Crítica: Todos os Homens do Presidente (1976)

Todos os Homens do Presidente40 ANOS SE PASSARAM DESDE QUE TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE (All The President Men) foi lançado. É curioso fazer um paralelo com Spotlight – Segredos Revelados, longa-metragem que sagrou-se o grande vencedor da edição 2016 do Oscar. Enquanto o filme de Alan J. Pakula venceu apenas em categorias técnicas e levou o prêmio de ator coadjuvante (Jason Robards).

As duas histórias são inspiradas em fatos e mostram a importância do jornalismo como ferramenta para se combater a corrupção e crimes. Spotlight denunciou casos de pedofilia envolvendo a igreja ao redor do mundo e Todos os Homens do Presidente conta a história de um dos maiores escândalos da política norte-americana. O caso Watergate que resultou na renúncia do então Presidente Richard Nixon.

Não é necessário mergulhar nas questões políticas envolvendo o caso e as diversas vezes em que o cinema retratou Nixon (mais recentemente tivemos o elogiado Elvis & Nixon, uma ficção que imagina um encontro entre essas duas figuras essenciais da cultura dos EUA). Todos os Homens do Presidente é sobre a jornada de dois jornalistas defendendo os seus ideais éticos para levar notícias para os leitores. Isso envolve manias típicas da profissão, como os bloquinhos de notas (reparem como eles são quase que personagens da história) e a curiosidade em fazer mil perguntas para chegar numa resposta.

Todos os Homens do Presidente envolve o seu espectador facilmente através da química e carisma de seus personagens, além de instigar a nossa curiosidade ao torcer para que eles consigam logo descobrirem a verdade e lançar a matéria. Tanto Robert Redford e Dustin Hoffman (super jovem) representam com exatidão a realidade de quem é apaixonado pela profissão. Independente de você ser jornalista ou não, a paixão e dedicação dos dois protagonistas é inspiradora. Para quem está na área é uma delícia se identificar com a expectativa de ter seu texto aprovado pelo editor ou da frustração de ter que ouvir um não porque a matéria ainda não está boa o suficiente. No entanto, nada disso aconteceria se a direção não fosse primorosa e não pecasse pelos excessos. Pakula se concentra em contar uma boa história sem precisar inventar demais.

Podemos dizer que Spotlight foi a redenção tardia de todo o serviço prestado por Pakula, Redford e Hoffman em 1976. A estrutura da produção mais recente é muito parecida com a desse clássico, mas agora numa versão mais atualizada para transmitir a mensagem com eficácia para um novo público e, quem sabe, inspirar tantos jovens a seguirem carreira no jornalismo.

O Cinema de Buteco não marcou bobeira e reconheceu Todos os Homens do Presidente como uma das obras indispensáveis da história do cinema e um dos principais títulos lançados na temporada 1976.