Segundo trailer de Perdido em Marte

Filme: Perdido em Marte

Matt Damon portrays an astronaut who faces seemingly insurmountable odds as he tries to find a way to subsist on a hostile planet.

JÁ QUE PEGUEI UMA SEMANA INTEIRA SÓ PARA FALAR DOS CANDIDATOS AO OSCAR 2016 DE MELHOR FILME, nada melhor que aproveitar a ocasião para continuar o especial com a filmografia de Ridley Scott e que quebra escrever sobre um dos meus filmes prediletos lançados no ano passado nos cinemas: a divertida adaptação da obra de Andy Weir em Perdido em Marte (The Martian).

A principal coisa a se dizer sobre o longa-metragem é a sua sensacional narrativa. Scott consegue envolver o espectador de um jeito que a gente nem percebe que está com fome, com vontade de ir ao banheiro ou que a casa está pegando fogo. Nós simplesmente estamos atentos e ansiosos demais para que Mark (Matt Damon) consiga sobreviver e escapar do planeta vermelho com vida. Como o cineasta consegue isso? Com um trabalho de montagem básico que privilegia a inspirada atuação do protagonista, que é o principal responsável pela vida de Perdido em Marte. Mesmo com uma edição tão eficiente, tudo fracassaria se não houvesse um ator tão carismático em cena.

Se em Interestelar, de Christopher Nolan, ele banca um sujeito completamente afetado pela solidão de viver sozinho, aqui ele vence quaisquer suspeitas de semelhanças com a produção de 2014 que também tem Jessica Chastain no elenco para mostrar um verdadeiro herói. Um homem disposto a superar as adversidades para encontrar maneiras de sobreviver e voltar para a casa. Nesse ponto, Perdido em Marte já flerta mais com Gravidade, de Alfonso Cuaron. Mesmo desprovido da poesia e das metáforas do grande vencedor do Oscar 2014, o filme de Ridley Scott acaba apostando num estilo mais despojado de se fazer sci-fi e aí não deixa espaço para outras obras com a mesma temática. Perdido em Marte não chega a ser uma comédia, mas fica bem perto de ultrapassar as barreiras de ser um drama sci-fi muito engraçado. No entanto, o humor se faz necessário justamente pela situação vivida pelo personagem, que se apega a qualquer coisa (como o péssimo gosto musical da capitã da missão) para se manter vivo. A ironia e o sarcasmo fazem parte de Mark, o que não os torna como elementos próprios para mudar o gênero da obra.

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(Curiosamente, Perdido em Marte teve uma imensa e bem sucedida campanha de marketing. Os vídeos de divulgação davam a entender que seria um sci-fi pesado do mesmo nível de Solaris e/ou Lunar, com um único personagem o tempo inteiro. Surpreendentemente, o que temos em cena é exatamente o oposto em todos os sentidos: os personagens que estão na base da NASA são usados com frequência, criando interações com Mark; e existe muitas piadas ao longo da narrativa. Em tempos que trailers estragam as surpresas, os responsáveis pelo MKT de Perdido em Marte fizeram exatamente o contrário)

Falando em trilha sonora marcante (fizemos um post 100% dedicado para as músicas do filme), Perdido em Marte também fica marcado por ser uma das últimas grandes produções do cinema norte-americano a fazer uma homenagem ao genial David Bowie, que faleceu no começo do mês. A faixa “Starman” toca quase inteira em uma das cenas chave da história.

De volta para o mundo do sci-fi em grande estilo depois de dividir opiniões em Prometheus, Ridley Scott apresenta um de seus melhores trabalhos da carreira, certamente o mais divertido, e mostra que ainda é um gênio quando se fala em ficção-científica. Perdido em Marte é um verdadeiro parque espacial de diversões cinéfilo em que duas horas e meia passam num piscar de olhos e nos deixam com a sensação de que foi pouco.