51 Melhores filmes dirigidos por mulheres

40- O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy, Sam Taylor-Wood, 2009)
Os Beatles, juntos ou separados, continuam sendo inspiração, seja para filmes, livros, bandas, documentários, discos etc. O Garoto de Liverpool é mais um filme a explorar essa fonte. A diferença, aqui, é que a proposta da artista plástica e diretora Sam Taylor-Wood é visitar a adolescência de John Lennon e sua relação com as duas mulheres que ajudaram a formar a celebridade que o mundo conheceu: sua mãe e sua tia.

Vale lembrar que a história de O Garoto de Liverpool termina exatamente aonde começa a de um outro longa, o superior Os Cinco Rapazes de Liverpool, e fica a dica para uma sessão dupla. (Marcelo Seabra)

https://www.youtube.com/watch?v=afECN6OwYK4


39- Acorrentados (Chained, Jennifer Lynch, 2012)
É difícil ser filha de um cultuado cineasta como David Lynch e manter seu nome desvinculado do dele, mas Jennifer Lynch tem competência o suficiente para construir uma carreira própria e independente do trabalho do pai.

Acorrentados é um grande exemplo disso e onde acompanhamos a saga de um garoto que foi sequestrado com a mãe por um serial killer, genialmente interpretado por Vincent D’Onofrio.

A tensão está presente em todo o filme e ficamos horrorizados com o sadismo do assassino. E o melhor de toda história, acredite, está no final inesperado e capaz de deixar o espectador boquiaberto. Destaque também para o trabalho de Eamon Farren no papel de Tim. (Graciela Paciência)

https://www.youtube.com/watch?v=TFFKd_ADisY


38- Persépolis (Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, 2007)
Satrapi tinha 10 anos quando a Revolução estourou no Irã. Todas as experiências que vivenciou a marcaram profundamente, em especial a execução de seu tio. Seus pais se preocupavam com seus posicionamentos fortes e a enviaram, com catorze anos, para estudar em Viena. Conheceu pessoas diferentes, questionou sua identidade, ampliou seu gosto pelo punk e teve suas primeiras descobertas amorosas. Voltou para o Irã para fazer faculdade, novamente questionando seu lugar ali depois de tantos anos.

São essas experiências ricas e intensas que moldaram seu amadurecimento e posteriormente foram derramadas nas páginas do quadrinho Persépolis, que foi adaptado por ela para o filme de mesmo nome. Mas o que testemunhamos na animação não é apenas o relato autobiográfico (e por isso citar esses eventos não configuram spoiler): vemos reflexões sobre os acontecimentos políticos de seu país, bem como sobre fé, religião e papéis de gênero. A combinação dos traços marcantes e do uso predominante do preto e branco com a narrativa de qualidade poética cria uma estética apurada com a qual é impossível não se encantar.

A beleza do trabalhou garantiu-lhe o prêmio especial do Juri em Cannes e uma indicação ao Oscar de Melhor animação, tornando Satrapi a primeira mulher a dirigir um indicado na categoria. (Isabel Wittmann)


37- As Patricinhas de Beverly Hills (Clueless, Amy Heckerling, 1995)
Moda, namoros, dieta e shopping. Cher e Dionne aparentemente só ligam pra isso, mas não permita que seu recalque (todo ser humano deve sonhar com o software que mostra como o usuário vai ficar naquele look) fale mais alto do que o seu bom senso. Elas são muito mais do que isso.

Com bom humor e tocando em temas típicos da adolescência, como a busca para se enquadrar em um grupo ou alternativas para recuperar as notas no boletim, o clássico de Amy Heckerling é baseado no livro Emma, de Jane Austen, publicado em 1815. (Graciela Paciência)


36- Rio Congelado (Frozen River, Courtney Hunt 2008)
Este é um filme sobre limites, e não apenas territoriais. Melissa Leo interpreta uma mãe solteira que mora no norte do estado do Nova York e descobre um jeito perigoso de ganhar dinheiro. Ao lado de uma mulher da reserva indígena Mohawk, ela passa a contrabandear pessoas do Canadá para a fronteira americana, lidando com riscos constantes e dramas pessoais. Merecidamente foi indicada ao Oscar, bem como a diretora Courtney Hunt, na categoria de roteiro original. Ao potencializar os limites a que uma mãe vai para proteger e garantir o sustento em casa, Courtney conseguiu desenvolver personagens universais e extrair de Melissa Leo uma performance ao mesmo forte e de muita vulnerabilidade emocional. É um daqueles filmes que ficam com a gente por muito tempo. (Nathália Pandeló)


35- Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right, Lisa Cholodenko, 2010)
Lisa Cholodenko é conhecida por retratar sua realidade: o grande circulo de gente liberal e legalizes que vivem em LA, mas que ao mesmo tempo podem ser hipócritas até a alma.

Nessa produção, a cineasta apresenta a história de dois jovens concebidos através de inseminação artificial que tentam uma aproximação do pai biológico. O grande lance é que os adolescentes são criados num ambiente bem fora do que é tradicional.

Minhas Mães e Meu Pai diverte o público contando uma história séria e com um elenco inspirado, liderado por Julianne Moore, Annette Benning e Mark Ruffalo.(Tullio Dias)


34- Tomboy (Céline Sciamma, 2011) Tomboy conta a história de Laure, uma menina de dez anos que passa a se apresentar como menino ao chegar numa nova vizinhança. O que vemos em tela são as dificuldades de ser aceito na sociedade, mesmo fazendo parte de uma célula familiar carinhosa e acolhedora. Uma verdadeira luta.

Um filme que trata com muita sensibilidade um assunto extremamente delicado, a transexualidade. E os elogios devem ser direcionados principalmente para Céline Sciamma, diretora e roteirista, por ter escolhido uma montagem invisível clássica e com poucas palavras. São as ações do filme quem contam a história. Também são dignos de menção a atuação das crianças. Um sorriso no canto da boca é capaz de resumir o sentimento dos personagens muito melhor do que qualquer narração em off, ou diálogo criado artificialmente no roteiro para explicar o que está acontecendo ao espectador. (Leonardo Lopes Carnelos)


33- Polissia (Maïwenn, 2011)
A polícia de Paris não pode agir em casos que envolvam crianças sem a presença de um departamento específico. Este grupo de pessoas tem que lidar com casos que incluem pedofilia, perda de guarda e despejos de famílias inteiras. Resta a eles o apoio dos próprios colegas, já que mais ninguém consegue conceber a dimensão da dor deste trabalho.

A equipe predominantemente feminina – Maïwenn e Emmanuelle Bercot escreveram e atuaram, sob a direção da primeira – conseguiu colocar no filme a sensibilidade necessária para fazer uma transição fluída entre momentos descontraídos, como o grupo aproveitando uma noite na boate, a cenas densas e de partir o coração, como ter de separar a mãe de um filho, pois eles moram na rua, mas há apenas vaga para uma pessoa no abrigo.

A sensibilidade rendeu bons frutos: um longa lindo, agraciado com o prêmio do júri em Cannes. (Larissa Padron)


32- Alguém Tem Que Ceder (Something’s Gotta Give, Nancy Meyers, 2003) Nancy Meyers é uma cineasta com uma capacidade muito particular de contar boas histórias. Foi assim com o delicioso Do Que as Mulheres Gostam?, com Mel Gibson, e em O Amor Não Tira Férias. Comandando os experientes Jack Nicholson e Diane Keaton, a diretora novamente acerta a mão e presenteia os cinéfilos com mais uma pérola.

Nicholson interpreta um tiozão mulherengo que gosta de garotas com metade da sua idade, mas tudo muda depois que conhece (e se apaixona) por uma mulher quase da sua idade.(Tullio Dias)


31- Inverno da Alma (Winter’s Bone, Debra Granik, 2010)
Jennifer Lawrence leva nas costas um drama sobre pessoas sofridas no interior pobre do estado do Missouri. No entanto, não se trata de um dramalhão, como pode parecer, e o tom não é exatamente pessimista devido à força e perseverança de sua personagem principal, a adolescente Ree Dolly. Aos 17 anos, Ree cuida de seus irmãos menores devido à doença da mãe, vítima de um grau de catatonia, e ao sumiço do pai, um “cozinheiro” de metanfetamina que desapareceu ao sair da cadeia. A diretora Debra Granik, duas vezes premiada no Festival de Sundance, entrega um longa que faz um raio-x das relações entre os caipiras do meio-oeste americano, colocando de lado qualquer estereótipo que possamos imaginar. Não se trata do interiorano bonzinho, ou do espertalhão, ou qualquer outra figura pré-produzida. Os personagens são tridimensionais e crescem a cada minuto da projeção, dando ainda mais profundidade a seus dramas. (Marcelo Seabra)