Skyline – A Invasão

Durante uma noite, várias luzes misteriosas invadem Los Angeles e um grupo de pessoas se vê no meio de uma verdadeira invasão alienígena, onde ninguém está a salvo.” A sinopse é até interessante. Mas a quantidade de clichês e as atuações medonhas da turminha de jovens atores (David Zayas, o sargento Baptista de Dexter, é a única coisa próxima do que se pode chamar de atuação durante o filme inteiro), aliadas ao roteiro com diálogos mais inspirados que peça teatral de escola primária, conseguem nos deixar intrigados com Skyline – A Invasão. Como é que eles conseguiram estragar uma premissa tão interessante?

Talvez seja uma constatação equivocada, mas parece que as invasões alienígenas não causam mais o mesmo impacto (e nem tem o charme) que tinham antigamente. Principalmente quando se tratam de filmes que parecem ter sido feitos por encomenda para lucrarem também nos vídeo-games. Inclusive a preocupação com o roteiro e suas falhas torna-se nula, já que muitos games se preocupam apenas com a diversão do jogador e na maior quantidade de vilões para se matar. Nos dias de hoje, mais do que nunca, o tema poderia ser explorado com mais criatividade e suspense, sem deixar de lado a ação. Um exemplo de filme que tentou mostrar uma faceta diferente dos extra-terrestres foi o terrível Contatos de 4ºGrau, onde invasões alienígenas foram misturadas com questões mais religiosas. Essa preocupação em oferecer material novo para reflexão inexiste em Skyline – A Invasão, onde a única intenção é acertar o público adolescente fissurado em games. E pelo menos nisso, eles conseguiram acertar.

O trailer (aliás, esse trailer é bem do tipo propaganda enganosa. vende-se um filme muito interessante e que está aquém do esperado. por conta desse tipo de “ilusão” que tento me abstrair dos trailers) do filme deixava a expectativa de que Skyline poderia ser o Distrito 9 de 2010, mas basta conferir os primeiros trinta minutos de filme para dizer que isso seria um completo absurdo. Enquanto Distrito 9 fazia uma crítica feroz às segregações de minorias com diversas sequências de ação, Skyline – A Invasão não parece conter nenhuma moral implícita. Se a pessoa for muito generosa, pode considerar que o filme tem a intenção de criticar os hábitos destrutivos dos humanos e que os aliens invadiram o planeta para fazer uma verdadeira limpeza, acabar com a nossa constante violência contra os bens naturais. Mas tudo isso fica escondido em meio ao roteiro fraco, atuações inexpressivas e efeitos especiais que não chegam a impressionar em nenhum momento. Luzes brilhantes? Já assistimos Contatos Imediatos de Terceiro Grau. Aliens que mais se parecem com robôs? Guerra dos Mundos diz alguma coisa? Skyline – A Invasão deixa muito a desejar quando se trata de criatividade e inovação, mesmo sendo um filme blockbuster voltado para a diversão e consumo de pipoca por jovens fãs de Playstation 3 e X-Box 360.

Além das referencias citadas acima, pode-se dizer (a grosso modo) que Skyline é uma mistura de Cloverfield (será que alguém é capaz de me explicar aquela criatura que assombra os personagens de Skyline? Uma mistura de King Kong com o monstro bizarro do Cloverfield?) com o já citado Guerra dos Mundos e Independence Day. Seriam boas referências, mas acabam sendo perdidas e usadas de qualquer jeito. A luta dos aviões do exército contra as naves dos Extra-terrestres não empolga em momento algum. Pode-se até torcer para o stealth sobrevivente em determinado momento, mas são questões de segundos. Onde está a graça? A direção duvidosa dos irmãos Colin e Greg Strause (que fizeram Aliens x Predador 2 e são mais conhecidos (e competentes) por serem os profissionais responsáveis pelos efeitos especiais de filmes como Avatar e 2012) e o roteiro descuidado de Joshua Cordes e Liam O`Donnell, parece ignorar que o cinema de ficção-científica não deve ter apenas efeitos especiais como atrativos. Se a história não convencer, poucas serão as pessoas capazes de gostar do filme. Talvez nem mesmo os adolescentes viciados em detonar ets nos games.

Skyline – A Invasão vai fazer a alegria do público adolescente, fã de games e que está apenas descobrindo o que é a ficção científica nos cinemas. Mas para os adeptos mais antigos do estilo, será apenas mais um filme que tentou modular o que de melhor existe se tratando de invasões dos nossos admirados extra-terrestres e conseguiu falhar miseravelmente. Por conta disso, o Cinema de Buteco distribui 2 caipirinhas…