Plano de Fuga


MEL GIBSON CONTINUA CHARMOSO, embora sua moral ainda esteja abalada nos Estados Unidos após a série de confusões pessoais que revelaram um lado negativo do ator. Apesar de todo mundo do Cinema de Buteco adorar uma confusão ou casos dignos das fofocas do site Te Dou Um Dado, estamos cagando e andando para as loucuras etílicas ou comentários antisemitas do ator. Se o comportamento fora das telas for pré-requisito para assistir um filme estrelado por X ator, fodeu. Vamos ter que ficar apenas nos filmes da Sandy (leia-se Acquaria) ou sei lá, da Julia Roberts?

Como estou sabendo que a maioria das pessoas que acessa o Cinema de Buteco tem culpa no cartório de alguma maneira (compartilhem aí, espaço aberto para essas discussões), não preciso esquentar a cabeça sendo cuidadoso ao falar do novo longa-metragem do galã. Plano de Fuga é dirigido por Adrian Grunberg e é a sua estreia como diretor. Ele já havia trabalhado como diretor de segunda unidade de O Fim da Escuridão, também estrelado por Gibson. A trama gira em torno de um criminoso esperto que vai parar numa prisão e precisa dar um jeito de escapar e recuperar o seu dinheiro, que acabou sendo surrupiado pela polícia mexicana.

O personagem de Gibson não é lá muito original. O roteiro, escrito pelo próprio ator, deve ter se aproveitado do passado do ator e buscou referência em Porter, de O Troco, lançado em 1999. Foi o primeiro vilão da carreira de Gibson. Mas as referências não acabam aí. Além do senso de humor presente em O Troco e com uma pequena lembrança da franquia Máquina Mortífera, Plano de Fuga também pode ser descrito como a mistura da terceira temporada da série Prison Break com uma versão “sem aliens” de Distrito 9. Ou seja, a obra tem tudo para conseguir divertir o espectador.

Gibson não se preocupa em ser politicamente correto como os outros galãs de Hollywood, sempre tão preocupados com a maneira que seus projetos podem interferir na sua imagem pública. Claro que ultimamente, a imagem de Gibson anda desgastada demais para ele realmente se importar com o circo de hipocrisia do showbusiness, o que não o impede de oferecer um cigarro para uma criança em uma das cenas mais divertidas de Plano de Fuga. Claro que o roteiro tenta se eximir da culpa explicando aquilo depois que a trama avança um pouco, mas não deixa de ser chocante.

Peter Stormare, o John Abruzzi de Prison Break, faz uma pequena participação especial na produção, que se apoia quase que inteiramente no charme, carisma e talento de Gibson. Impressionante como o ator ainda tem aquele mesmo sorriso que durante tanto tempo fez a minha avó, tia e até namorada suspirarem. Plano de Fuga é extremamente divertido, independente do personagem de Gibson sempre parecer um passo na frente de todos que aparecem por seu caminho e essa inteligência tirar toda a chance do filme parecer verossímil. A trama pode até soar bobinha, mas até mesmo os mínimos detalhes se encaixam. E o timing cômico está perfeito, com várias piadinhas ultra divertidas e que arrancarão boas risadas.


Nota: