Crítica: O Massacre da Serra Elétrica (2003)

ERIN (JESSICA BIEL) CORRE DE UM PSICOPATA ARMADO COM UMA SERRA-ELÉTRICA. Ela está vestindo uma camisa branca e um jeans, ambos bem justos para realçar os atributos físicos da atriz. Para muitas pessoas, a descrição acima evidencia o quanto um filme de terror como O Massacre da Serra Elétrica, de Marcus Nispel, é sexista e o quanto se pode considerar duvidoso o trabalho de Biel. Acreditem se quiser, mas apesar de ter este filme no currículo, Biel se mostrou uma atriz de mão cheia em Bons Costumes e Powder Blue (último trabalho de Patrick Swayze antes de falecer).

Massacre da Serra Elétrica conta a história de um grupo de jovens adultos (Diablo Cody feelings) que, depois de desobedecerem aos conselhos dos pais quanto a oferecer caronas para pessoas estranhas, passam a viver um verdadeiro inferno nas mãos da família Hewitt, especialmente quando passam a serem perseguidos pelo bizarro Leatherface, um sujeito gigante que costuma atacar suas vítimas com uma serra-elétrica infalível.

O remake do filme de 1974 foi produzido por Michael Bay, um diretor famoso por ser desprovido de emoções e achar que pode ganhar o mundo com explosões e cortes rápidos capazes de proibir um epiléptico de ser capaz de conseguir assistir a um de seus filmes sem ficar apreensivo. O restante do elenco é formado por atores desconhecidos, onde apenas o veterano R. Lee Ermey (Nascido Para Matar) merece destaque. Seu personagem, o sádico xerife Hoyt, é o que existe de melhor (além da barriga de Biel) no longa-metragem. Com um senso de humor de fazer inveja aos caipiras mais sacanas que já se teve notícia, Hoyt pode ser considerado facilmente como o verdadeiro vilão de O Massacre da Serra Elétrica.

Reparem na cena em que o velho Monty (Terrence Evans) apalpa a bunda de Erin, pouco antes de Leatherface fazer a sua primeira vítima de uma forma violenta e covarde. Aliás, o corpo escultural de Biel é aproveitado até mesmo das formas mais discretas, como por exemplo a sequência em que ela abandona a casa dos Hoyt e caminha próxima da câmera parada. O mesmo recurso é utilizado diversas vezes, algumas delas pouco discretos, convenhamos. Outras sequências que merecem destaque envolvem a apresentação do xerife Hoyt e a da primeira vez que Leatherface ergue a sua serra-elétrica.

Chama a atenção a intenção dos produtores em recriar a investigação policial para os crimes, que supostamente teriam mesmo acontecido no Texas. Bem no estilo found footage, que na época (2003) ainda não havia virado esta febre dos dias de hoje, a câmera apresenta dois investigadores descobrindo o segredo guardado no molhado porão do casebre onde vivia Thomas Hewitt e sua família. Me recordo bem que a tal sequência havia me chamado tanto (ou mais) a atenção quanto a performance de Jessica Biel, de tão chocante. Mas felizmente eu amadureci e hoje só consigo ver uma coisa boa no filme inteiro. E não, certamente não se trata desta sequência.

[Texto produzido em 2012]