Três dicas para a 36ª Mostra Internacional de Cinema

Texto de autoria de Marco Silva, 27, há 15 guiados por filmes, há cinco ralando para aprender a fazer filmes… E há 14 sentado num boteco.

A 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo está chegando (no próximo dia 19) e de cada 10 conversas que tenho, 11 são sobre ela. E em 15 delas são amigos pedindo dicas de filmes. O que é bem difícil, pois também não assisti a grande maioria deles e gosto de ir no escuro, assistir a um filme que naquele momento pareça ser o certo a fazer da minha vida, seja pelo título, pelo diretor, pela sinopse ou pela proximidade mesmo. Porém, essa desculpinha nunca funciona e sempre acabo dando algumas dicas de filmes e vamos a elas:

Para começar vamos pela linha daquele que deve ser um dos filmes nacionais, que provavelmente será um dos mais procurados durante a Mostra: Colegas, de Marcelo Galvão. O filme chega credenciado pelos prêmios que recebeu no Festival de Gramado desse ano. Além disso, o diretor Marcelo Galvão tem um histórico com a Mostra. Seu filme de estreia QuartaB recebeu o Prêmio do Público de Melhor Filme Brasileiro na 29ª Mostra. Para mim, o grande atrativo do filme são os protagonistas que tem síndrome de down. A produção conta a jornada pela realização dos seus sonhos. Stalone quer ver o mar, Marcio quer voar, e Aninha quer se casar. É um roadie movie, e quem gostou de Pequena Miss Sunshine tem tudo para gostar e se emocionar com Colegas.

O próximo filme é uma continuação do brilhante, violento e lindo Ultraje, que passou com grande sucesso, tendo todas as sessões lotadas na 34ª edição da Mostra. Outrage: Beyond é a volta ao mundo da máfia japonesa e o resultado das transformações de algumas famílias da Yakuza, tendo como plano de fundo algumas críticas à sociedade japonesa, além de mostrar algumas rixas entre famílias que pareciam estar esquecidas para ambos os lados. Se você gostar da estética oriental este filme é um prato cheio. O diretor Takeshi Kitano, junto com o seu xará Takashi Miike (esse sendo um pouco mais amoral), talvez sejam os maiores gênios dessa estética de jorrar sangue na tela, tendo uma grande história sendo mascarada no vermelho que eles pintam com incrível maestria na tela para mostrar que a violência é sim, uma arte.

E para terminar o brilhante, o genial, e a dica óbvia, o grande clássico Nosferatu, que completa 90 anos desde seu lançamento. Assim como grandes filmes do expressionismo alemão, apesar da genialidade, é pouco atrativo para quem não está acostumado com filmes mudos e em preto e branco. Porém, assim como a Mostra já havia feito com o maior filme de todos os tempos, Metrópolis, na 34ª Mostra, o longa-metragem será exibido com uma cópia restaurada e com acompanhamento musical ao vivo, criando sensações e uma nova maneira de entender o clássico, além de possibilitar a agradável experiência de conhecer o vampiro Orlok (Max Schreck).

Só um adendo: existem lendas que não deveriam ser desmentidas. Schreck nunca mais deu as caras, assim como a atriz (Greta Schröder) por quem ele fica fascinado, levantando a lenda de que na verdade, ele era um vampiro (ou pensava que era) de verdade, e o diretor F.W. Murnau deu a atriz para ele como pagamento pela sua participação no filme.

Nosferatu será exibido no dia 2 de novembro, no Parque do Ibirapuera. Não perca.

Os ingressos começaram a ser vendidos no último sábado, 13 de outubro, na sede da Mostra, no Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2073). Os preços variam entre R$ 410 (permanente com acesso para todas as sessões) a R$ 175 (20 ingressos).

Confira a programação completa no site oficial.