrilheiros fortemente armados.

O sempre excelente John Krasinski estrela a produção ao lado de James Badge Dale (provavelmente em sua melhor contribuição para o cinema). O roteiro explora bem as vidas pessoais de ambos e nos faz lembrar de Sniper Americano, de Clint Eastwood; e Guerra ao Terror, de Kathryn Bigelow. Todas as obras apresentam personagens que se tornam verdadeiros dependentes da adrenalina da guerra e se tornam incapazes de viver normalmente ao lado de seus familiares. Há uma cena um tanto piegas na qual todos os soldados aparecem conversando com as suas respectivas famílias. A intenção é criar maior empatia com os espectadores e nos fazer temer pela vida daquelas pessoas no meio de um território hostil.

13 Horas é recomendado para o público apaixonado por boas tramas de ação/guerra e histórias inspiradas em heróis da vida real. Independente da moral envolvida quando se fala em “heroísmo” se tratando de guerra, o ponto de vista apresentado por Michael Bay não deixa a menor sombra de dúvidas sobre a sua opinião à respeito dos soldados. Ao contrário do que acontece em Sniper Americano, por exemplo. Eastwood nunca aponta o protagonista vivido por Bradley Cooper como um herói, mas sim como uma grande vítima que pagou o preço de dedicar tanto para um governo cujos interesses maiores estão bem longe de garantir a segurança de seus soldados/escravos. Até existe uma crítica forte contra esse comportamento da CIA em 13 Horas, mas o grande foco está nas ações dos protagonistas e como eles evitaram a morte de cidadões norte-americanos.