Alex Gonçalves e os filmes assistidos em fevereiro

O crítico Alex Gonçalves, do Cine Resenhas, retorna com a sua lista de filmes assistidos em fevereiro. Venha descobrir as dicas e não deixe de acompanhá-lo no Twitter para saber mais novidades:

Alex Goncalves filmes de fevereiro
74 – Com 007 Só Se Vive Duas Vezes: capítulo em que finalmente visualizamos a face do maior inimigo de James Bond, Blofeld, vivido aqui pelo insuperável Donald Pleasence. A conversão de Bond em japonês não convence, mas as sequências de ação são espetaculares.

75 – Kill List: esse terror britânico descoberto por downloaders funciona em sua primeira metade ao nos deixar apreensivos quanto ao caminho que pretende nos levar. Uma pena que essa construção esteja a favor de uma história com enigmas infantis e uma conclusão óbvia que se pretende surpreendente.

76 – A Ovelha Negra: com algumas manifestações de humor, essa produção islandesa que bem poderia ter concorrido ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro é daquelas que encontram as soluções mais inesperadas para tratar sobre reconciliação.

77 – 007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade: o mais melancólico de todos os James Bond, o então inexperiente George Lazenby foi uma escolha curiosa para viver o espião, propondo para a franquia uma mudança de rumos que não se efetivou.

78 – 007 – Os Diamantes São Eternos: mesmo trazendo de volta um Sean Connery visivelmente cansado do personagem e de representar um retrocesso diante dos avanços dramáticos do filme anterior, a volta do humor é positiva e os homossexuais Mr. Wint Mr. Kidd são os vilões mais inusitados já apresentados.

79 – Com 007 Viva e Deixe Morrer: se os produtores e o público tiveram dificuldades em aceitar George Lazenby, Roger Moore deita e rola como a nova encarnação de James Bond. É realmente a personificação da figura que as mulheres desejam e os homens querem ser.

80 – 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro: considerado um dos piores episódios pelos bondmaníacos e um fracasso em seu lançamento, a aventura merece ser revisitada com novos olhos, especialmente por Christopher Lee e Hervé Villechaize viverem uma nova dupla de vilões impagáveis.

81 – 007 – O Espião Que Me Amava: considerado por Roger Moore o seu melhor filme como James Bond, ele pode desapontar ao final por não trazer a vingança prometida pela maravilhosa bondgirl Barbara Bach, mas compensa pelo equilíbrio impecável de humor e ação.

82 – 007 Contra o Foguete da Morte: verdade que os produtores decidiram pegar carona com o sucesso de “Star Wars”, mas apedrejar “007 Contra o Foguete da Morte” por levar Bond ao espaço é exagero – tanto por isso tomar apenas a meia hora final da realização. E um bônus para os brasileiros: há um desembarque do agente com licença para matar no Rio de Janeiro.

83 – Austin Powers – 000 Um Agente Nada Discreto: sensação do Saturday Night Live, Mike Myers se deu muito bem em propor essa paródia aos filmes de 007, mesmo com as piadas repetitivas. É obrigatório acompanhar os créditos finais para o clipe “BBC”.

84 – 007 – Somente Para Seus Olhos: severamente criticados pelo humor de “007 Contra o Foguete da Morte”, os produtores decidiram enveredar por rumos um pouco mais sombrios. O resultado é igualmente ótimo. O acerto de contas com Blofeld no prólogo é memorável.

85 – 007 Contra Octopussy: novas facetas do heroísmo de James Bond são explorados por Roger Moore e a dubiedade da Octopussy da maravilhosa Maud Adams (a única atriz a ter dois papéis de destaque na história da franquia) aumenta a diversão.

86 – 007 – Na Mira dos Assassinos: quase sessentão, Roger Moore se despede de James Bond com dignidade em um episódio não muito especial, mas com todas as virtudes que o tornaram o espião que nós amávamos.

87 – Austin Powers – O Agente ‘Bond’ Cama: inferior ao original, encontrando as suas melhores qualidades no timing cômico perfeito de todo o elenco, no colorido da cenografia e na adição de Mini-Me, que protagoniza com Austin uma luta hilária.

88 – 007 Marcado para a Morte: a entrada de Timothy Dalton para a franquia é defendida ferrenhamente pelos bondmaníacos, com avaliações que o exaltam como o James Bond que mais se aproxima daquele imaginado por Iam Fleming em seus romances. Quem conhece apenas o herói no cinema vai se decepcionar.

89 – 007 – Permissão para Matar: na decisão em o que foi estabelecido em “Marcado para a Morte”, “Permissão para Matar” foi o maior fiasco de toda a franquia. É uma filme de ação competente, com uma grande bondgirl vivida por Carey Lowell e participação curiosa de Benicio Del Toro. Mas é só.

90 – 007 Contra GoldenEye: após um hiato de seis anos, Pierce Brosnan assume a missão de dar novos ares a James Bond naquele que é um dos grandes capítulos de toda a franquia – senão o maior. Do curso da ação às bondgirls, tudo é perfeito.

Filmes lançados em 1995 - 007 cONTRA Goldeneye
91 – 007 – O Amanhã Nunca Morre: seguindo as diretrizes planejadas por Martin Campbell, Roger Spottiswoode não deixa a peteca cair e faz de Michelle Yeoh a primeira bondgirl que age em pé de igualdade.

92 – 007 – O Mundo Não É O Bastante: diretor eclético, Michael Apted não confere muita personalidade nesta terceira entrada de Pierce Brosnan como James Bond, mas a personagem da francesa irresistível Sophie Marceau traz reviravoltas inteligentes para a trama.

93 – 007 – Um Novo Dia Para Morrer: a excelente primeira hora, que inclui um James Bond mais vulnerável do que nunca, infelizmente é varrida para debaixo do tapete para priorizar escolhas “over the top”, infelizmente sepultando as chances de Pierce Brosnan em encarnar o espião mais uma vez.

94 – Bond Girls Para Sempre: ótimo documentário feito para a tevê em que várias atrizes compartilham sobre como a carreira e a vida mudaram ao serem eternizadas como bond girls.

95 – Deadpool: sim, você vai gargalhar do início ao fim e essas barreiras que separam o heroísmo do vilanismo parecem inexistentes. Mas é também uma experiência que se assemelha a essa busca incessante para se informar sobre o meme da vez nas redes sociais.

96 – 007 – Nunca Mais Outra Vez: superior a “007 Contra a Chantagem Atômica”, cujo plot – com direitos que não pertenciam aos produtores da franquia oficial – serviu de subterfúgio para Sean Connery reviver o seu James Bond.

97 – Coração de Cachorro: por ser uma artista multimídia, Laurie Anderson acaba fazendo uma junção excessiva de elementos que nem sempre condizem com a linguagem cinematográfica. Ainda assim, há muito afeto em seu relato de experiências íntimas.

98 – Everything or Nothing: The Untold Story of 007: o documentário mais completo já produzido sobre o universo do James Bond, sendo excelente principalmente ao não omitir as inúmeras desavenças que o cercam.

99 – The James Bond Story: documentário correto que serve por trazer aos fãs alguns depoimentos inéditos com os atores e os diretores que construíram a franquia ao longo de seus primeiros 39 anos.

100 – Jovens Bruxas: os anos noventa estão cheios de pérolas que foram subestimadas em suas estreias, mas que agora exibem virtudes que as tornam únicas. É o caso de “Jovens Bruxas”, que comprova a habilidade de Andrew Fleming em lidar com anseios juvenis.

101 – What Richard Did: se você não tem um protagonista com o qual o espectador não é capaz de mover um dedo para demonstrar o seu apreço por ele, então jamais o use como um modelo para fazer um conto moral.

102 – Adam & Paul: registro engraçado e, ao mesmo tempo, desconfortável sobre aquela linha que separa os “junkies” incorrigíveis do convívio social para o completo abandono. Uma bela estreia de Lenny Abrahamson.

103 – Presságios de Um Crime: um filme com acertos louváveis ainda assim sufocados por uma condução com escolhas questionáveis. Poyart esteve mais livre, leve e solto em sua ótima estreia em “2 Coelhos”.

104 – Garage: apenas a observação do cotidiano banal de um personagem central sem atrativos, nos fazendo implorar por uma intervenção que não se manifesta sequer em um clímax pontuado por um mal entendido comprometedor.

105 – O Abraço da Serpente: Ciro Guerra é feliz com a escolha em se desatar dos laços da antropologia ao priorizar as consequências da perda das próprias origens. Pena que a conclusão desaponte ao deixar em aberto dois tempos narrativos.

Alex Goncalves filmes de fevereiro O Abraco da Serpente
106 – Guerra: quase uma versão dinamarquesa de “Regras do Jogo”, jogando para os ares qualquer tentativa de discursar sobre os horrores de conflitos armados ao centralizar tudo em um réu carente de dimensões. Dos finalistas ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o pior.

107 – Blink – Num Piscar de Olhos: a beleza clássica de Madeleine Stowe somada ao arrojo de Michael Apted em acompanhar o processo de adaptação da personagem central nem sempre compensam a incompetência com a qual registra papéis de autoridades e a revelação pífia de um mistério.

108 – O Lobo do Deserto: um novo viés sobre o eterno conflito entre culturas distintas culminando a um fim que não poupa sequer a mais pura das almas.

109 – O Novíssimo Testamento: Jaco Van Dormael usa o tom agricode de “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” e ainda confere um retrato bem original sobre a existência de um deus e o poder que ele exerce sobre as nossas existências. Pena que a conclusão seja preguiçosa.

110 – Creed: Nascido Para Lutar: Ryan Coogler faz um bom trabalho ao prosseguir com a franquia “Rocky” ao mesmo tempo em que reprisa tudo o que funcionou na obra original. Sylvester Stallone está maravilhoso ao impor ainda mais fragilidade a um sujeito bruto.

111 – Amor em Sampa: excelente dupla em “O Signo da Cidade”, Carlos Alberto Riccelli e Bruna Lombardi parecem regredir a cada filme. Antes melancólica e urbana, a São Paulo desse romance musical é caricata e burguesa.

112 – Angel: “Vida? Que vida? Aquela que ela viveu ou aquela que ela sonhou?” Um filme que merece o paraíso todo para si.

113 – Swimming Pool – À Beira da Piscina: as perturbações do bloqueio criativo e as nossas vivências como combustível para a ficção. Um suspense que só cresce na revisão e com uma Charlotte Rampling que se entrega de corpo e alma ao seu fascinante papel.

114 – Ricky: o contexto nu e cru da protagonista vivido por Alexandra Lamy é perfeito para François Ozon criar uma fábula impregnada de realismo fantástico, concebendo paulatinamente um dos mais belos filmes sobre a maternidade de tempos recentes.