Análise: Globo de Ouro 2016

análise globo de ouro 2016

A temporada de premiações deu seu ponto de partida ontem, 10 de janeiro. Este ano, ela iniciou com o Globo de Ouro, premiação eleita pela imprensa estrangeira de Hollywood. Qual a sua relevância em relação ao Oscar?

Bom, vamos começar por quem é a HFPA: imprensa estrangeira. Críticos não votam no Oscar, eles influenciam. Em outras palavras, é claro que vemos ganhadores do Golden Globes repetindo a dose no futuro, mas isso jamais foi uma regra. Já tivemos casos também de pessoas que venceram e foram esnobadas depois, como Amy Adams em 2015, Alex Ebert em 2013 e Mick Jagger em 2004.

Em 2016, alguns nomes vencedores já eram esperados e provavelmente vão levar a estatueta pra casa em fevereiro: Leonardo Dicaprio, Brie Larson e Ennio Morricone. Por quê? Vamos lá.

  • Dicaprio é overdue, tem um papel sofrido e com enorme transformação física e psicológica, sua campanha está fortíssima, O Regresso é um sucesso de crítica e bilheteria. Não existe nenhum ator forte como ele.
  • Larson é a grande revelação do ano por O Quarto de Jack, filme que encantou a audiência em Telluride, levou o Audience Award em Toronto (últimos vencedores foram O Jogo da Imitação, 12 Anos de Escravidão e Argo) e tem uma campanha intensa desde setembro. A personagem sofre constantemente e ainda cria uma criança enquanto presa em um quarto, ingredientes perfeitos para seduzir os membros da Academia.
  • O novo filme do Quentin Tarantino deve levar a estatueta por alguma categoria técnica, sendo a mais provável delas a de trilha sonora. Morricone não só é um compositor veterano e altamente respeitado, como também nunca venceu um Oscar por um trabalho específico (recebeu um tributo em 2007).

E as surpresas? Bom, a Kate Winslet ter vencido por Steve Jobs não era esperado, mas temos que lembrar que suas verdadeiras concorrentes na categoria de atriz coadjuvante foram consideradas atrizes principais pela HFPA: Rooney Mara, por Carol, e Alicia Vikander, por A Garota Dinamarquesa. Digo o mesmo de Aaron Sorkin, roteirista da adaptação e que é adorado pelos críticos; a categoria de melhor roteiro é geral e deixou muitos nomes fortes de fora.

Sylvester Stallone ganhou na concorrida categoria de ator coadjuvante, por seu papel de Rocky Balboa em Creed. Há quem acredite que ele vá ficar de fora do Oscar, mas eu tenho expectativas de indicação, mesmo com ele de fora do SAG e BAFTA. Ator respeitado, personagem icônico, filme aclamado pela crítica, boa campanha, ótimas bilheterias, etc. Por outro lado, a disputa ainda não está clara, ou seja, essa vitória no Globo de Ouro não diz muita coisa.

Dois atores que tiveram suas campanhas fortalecidas ontem à noite foram Matt Damon e Jennifer Lawrence, já que suas categorias ainda têm uma vaga em aberto a meu ver. Repito: o Globo não garante nada e eles ainda podem ser eventualmente esnobados.

Devo dizer que a maior decepção foi Spotlight, que não levou nenhum prêmio pra casa. Maior vencedor das listas de críticos, o drama perdeu para O Regresso como melhor filme. Parece que o longa não está com tudo assim não, vamos ver o que acontece no Critics Choice e SAG nas próximas semanas, especialmente o último.

A derrota de Ridley Scott e George Miller para Alejandro Gonzélez Iñárritu também surpreendeu. Será que teremos dobradinha no Oscar para o mexicano? Pode ser que sim, pode ser que não. Ano passado, Boyhood levou os prêmios de filme e diretor no Globo de Ouro e todo mundo sabe o que aconteceu depois.

Melhor canção original? Uma bagunça de categoria, nenhum nome marcante este ano. A vitória de “Writing’s On the Wall” não significa muito na minha opinião, já que ainda acredito em “See You Again”.

O Filho de Saul já se apresenta como favorito ao Oscar desde que conquistou o público em Cannes. A temática de guerra, holocausto, diversos prêmios e campanha forte são fatores que o ainda deixam na frente na corrida de melhor filme estrangeiro.

Lista completa de vencedores abaixo:

 

MELHOR FILME – DRAMA
O Regresso

 

MELHOR FILME – MUSICAL OU COMÉDIA
Perdido em Marte

 

MELHOR ANIMAÇÃO
Divertida Mente

 

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
O Filho de Saul (Hungria)

 

MELHOR ATRIZ – DRAMA
Brie Larson, O Quarto de Jack

 

MELHOR ATOR – DRAMA
Leonardo DiCaprio, O Regresso

 

MELHOR ATRIZ – COMÉDIA
Jennifer Lawrence, Joy: O Nome do Sucesso

 

MELHOR ATOR – MUSICAL OU COMÉDIA
Matt Damon, Perdido em Marte

 

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Kate Winslet, Steve Jobs

 

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Sylvester Stallone, Creed: Nascido Para Lutar

 

MELHOR DIRETOR
Alejandro Innaritu, O Regresso

 

MELHOR ROTEIRO
Steve Jobs

 

MELHOR TRILHA SONORA
Os Oito Odiados

 

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“Writing’s on the Wall” – Spectre