Especial do Dia das Mulheres: 5 atrizes para se acompanhar

Para deixar nossa homenagem ao Dia das Mulheres, convidamos a Dani Pacheco para comentar o trabalho de cinco atrizes que merecem a atenção dos cinéfilos. Veja logo abaixo:

Marion Cotillard (Piaf – Um Hino ao Amor, Ferrugem e Osso, A Imigrante, Dois Dias, Uma Noite)

Se tem uma coisa que Marion Cotillard sabe fazer é interpretar todas as personagens que escolhe de maneira impecável. Ela consegue ser tão intensa que parece que some na tela e o que nós vemos não é a atriz, mas somente o papel, como se fosse uma pessoa real. Porém, quatro filmes de sua longa carreira se destacam pelo fato da francesa interpretar mulheres fortes e que nos comovem com suas vidas.

Marion Cotillard Piaf

Piaf, bom, acho que não preciso nem falar o quão perfeita é a interpretação; não é à toa que foi premiada com o Oscar em 2008, além de ser a primeira atriz a vencer a estatueta por um filme internacional, em língua não inglesa. Por que essa performance é tão poderosa? A vida da cantora Edith Piaf não foi fácil em nenhum sentido e Cotillard dando vida a ela é como se ela tivesse sido possuída pelo papel e isso, caros amigos, nós vemos uma vez ou outra no cinema. Ela praticamente reencarnou em seu corpo Piaf e, mesmo sendo um filme difícil de se ver por causa de tanto sofrimento, o prazer de conferir tamanho talento compensa isso.

Marion Cotillard Ferrugem e Ossos

Cinco anos depois de Piaf, a ganhadora do Oscar voltou a fazer os espectadores se emocionarem bastante como Stéphanie, treinadora de baleias que sofre um acidente de trabalho e perde as duas pernas. Acompanhamos todo a sua dor, solidão e, aos poucos, a vemos criar forças novamente, e não só mentalmente e fisicamente, mas na vida amorosa. Esse drama/romance chamado Ferrugem e Osso é tão bem escrito, dirigido e atuado (salvas para Matthias Schoenaerts, par romântico de Cotillard na produção) que a inserção de “Firework”, de Katy Perry, não ficou ridícula. E não, até hoje não entendo o porquê dela ter sido esnobada no Oscar em 2013 e olha que ela está bem, mas beeeem melhor que Jennifer Lawrence em O Lado Bom da Vida.

DSC_1351.NEF

O primeiro papel principal da francesa na língua inglesa só veio em A Imigrante, de James Gray. Demorou, mas valeu a pena a espera. Eu, pessoalmente, teria dado a ela o Oscar de melhor atriz em 2015 por tal performance, a qual, de muitas maneiras, lembra-me a de uma jovem Meryl Streep em A Escolha de Sophia. Duas polonesas que vão para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor, têm um passado conturbado e nos fazem chorar com as batalhas que enfrentam na Terra do Tio Sam. Cotillard é tão convincente – detalhe para o sotaque polonês impecável – que dá até vontade de entrar na tela para ajudá-la, pois ela sofre nas mãos do Joaquin Phoenix e não tem muita sorte no amor com Jeremy Renner. Mas, mesmo assim, ela luta e come o pão que o diabo amassou para tentar ver a irmã de novo e finalmente começar uma nova vida nos EUA.

critica dois dias, uma noite marion cotillard

Por fim, o longa que deu a ela sua segunda indicação ao Oscar. Não é um filme fácil de se ver, é cansativo, mas os irmãos Dardenne captaram com primazia a situação pela qual milhões de pessoas passam neste mundo: falta de emprego e sentimento de insignificância. No caso de Sandra em Dois Dias, Uma Noite, adicione a isso uma mulher recém saída de uma forte depressão e que precisa de um emprego para sustentar a família, ao lado do marido. Acompanhá-la nessa jornada é de doer o coração e ficamos aflitos o tempo todo, com medo dela ter uma recaída, mas sua força e determinação também estão vivas combatendo a tristeza e isso é extremamente comovente.

Diane Kruger (Pour Elle)

Diane Kruegger Pour Elle

Devo admitir que a primeira vez que me senti tocada emocionalmente por Diane Kruger foi no romance francês Pour Elle, de 2007. Nele, ela interpreta uma mulher falsamente acusada de assassinato e é condenada por isso. Apesar de ser inocente, não existem provas que a tirem da cadeia e a única maneira dela ser libertada é se o marido – o brilhante Vincent Lindon – tirá-la de lá. No filme, temos dois personagens fortes: o homem, que tenta de todas as maneiras mostrar que a esposa não matou ninguém e resolve fazer justiça com as próprias mãos, e ela, que sofre todos os dias e vê suas esperanças irem por água abaixo ao ver seu futuro destruído por ter estado no local errado, na hora errada. Uma belíssima história de amor e força.

Jessica Chastain (A Hora Mais Escura, 2012)

1134604 - Zero Dark Thirty
Sob o olhar de Kathryn Bigelow, Jessica Chastain conquistou o mundo em 2012. Tudo bem que ela já havia chamado atenção por seu papel em Histórias Cruzadas, mas foi como uma agente norte-americana que ajudou a encontrar Bin Laden que ela mostrou do que é capaz com intensidade. A atriz não sofreu nenhuma mudança física ou mental considerável na telona, mas o desgaste visível da personagem, o risco diário de vida e sua bravura e persistência até descobrir o esconderijo do terrorista mais procurado do mundo são extremamente comoventes. As lágrimas que escorrem em seu rosto na última cena de A Hora Mais Escura resumem bem a jornada pela qual passou no longa.

Julianne Moore (Para Sempre Alice, Mapa Para As Estrelas)

Julianne Moore Para Sempre Alice

Não é segredo pra ninguém que Julianne Moore foi simplesmente esquecida durante uma década, até finalmente ser reconhecida por um papel em 2015. Papel de uma mãe, esposa e professora da Universidade de Columbia que descobre ter Alzheimer aos 50 anos e vê todo seu conhecimento, lembranças e até mesmo capacidade de fala irem embora aos poucos. Assistir à sua luta é doloroso e Moore entrega-se tanto à personagem que a experiência é quase que real, como se víssemos um documentário sobre o dia a dia de uma paciente que tem a doença. E esta pode ser uma enfermidade que, eventualmente, apodera-se de uma pessoa, mas Alice batalha o tempo todo, até onde consegue, e é lindo de se ver.

Julianne Moore Mapa Para as Estrelas

Na dramédia de David Cronenberg, Moore não interpreta uma personagem muito simpática, mas que performance! Ela é uma atriz em busca de um recomeço e enxerga uma oportunidade de se reinventar em um papel que sua mãe deu vida quando jovem. A atriz chora, ri, dá chiliques e nos entretém o filme inteiro e a capacidade com que expressa tantas facetas de sua personagem complexada é genial. Apesar de tanto sofrimento e alucinações com a mãe, vemos Havana Segrand batalhar pelo que quer e correr atrás de todas as maneiras possíveis. Ela pode nos irritar com suas atitudes exageradas e irresponsáveis, mas, definitivamente, é um dos papéis mais marcantes de Moore.

Rosamund Pike (Garota Exemplar, SPOILERS)

Rosamund Pike Garota Exemplar
Rosamund Pike conseguiu que os espectadores sentissem por ela algo similar ao que sentiram com Heath Ledger em O Cavaleiro das Trevas, ou Javier Bardem em Skyfall. Uma vilã cruel, engraçada e que, no fim, não nos deixa torcendo para que seja pega, mas querendo mais e mais de suas atitudes perversas. É claro que ela tem que ser julgada e punida pelo que fez, só que ela encarnou Amy Dunne tão bem que você não cansa de seus planos mirabolantes; você simplesmente quer mais dela, quer ver Ben Affleck sofrer nas suas mãos por mais tempo. Além disso, temos que admitir que o que ela faz em Garota Exemplar é incrível: sumir, incriminar o marido que ia deixá-la, matar uma pessoa, voltar para Nick e sair impune de tudo isso, mantendo o pobre coitado preso à ela. Genial!