Filme: O Expresso do Amanhã

Nada melhor do que um trem dividido em classes de passageiros para discutir classes sociais.

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O Expresso do Amanhã é um ótimo exemplo de filme que usa conceitos simples de ficção científica para montar um cenário apocalíptico distópico para suportar boas cenas de ação. Uma pena que o filme lançado em 2013 esteja chegando só agora aos cinemas brasileiros.

Baseado na história dos quadrinhos O Perfura Neve, a história se passa no interior de um trem desenvolvido para dar uma volta completa na Terra no período exato de em um ano. Após desastres ecológicos aparentemente terem colocado o planeta numa nova Era Glacial assolando a vida em praticamente toda a sua superfície, o trem que é praticamente autônomo continua a sua jornada carregando os últimos sobreviventes.

O diretor foi muito competente ao contextualizar todo este universo nos primeiros minutos de filme e a partir daí, só resta ao espectador acomodar-se na poltrona e aproveitar as surpresas que virão a cada vagão que é conquistado durante a revolta.

O filme conta com um tripé de boas atuações, começando com o protagonista Curtis, vivido por Chris Evans que está desesperadamente tentando se desvencilhar da imagem de Capitão América antes que ele fique estigmatizado. E ele não decepciona ao viver o arquétipo do herói que constantemente nega sua condição de líder e sempre reluta em aceitar o chamado a ação. Como seu coadjuvante temos Jamie Bell vivendo o papel de Edgar. O ator depois do estrondoso sucesso de Billy Eliot, depois de adulto ainda está colecionando atuações como coadjuvante a procura de seu grande momento como protagonista, o que ainda não aconteceu. E por fim Tilda Swinton que mais uma vez nos surpreende com a estranha personagem de Mason, uma espécie de porta-voz de Wilford, o manda-chuva do último bastião da humanidade na Terra.

Expresso do Amanhã - 02

O filme conta ainda com as presenças carismáticas de John Hurt e Ed Harris nos respectivos papéis de mestre e vilão para Curtis.

Destaque ainda para fotografia bem realizada, contrastando o branco brilhante do mundo exterior com o escuro opaco dos últimos vagões e com as cores vibrantes da por assim dizer primeira classe.

Trailer

Texto inicialmente publicado no Art Perceptions.