Top 5 – Dicas com as melhores animações atuais do Cartoon Network

No dia 04 de abril estreia no Cartoon Network o tão esperado reboot de As Meninas Super Poderosas, uma dos mais icônicas e socialmente relevantes produções do canal. Para provar que esse reboot não é uma tentativa desesperada de recuperar a glória do passado, mas sim mais um exemplo da evolução criativa dos caras, resolvi fazer esse top 5 com as melhores séries atuais do Cartoon Network (ou CN como também é conhecido hoje em dia). É uma boa oportunidade para provar que esse discurso que ouvimos frequentemente de que o Cartoon não faz desenhos como antigamente é puro saudosismo, e do tipo ruim.

5 – Clarêncio, O Otimista

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A marca registrada do Cartoon Network, desde sua origem, sempre foi o uso demasiado de fantasia e/ou surrealismo, o que sempre agrada pois eles sabem como usar esses elementos brilhantemente. Em certos momentos, um respiro dessa vibe surtada pode vir a calhar, por isso, é um verdadeiro deleite assistir a uma série como Clarêncio, O Otimista, que retrata a vida como ela é.

Na série, acompanhamos a vida de Clarêncio, um menino na faixa dos 8 a 10 anos que, como sugere o título nacional, é bastante otimista. Mas não otimista de uma forma piegas, moralista e irreal, mas sim pura, genuína e encantadora. Clarêncio é simplesmente fascinado pelo mundo ao seu redor e consegue encontrar magia e diversão nas coisas mais simples e banais da vida. E é isso que faz dele um personagem não só extremamente cativante, mas também um verdadeiro exemplo de vida tanto para crianças quanto adultos.

Como mencionei acima, Clarêncio, O Otimista nos mostra a vida real, mas não a visão estereotipada e engessada que costumamos ver em animações mais realistas, e sim a nossa vida de verdade, tanto que existem elementos na história que normalmente não vemos nas séries animadas em geral. A mãe de Clarêncio é divorciada e vive com seu namorado, os personagens étnicos raramente apresentam algum estereótipo, e o mais interessante: Jeff, um dos melhores amigos de Clarêncio, tem duas mães, fato que, apesar de não ser retratado de forma explícita, fica nítido quando analisamos o relacionamento das personagens, especialmente pelo fato de Jeff nunca mencionar seu pai, apenas sua mãe (uma delas nesse caso).

Clarêncio, O Otimista é um ótimo exemplo de desenho que não só mostra como o mundo é, mas também como ele pode ser.

4 – Steven Universo

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Uma das animações mais encantadoras de todos os tempos, Steven Universo é aquele tipo de série que não pode ser analisada apenas nas características técnicas, pois ela constantemente apela para o emocional do seu telespectador, mas sem hora nenhuma soar pedante.

Steven Universo é um menino metade humano, metade Crystal Gem, uma raça alienígena super avançada cujos poderes provém das pedras preciosas que possuem desde o nascimento. Sua mãe, Rose Quartz, era uma Gem, e para conseguir dar à luz a Steven, ela abriu mão de sua forma física deixando de existir no plano terrestre, fazendo com que Steven herdasse sua pedra e se tornasse um Gem.

É simplesmente impossível não ficar cativado com tudo que ela nos apresenta, seja o visual estonteante e extremamente colorido mas na medida certa, sem nunca ser desconfortável para os olhos; seja a mitologia hiper bem-estruturada e sem furos das Gems, sejam as belíssimas cenas de luta, seja a ótima trilha sonora (inclusive a música-tema é daquelas que não sai da sua cabeça) ou seja, principalmente, na construção dos personagens. Raras vezes é possível ver personagens animados com tamanha profundidade emocional, onde todos os sentimentos são explorados, tornando-os complexos e críveis.

E claro, eu não estava brincando quando disse que essa série apela para o emocional: você irá se sentir tocado em pelo menos uma cena de cada episódio; alguns fáceis de lidar, outros em que fica difícil não derramar pelo menos uma lágrima, como por exemplo a cena em que Steven descobre uma fita VHS com uma mensagem que sua mãe gravou para ele pouco antes de seu nascimento.

https://youtu.be/xS9bQNS6Q8k

3 – Apenas um Show

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Robôs gigantes, portais tridimensionais, monstros, viagens temporais, magos, gangues distópicas psicodélicas… Tudo isso regado à muito Rock N’ Roll e referências da cultura pop. Essa é Apenas um Show, série animada que tem se mantido como uma das mais criativas dos últimos tempos.

Criada por J. G. Quintel, conhecido por trabalhar em outras animações do canal como Acampamento Lazlo e As Trapalhadas de Flapjack, Apenas um Show conta a história de dois amigos: Mordecai, um gaio-azul, e Rigby, um guaxinim, que trabalham como jardineiros em um parque. Mordecai e Rigby fazem de tudo para evitar o trabalho e se divertirem a qualquer custo, o que deixa louco de raiva seu chefe Benson, uma máquina de chiclete que está sempre estressada devido à falta de interesse dos dois.

Mordecai e Rigby passam por situações aparentemente normais para jovens: festas, problemas com garotas, encrencas com o chefe, apostas loucas etc. O que torna a vida deles nem um pouco normal (e o grande diferencial da série) é que no meio dessas situações normais acontecem coisas completamente bizarras e surreais, desde carros que ganham vida e bebês mágicos gigantes até gansos malignos que se transformam em um robô gigante e uma gangue de rua que odeia celulares. E a grande sacada da série é introduzir essas coisas estranhas e malucas de forma natural na história, fazendo parecer que são acontecimentos rotineiros, o que explica o porquê do titulo da série ser Apenas um Show.

Outra característica marcante da série são as referências constantes à cultura dos anos 80. Os personagens são fãs de bandas extremamente oitentistas, além de jogarem video-games da época e alugarem fitas VHS. A trilha sonora também é recheada de clássicos da época, como “You’re The Best Around” de Joe Esposito, “Mississipi Queen” da banda Mountain, “Hit Me With Your Best Shot” de Pat Benatar, “We Are The Champions” da banda Queen, “Holding Out For a Hero” de Bonie Tyler e muitos outros. A música dos anos 80 também influencia fortemente as músicas compostas para a série, como é o exemplo da música “Party Tonight” cantada por Mordecai e Rigby no episódio Mordecai & The Rigbys.

https://youtu.be/DKPWwZxd_eE

2 – O Incrível Mundo de Gumball

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Outra marca registrada do Cartoon Network além do surrealismo é a excelência no humor. Todas as suas boas séries são engraçadíssimas, e, entre as atuais, com certeza a mais engraçada de todas é O Incrível Mundo de Gumball.

Um produção britânica-americana-irlandesa feita em parceria com a Cartoon Network Development Studio Europe, a série acompanha a vida de Gumball e Darwin, dois irmãos adotivos, e sua família vivendo situações malucas e inusitadas na estranha cidade de Elmore, um lugar onde aparentemente tudo é possível.

O Incrível Mundo de Gumball se sobressai entre a maioria das séries animadas atuais primeiro por apostar no uso de todas as técnicas de animação famosas criar o universo bizarro de Elmore. Os personagens principais são em 2D mas existem personagens em 3D, stop-motion, recorte, e até live-action. E o mais impressionante é que todos esses estilos misturados não criam uma bagunça desorganizada e desagradável para os olhos como seria o esperado, ao contrário; eles se unem de forma bastante harmoniosa, e só contribuem para a qualidade da série. E segundo porque, como mencionei antes: ela é muito engraçada! As situações em que os personagens se encontram são hilárias e as piadas beiram a genialidade, sendo inclusive quase ácidas demais para o público infantil (beirando o humor negro em alguns casos), o que explica porque a faixa-etária de fãs da série é tão diversificada. É o tipo de animação que os pais fazem questão de assistir com seus filhos pois ambos serão igualmente entretidos.

1 – Hora de Aventura

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Um dos maiores sucessos da história do Cartoon Network e um fenômeno cultural de proporções gigantescas, Hora de Aventura representa não apenas tudo que o canal tem de melhor em suas produções, mas também uma revolução na forma de se contar histórias em animação.

Criada por Pendleton Ward (uma das mentes mais curiosas que existem), a série conta a história de Finn, O Humano, e Jake, O Cachorro, dois amigos criados como irmãos que vivem na terra Ooo, um lugar mágico e surreal com criaturas igualmente mágicas e surreais. Finn e Jake se consideram heróis e aventureiros e estão sempre em busca de pessoas para salvar e aventuras para viver.

Ok, com essa premissa você pode pensar: “Interessante, mas nada que eu já não tenha visto antes”, e realmente nos primeiros episódios você tem essa sensação, pois mesmo já sendo bizarro, o início da série não chega nem a arranhar a superfície do que ela realmente tem a oferecer. Hora de Aventura é uma das séries animadas mais profundas, complexas e perturbadoras de todos os tempos, abordando temas sérios e dramáticos com uma qualidade raramente vista em qualquer obra fictícia. As situações em que os personagens se encontram, a forma como eles lidam com isso e suas personalidades em geral são uma verdadeira aula de roteiro e servem de referência para qualquer um que queira aprender a contar histórias.

E provavelmente a fórmula de sucesso da série seja toda essa complexidade estar escondida por trás das cores vibrantes e do traço infantil. Eu pessoalmente nunca esperaria ver um desenvolvimento dramático tão bonito em personagens que parecem ter sido desenhados por uma criança de 5 anos de idade. E é exatamente isso que faz de Hora de Aventura a obra-prima que é.

E claro, não podemos nos esquecer de sua fantástica trilha sonora, com músicas profundas e cheias de significado que só tem a acrescentar à trama, como “I Remeber You”, dueto entre Marceline e o Rei Gelado em que ela tenta fazê-lo lembrar da história que os dois tiveram e o quanto ele é importante para ela.