Top 10 – As Principais decepções do cinema em 2015

Tullio Dias e o crítico Marcelo Seabra apresentam a terceira edição da tradicional lista de decepções cinematográficas do ano. Qual foi a sua?

Crítica Homem-Formiga

TODO ANO EXISTE AQUELE FILME QUE CHAMA A SUA ATENÇÃO ANTECIPADAMENTE. Contrariando as “regras”, acabamos deixando o lado emocional afetar nosso julgamento e criamos as famosas expectativas. Isso nos faz ficar nas mãos do destino (ou dos produtores envolvidos nas obras em questão), afinal podemos ou nos surpreender muito ou simplesmente ter uma desilusão digna daquela dos tempos de escola quando o nosso primeiro amor aparece de mãos dadas com algum idiota. Acontece. Portanto, pelo terceiro ano consecutivo, é com muito orgulho que recebemos o Marcelo Seabra, do blog O Pipoqueiro, para falar das nossas principais decepções no cinema em 2015. Vamos em frente?

Nota do editor: A lista de Principais Surpresas e a lista de Principais Decepções são baseadas na opinião de dois críticos que foram ao cinema com expectativas prévias em relação aos filmes mencionados, e acabaram surpreendidos de uma maneira positiva ou negativa após assisti-los. De maneira alguma, as duas listas representam os “melhores” ou os “piores” filmes do ano.

Esclarecido isso, apreciem sem moderação!

Top 5 – Principais decepções do cinema em 2015, por Marcelo Seabra

Decepções do Ano - Quarteto Fantástico

Depois de dois filmes ruins nos quais foram gastos milhões de dólares, sem falar na malfadada tentativa de Roger Corman, O Quarteto Fantástico teve outra chance. Com o promissor Josh Trank à frente e um elenco dos sonhos de qualquer fã de quadrinhos, encabeçado por Milles Teller, a produção só poderia dar certo. Mas devido a um orçamento cortado, um estúdio palpiteiro, um diretor de gênio difícil, ou qualquer que seja a razão, o resultado conseguiu deixar muita gente com raiva. Tudo é acelerado, fica sem pé nem cabeça e praticamente todas as oportunidades criadas se perdem. E a continuação, pré-aprovada, deve ter sido esquecida.

Decepções do ano - O Exterminador do Futuro Genesis

Outro personagem a ganhar uma nova chance no Cinema foi o T-800 de Arnold Schwarzenegger em  O Exterminador do Futuro: Gênesis. Arrumaram até uma boa desculpa para a volta do ator, já que o modelo de exterminador estaria obsoleto. Insistindo num humor fora de hora, o longa não acerta o tom e perde a interessante premissa de revisitar o primeiro filme com ligeiras alterações. No meio do caminho entre uma continuação e um reboot, eles conseguem desperdiçar um vilão novo e vários bons atores. E, mais uma vez, sabemos de cara que a história não vai avançar, o que reforça a sensação de tempo perdido.

Decepções do Ano - O Destino de Júpiter

Não necessariamente uma decepção se converte em um dos piores filmes do ano, já que ele apenas não alcançou as expectativas criadas. No caso de O Destino de Júpiter  deu na mesma sim. De longe uma das coisas mais catastróficas exibidas esse ano, essa bomba veio da cabeça dos irmãos Wachowski, que torraram algo em torno de 175 milhões de dólares para essa ópera espacial visualmente exagerada e conceitualmente sem o menor sentido. Com atores claramente constrangidos, personagens sem nenhum propósito e diálogos terríveis, O Destino de Júpiter nos faz questionar a sanidade de certos produtores de Hollywood, que dão sinal verde pra esse tipo de coisa.

Decepções do Ano - A Entrevista

Sabe-se que o gênero comédia é um dos mais difíceis de se fazer, e um dos menos valorizados. Mas, também o que tem de comédia ruim por aí é brincadeira. E nem vou entrar no mérito da Globo Filmes porque larguei as drogas. A Entrevista – o que foi aquilo? –  tem uma premissa razoavelmente interessante, algo como uma paródia de Frost/Nixon (2008), que se perde totalmente em situações ridículas e piadas de banheiro, desperdiçando James Franco e Seth Rogen. OK, nenhum dos dois é nada fantástico como atores, mas certamente mereciam mais que essa farsa sobre um apresentador de TV que consegue uma entrevista exclusiva com o ditador da Coréia do Norte. Como castigo para a Sony, vários e-mails do estúdio foram vazados e toda uma situação problemática foi criada.

Decepções do Ano - Férias Frustradas

Para quem era fã da família Griswold, ver o novo Férias Frustradas  foi um balde de água fria. Apostando na nostalgia relacionada à série e no talento de Ed Helms e Cristina Applegate, o longa se resume a repetir a aventura de 1983 com uma diferença básica: não tem graça nenhuma. Ou seja: não agrada aos fãs, já que não há novidade, e não consegue cativar um público renovado, pois não há o que se ver ali. Ao menos, a armadilha funcionou: Férias Frustradas teve boa bilheteria e deve ter uma continuação. Rezemos para que ela vá mais longe.


Top 5 – Principais decepções do cinema em 2015, por Tullio Dias

Decepções do Ano - Hacker

Michael Mann é o cara que fez Tom Cruise interpretar um assassino de aluguel em Colateral. Colocou Al Pacino frente a frente contra Robert de Niro em Fogo Contra Fogo. E isso só para falar do mais óbvio e essencial da sua filmografia. Portanto, ao me deparar com Hacker é impossível não o incluir na minha lista de principais decepções do cinema na temporada. Após um fiasco nas bilheterias norte-americanas, o longa-metragem acabou sendo lançado diretamente em home video em muitos países, como no Brasil. Hacker até funciona bem como um suspense policial sobre crimes cibernéticos. Lamentável que Chris Hemsworth tenha dado o azar de trabalhar com Mann justamente numa obra abaixo das expectativas…

Decepções do Ano - Cidades de Papel

Quando A Culpa é das Estrelas estreou nos cinemas em 2014 numa produção surpreendente, acreditei que os produtores não teriam problema em repetir o feito com uma obra melhor, como é o caso do livro que originou Cidades de Papel. Lamentavelmente, a adaptação deixa de lado a essência do best-seller de John Green e não investe na criação do “mito” em torno da menina super especial que deixa o nosso protagonista apaixonadinho. No livro, nós todos entendemos o fascínio por Margot, enquanto o longa-metragem é superficial nessa parte. O que podia ser um belo filme sobre amor na época da adolescência e descobertas pessoais, se tornou apenas mais um lançamento da temporada esquecível.

Decepções de 2015 - Homem Formiga
Homem-Formiga é a Marvel sendo a Marvel. Isso significa um filme de qualidade, com piadas, personagens engraçadinhos, cenas de ação (e podemos afirmar que a obra estrelada por Paul Rudd possui algumas das melhores já produzidas no estúdio até então), mas que nunca nos deixará esquecer o que podia ter sido caso Edgar Wright permanecesse na direção. Nada contra Peyton Reed. Ele apenas não é o Edgar Wright, que provavelmente teria produzido um heist movie muito mais inteligente e divertido. Sem Wright, Homem-Formiga fica no meio do caminho e ainda sofre com semelhanças com o primeiro Homem de Ferro (chega de empresários malucos virando vilões, caras!). 

Decepções do Ano - Insurgente
A franquia Divergente estreou nos cinemas em 2014 com o “pé na porta e soco na cara”. Para quem nunca havia ouvido falar da saga, foi uma grata surpresa. Especialmente com os fiascos que foram os dois últimos longas da franquia Jogos Vorazes (que só não entrou aqui na lista porque fiquei extremamente irritado para conseguir escrever alguma coisa sobre o quanto o encerramento foi frustrante), parecia que finalmente existiria uma “série cinematográfica” que valeria a pena acompanhar. Poxa vida. A continuação lançada esse ano dá sono e fracassa em tudo que se propõe, quase que ridicularizando seus protagonistas. Como disse o Marcelo sobre O Destino de Júpiter, Insurgente deixa de ser apenas uma frustração e se garante na minha lista pessoal de piores filmes do ano.

Decepções do Ano - Spectre
Quando Sam Mendes foi confirmado na direção de 007 Contra Spectre por causa do sucesso de público e crítica de Operação Skyfall, todos comemoraram. Se a parceria do cineasta com Daniel Craig deu tão certo na primeira aventura do espião, a segunda seguiria a tendência e seria ainda melhor. Meses depois disseram que Christoph Waltz seria o vilão. A partir daí, meu amigo, as expectativas cegaram a razão e 007 Contra Spectre se tornou o objeto de desejo da temporada. Imaginem o quanto não foi frustrante assistir ao filme identificando temas abordados em Missão: Impossível – Nação Secreta e com uma atuação contida e pouco ameaçadora de Waltz? Até podemos elogiar a condução da narrativa amarrando as pontas soltas e encerrando a era de Daniel Craig como James Bond, mas Sam Mendes nos deu um clássico da franquia e nenhum espectador em sã consciência consegue aceitar algo menor. Errou feio, errou rude, Mendes.


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