Crítica: O Monstro do Pântano (1982)

Poster Monstro do PantanoAPOSTO QUE MUITA GENTE DESCONHECE O FATO DE QUE O DIRETOR WES CRAVEN já comandou uma adaptação de HQ’s para os cinemas. Isso aconteceu em 1982, quando executivos de Hollywood decidiram que O Monstro do Pântano (Swamp Thing) poderia render alguma coisa e convidaram o responsável por Aniversário Macabro e Quadrilha dos Sádicos para encarar esse grande desafio.

O resultado pode ser considerado um guilty pleasure, já que mesmo não se tratando de um bom filme, está longe de ser uma porcaria esquecível. Temos o básico que se espera desse tipo de produção: a introdução para os espectadores conhecerem os personagens e descobrirem quem é o inimigo; a transformação da vítima em herói; a defesa da donzela em perigo; confronto com o vilão; e todos vivem felizes para sempre. Está tudo aí, com o adicional que a direção é um cara especializado em colocar sacanagem e suspense em tudo que faz.

O Monstro do Pântano conta a história desse cientista que é vítima de um atentado e acaba ganhando super poderes depois de ser contaminado por sua fórmula e deixado para morrer. No entanto, ele retorna como um monstro de dois metros de altura, super força e uma vontade tremenda de salvar o seu interesse amoroso (independente de ter conhecido sua parceira Alice poucas horas antes do acidente) das garras dos vilões.

A chatice da personagem principal tem função narrativa, por incrível que pareça. Através das suas inúmeras perguntas imbecis, ela antecipa as perguntas do próprio público, sedento por informações e diálogos expositivos para não precisarem pensar demais em um filme com um herói com roupa de borracha.

O Monstro do Pântano coloca em cena alguns clichês que seriam utilizados em outras produções que se passam em florestas, como é o caso de Pânico no Lago, de 1999. Em ambos filmes temos mulheres que vão parar num lugar indesejado e deixam claro para todos os presentes que estão infelizes e desconfortáveis.

Com tantas diferenças em relação ao passado de Craven no cinema, seria um pecado se não houvesse pelo menos um momento ou outro que lembrassem os tempos das produções cheias de violência gráfica e nudez. As mortes até estão presentes em grande volume, mas não lembram em nada o que Craven já fez. Muitas vezes o monstro apenas arremessa os inimigos para bem longe e pronto. Felizmente, numa cena já na etapa final do longa-metragem, Craven filma uma sequência comemorativa bem esquisita e cheia de nudez, música ruim e uma dançarina exótica fazendo uns passos estranhos. Não adianta: sem peitinhos de fora, não é Wes Craven.

Se você me perguntar se eu recomendaria O Monstro do Pântano para alguém, a resposta seria “não”. Mas se a pergunta fosse: “Que filme de herói tosco você me recomenda?”, bem… Quem sabe? Me diverti com a coragem de Craven em se aventurar numa produção maior para provar sua capacidade de lidar com projetos mais complexos e até acho que existem bons momentos ao longo da trama, mas sinceramente… Acho que O Monstro do Pântano nunca terá uma segunda oportunidade comigo.