O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A crítica de O Jogo do Disfarce possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação.
VOCÊ SE CONSIDERA UM CINÉFILO OU APENAS UM APRECIADOR DE FILMES PARA PASSAR O TEMPO? Caso se identifique mais com a segunda opção, é bem possível que tenha um olhar mais leve para O Jogo do Disfarce (Role play, Thomas Vincent, 2023). Afinal, verdade seja dita, é realmente uma produção divertida, engraçadinha e ideal para passar na TV enquanto você finge que assiste e mexe no celular.
Para os cinéfilos fica a impressão de “mas eu já não vi esse filme antes?”. Pois é. O exemplo mais recente para comparação é Plano em Família (Family Plan, Simon Cellan Jones, 2023). No caso, basta alterar o protagonista masculino de Mark Wahlberg para a versão feminina estrelada por Kaley Cuoco (The Big Bang Theory). Em uma indústria (ainda) machista, a “novidade” até pode ser usada como defesa para falar bem do filme. Mas não é.
Durante anos fomos bombardeados por essa mesma premissa contada de formas diferentes. Da ação de True Lies (James Cameron, 1994) para a tensão de Marcas da Violência (A History of Violence, David Cronenberg, 2005) ou o humor do excelente Anônimo (Nobody, Ilya Naishuller, 2021), chegando dos filmes estrelados por Cuoco e Wahlberg. Também podemos adicionar, claro, Sr. e Sra. Smith (Mr. and Mrs. Smith, Doug Liman, 2005).
Apesar da importância da representatividade e de reconhecer o protagonismo feminino em produções do gênero, não deixa de ser um pouco frustrante descobrir que O Jogo do Disfarce é mais do mesmo, desprovido de emoção, e se não fosse pela breve participação de Bill Nighy, totalmente sem graça. O veterano ator encarna um matador profissional com um risada de porquinho hilária, um detalhe que pode passar batido principalmente para quem assistir a versão dublada.
Em O Jogo do Disfarce conhecemos Emma, esposa e mãe de dois filhos, que vive no subúrbio de Nova Jersey. Mas ela tem um segredo: seu verdadeiro trabalho é como uma letal assassina de aluguel. Tudo ia muito bem até que o casal decide “apimentar” o casamento fantasiando serem outras pessoas e sendo encontrados por um outro assassino profissional.
Cuoco e David Oyelowo até estão bem. Cumprem o papel acertando no timing cômico, convencem como um casal tentando recuperar o calor da paixão, o que é diferente de amor, vejam bem. Mas O Jogo do Disfarce funciona apenas no lado do humor e do romance, deixando a parte de ação bem capenga e sem graça.
O Jogo do Disfarce pode funcionar muito bem para quem busca uma distração na correria do dia a dia. Mesmo com as ressalvas destacadas ao longo do texto, a comédia tem um certo charme que mantém a nossa curiosidade para descobrir como tudo vai terminar. Para quem está começando agora a descobrir o mundo do cinema, talvez seja até uma experiência surpreendente. Se for o caso, recomendo que busque as referências indicadas na análise para se divertir ainda mais com filmes bons de verdade.
O filme está disponível no Amazon Prime.

