Previsões do OSCAR 2014 – Parte I, por Tullio Dias

NÃO SEI QUANTO A VOCÊS, mas apesar do equilíbrio entre os filmes indicados ao prêmio da Academia em 2014, estou sentindo uma enorme onda de desinteresse e falta de tesão com a premiação. Será que a temporada 2013 continua sendo considerada fraca por nossos amigos cinéfilos? Ou é apenas um sentimento pessoal em que o Oscar é apenas um detalhe sem importância? Talvez seja apenas parte da desilusão romântica afetando meu julgamento. Vai saber.

Sabemos que o Oscar não é loteria. Podemos fazer previsões baseadas apenas em quem está vencendo os prêmios dos Sindicatos relacionados. Isso prejudica a graça da história, aquela coisa da gente sentar com os amigos e fazer apostas para ver quem dá o melhor palpite. Se você estudar o assunto, seus palpites acabam com uma margem de quase 90% de acertos. Ou você realmente acha que existem críticos videntes por aí?

Assim como no ano passado, votei com a minha visão de apaixonado por cinema. Abandono sem cerimônia o lado de profissional da crítica quando se trata dessas coisas. O mais importante é torcer, mesmo se for contra a maré (como no caso de O Discurso do Rei, em 2011). Levando isso em consideração, aí vão os meus palpites para as categorias principais da 86ª edição do Oscar.

Filme: 12 Anos de Escravidão

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12 Anos de Escravidão é o melhor filme do Oscar 2014. Ainda que meu favorito seja Ela, não fui capaz de ignorar a força dramática do longa-metragem de Steve McQueen. Com muita frieza e na linha tênue da violência e sadismo, o cineasta nos tortura com o sofrimento de seus protagonistas. Uma verdadeira porrada na cara da sociedade hipócrita e racista.

Diretor: Alfonso Cuarón, por Gravidade

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Gravidade é uma obra especial e inesquecível, mas não o suficiente para garantir uma vitória na categoria principal. No entanto, dificilmente Cuarón deixará de levar o prêmio de Melhor Diretor no Oscar 2014. O seu trabalho é praticamente perfeito, especialmente no longo plano sequência introdutório. Uma obra de arte e que merecia ser vista no cinema várias vezes.

Ator: Matthew McConaughey, por Clube de Compras Dallas

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A categoria de ator me fez passar por uma situação engraçada. Lembro de ter me empolgado demais com Tom Hanks, em Capitão Phillips. Parecia imbatível naquele momento. Depois vi 12 Anos de Escravidão e parecia impossível alguém conseguir superar aquela atuação (e não será surpresa alguma se ele levar o careca para casa), mas sabe como são as coisas. Quem diria que McConaughey conseguiria mostrar a melhor performance da sua carreira e prender a minha atenção do começo ao fim. Senti a falta de Joaquin Phoenix (Ela). Seria uma pedra no sapato do McConaughey. Talvez.

Atriz: Judi Dench, por Philomena

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Serei bem sincero: Meryl Streep dá um pau em todas as suas concorrentes, mas meu voto vai para a Judi Dench pela seguinte combinação de fatores: 1 – ela está ficando cego e pode se aposentar em breve; 2 – a sua personagem em Philomena é um sopro de amor, carinho e esperança em tempos onde essas coisas praticamente não existem mais; 3 – Dench é uma atriz sensacional. Cate Blanchett deverá vencer nessa categoria. A sua atuação é incrível, mas é provavelmente a única coisa realmente boa de Blue Jasmine.

Ator Coadjuvante: Jared Leto, por Clube de Compras Dallas

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Jared Leto investe muito na sua carreira como líder do 30 Seconds to Mars. Caso ele decida mudar de ideia um dia e concentrar esforços totalmente no cinema, poderemos ser recompensados com diversas outras atuações brilhantes, como é o caso de Clube de Compras Dallas.

Atriz Coadjuvante: Jennifer Lawrence, por Trapaça

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Vamos falar sobre bom senso. Eu não sei o que é isso quando tem a Jennifer Lawrence envolvida. Trapaça é uma porcaria hypada, mas a atuação de J-Law é sempre digna de reconhecimento. So, fuck the police.

Roteiro Original: Ela, de Spike Jonze

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Spike Jonze explicou o amor moderno em uma obra de arte delicada, sensível e que provavelmente deixará aqueles que recentemente sofreram desilusões amorosas em seus relacionamentos à distância aos prantos. Meu caso.

Roteiro Adaptado: Antes da Meia-Noite, de Julie Delpy, Ethan Hawke e Richard Linklater

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O Cinema estraga a gente, e filmes como Antes da Meia-Noite são os grandes responsáveis por isso. Diferentemente das comédias românticas que vendem histórias bobinhas e completamente inacreditáveis, o roteiro de Ethan Hawke, Julie Delpy e Richard Linklater nos conta uma história de amor maravilhosa, daquelas que são capazes de te fazer acreditar que esse sentimento, essa química corporal, possa realmente servir para alguma coisa boa. Jesse e Celine me inspiram a ser uma pessoa melhor, e o encerramento da trilogia do Antes prova que o amor sobrevive às dificuldades do tempo quando as duas partes querem isso de verdade.