Resident Evil: Retribuição

RESIDENT EVIL: RETRIBUIÇÃO É UM FILME RUIM. Antes de sentar para colocar os pensamentos no lugar e decidir o que exatamente iria querer dizer com esse texto, fiquei rindo e tentando pensar em comparações bestas para exemplificar com exatidão o quanto me decepcionei com o quinto filme da franquia. Uma das piores coisas que pensei foi em tomar duas garrafas long neck de cerveja preta quente. E mesmo assim, acho que faria isso com um sorriso no rosto se fosse para esquecer tudo que vi no cinema essa noite.

Como bom filho que sou, levei a minha mãe para me acompanhar. Ela queria ver o filme, resolvi fazer uma média, comprar uma pipoquinha, essas coisas. O pior é que ela gostou (e infelizmente, não estou me referindo à pipoca). Ela ficou tão imersa na história que chegou até mesmo a pular de susto durante duas oportunidades. Seria o elogiado efeito do 3D de Paul W.S. Anderson? Não sei, mas o fato é que achei engraçado. Havia uma outra pessoa na sala, não me pergunte como eu fico sabendo dessas coisas, simplesmente acontece de ouvir as pessoas estranhas, enfim, que estava assistindo ao filme pela segunda ou terceira vez. Era um garoto magrelo e eu só pude pensar que ele tinha um tesão incondicional pela Milla Jovovich (tipo eu, sabe?). Porque não é possível que alguém tenha coragem de pagar para ver aquilo mais de uma vez. Mesmo gostando do filme, minha mãe disse que se eu tivesse feito ela pagar pelo ingresso teria me dado porrada.

O quinto filme tem seus momentos, claro. A introdução é contada no melhor estilo Amnésia, de Christopher Nolan, com a diferença que estamos falando de um diretor imbecil e do uso de uma tecnologia 3D. É surpreendente o resultado alcançado pelo sujeito: ele faz uma bosta de filme, mas consegue criar um efeito interessante – ainda que não seja indispensável para o desenrolar da trama. Curioso é que a introdução só funciona se for contada de trás para frente, pois quando assistimos às cenas no tempo normal é de uma frustração sem limites. Fica ainda mais frustrante quando, após um resumo de tudo que aconteceu até então na série, tipo o Superman II, saca?, somos levados a acreditar que a Alice (Jovovich) é casada com um sósia do Borat (Sacha Baron Cohen) e está lidando com uma séria ameaça zumbi na sua cidade. Digo sem exageros: fora a Milla Jovovich pelada ou a roupa colante da “vilã” Jill (Sienna Guillory) ou o estilo “vestida para matar” de Ada Wong (Bingbing Li), a sequência dos zumbis na casa é a melhor.

O roteiro ainda brinca com nossa paciência ao nos convidar (sem direito a recusar) para participar da tortura sonora a que Alice é submetida. O barulho ensurdecedor dos alarmes é mais chato que vendedor de pamonha na pracinha do bairro. Eu até consegui ignorar o fato da Alice bancar o Batman e aparecer nos lugares certos na hora exata, como na cena em que salva Leon Kennedy (Johann Urb) de uma encrenca, mas me cansei quando a relação de Alice com a menina clone ganhou muita atenção. Como é que W.S. Anderson teve a ousadia (cara de pau) de querer tentar replicar (oh, o trocadilho) a Ripley (Sigourney Weaver), da franquia Alien? Ele chega ao cúmulo de filmar uma cena em que a garota está presa dentro de um casulo. Tá achando que é brincadeira? As “homenagens” do diretor continuaram até o plano final, quando parece que estamos prestes a rever Uma Noite Alucinante 3.

Sou um fã da série de games Resident Evil, mas sinto dizer que provavelmente terei que fazer um esforço descomunal para me arriscar a escrever sobre qualquer outro filme da franquia. O senhor marido da “delícia-magrela-branquela-linda-do-meu-coração” pisou na bola com salto alto e estragou de vez uma promissora adaptação de games. As duas caipirinhas dadas para o longa-metragem refletem apenas na minha grosseria em ter gostado apenas da roupa colante de Guillory. Que decote, viu…

Nota:[duas]

Para quem gosta da mistura de cinema com games, vale a recomendação do Podcast Cinema em Cena que abordou o tema.