Christopher Nolan por Marcelo Seabra

Christopher Nolan por Marcelo Seabra

Jornalista e crítico de Cinema do site O Pipoqueiro (e colaborador frequente do Cinema de Buteco) comenta a carreira de um dos cineastas mais adorados dos últimos anos


Christopher Nolan por Marcelo Seabra Amnésia
O cara já começou com o pé direito com uma trama aparentemente simples, mas que guardava uma bela reviravolta, o que seria uma marca em sua carreira. Following, o primeiro filme de Christopher Nolan como diretor, já foi um belíssimo começo de carreira e o gabaritou para fazer aquele que seria o grande cartão de visitas do cineasta: Amnésia, o título nacional para o ótimo Memento. Guy Pearce marcou o Cinema Noir como o desmemoriado que persegue o assassino de sua esposa. E o gênero policial ainda foi premiado com Insônia, um estudo de personagem que mostra o que pode acontecer com um sujeito que é privado de sono. E ajuda muito ter Al Pacino em cena, além dos oscarizados Hillary Swank e Robin Williams, este como um surpreendente psicopata.

O caminho que Nolan vinha seguindo deu uma grande guinada quando ele topou dar nova vida a um herói que vinha sendo maltratado pelo Cinema. Batman ganhou mais um filme de origem, muito bem fundamentado, que acabou transformando Nolan em uma espécie de padrinho dos heróis da DC levados à telona. Entre a primeira e a segunda aventuras do trilogia do Homem-Morcego, o diretor criou O Grande Truque, com o irmão e parceiro constante, o filme definitivo sobre mágica. Colocando frente a frente Christian “Batman” Bale e Hugh “Wolverine” Jackman, além de contar com Michael Caine, Scarlett Johansson e David Bowie, Nolan nos mostrou o que é a verdadeira mágica, mas tudo foi sacrificado na busca por vingança.

Christopher Nolan por Marcelo Seabra Batman
Se “ótimo” já era um adjetivo que acompanhava o diretor, O Cavaleiro das Trevas veio para realizar os sonhos que muita gente nem sabia que tinha. O longa conseguiu apagar da memória de todos o icônico Coringa de Jack Nicholson e dar um Oscar, infelizmente póstumo, a Heath Ledger, algo até então inédito para uma adaptação de herói dos quadrinhos. O tom sombrio usado ditou o que seria regra para todos os heróis que se seguiram, e a expectativa para o fechamento da trilogia só crescia. Mas, antes disso, Nolan invadiu os sonhos de pessoas poderosas para roubar informações. Leonardo DiCaprio liderou um elenco fantástico em A Origem, outra trama muito bem elaborada, marca por viradas repentinas, que ajudou a cimentar a fama de genial de Nolan.

O terceiro longa de Batman, O Cavaleiro das Trevas Ressurge, não atingiu as expectativas de muitos que manifestaram seu descontentamento. Talvez, porque os filmes anteriores tenham subido demais o padrão. Mas não se trata de algo ruim ou de poucas qualidades, é apenas inferior ao anterior, o que já era de se esperar. Agora, tendo abandonado o universo de Bruce Wayne, Nolan partiu para uma viagem pelas estrelas que tem ambição escrito de ponta a ponta. Comparações descabidas já começaram antes mesmo da estréia de Interestelar (2014), e expectativa é algo a que Nolan terá que se acostumar. Para quem foi capaz de fazer o que ele fez, o mínimo que esperamos é brilhantismo.

Especial Christopher Nolan Interstellar