Imagine um reality show onde o prêmio é continuar vivo. A Longa Marcha, nova adaptação do lado mais sombrio de Stephen King (ou melhor, Richard Bachman, seu pseudônimo de “deixa eu escrever sem editor encher o saco”), chega aos cinemas para provar que ninguém odeia adolescentes mais do que Hollywood. Nem mesmo adolescentes.
️ Sobre o que é A Longa Marcha?
Num futuro alternativo com cara de pesadelo dos anos 70, cinquenta garotos — um por estado — participam de uma competição nacional onde precisam andar sem parar. Literalmente. Parou? Levou bala. Três advertências e um soldado com M16 resolve a situação. Nada de botão de pausa. Nada de banheiro. Nada de humanidade.
Quem dirige é Francis Lawrence (Jogos Vorazes), que claramente entende de adolescentes em apuros televisivos. E aqui, ele eleva o conceito a níveis quase mitológicos de sofrimento e tensão. O roteiro é de JT Mollner, que pega essa corrida para a morte e transforma numa meditação sobre amizade, resistência e, claro, a espetacularização da desgraça humana.
Para quem é?
Se você gostou de Battle Royale, Jogos Vorazes ou já se perguntou “e se eu tivesse que andar até morrer numa distopia militarizada?”, esse filme vai direto no seu ponto fraco. Mas se você não aguenta filmes com morte de adolescentes ou analogias óbvias sobre o colapso da sociedade americana… prepare-se para sofrer — emocionalmente e metaforicamente.
Quem está no elenco?
Cooper Hoffman (sim, o filho do Philip Seymour) vive Ray Garraty, o garoto sensível que, sabe-se lá por quê, aceitou participar dessa maluquice. David Jonsson brilha como McVries, o melhor amigo impossível de odiar. A química entre os dois é o coração do filme — um bromance com mais suor e trauma do que qualquer sessão de terapia em grupo.
Charlie Plummer interpreta Barkovitch, o antagonista sádico que provavelmente votaria no Capitólio se existisse. Ben Wang é o alívio cômico — até onde isso é possível num filme onde adolescentes explodem por não manterem o ritmo.
Mark Hamill aparece como o “prefeito” da marcha, num tom tão exagerado que parece ter saído de um filme B dos anos 90. E Judy Greer surge brevemente como a mãe que claramente deveria ter intervindo antes de tudo isso acontecer.
Onde assistir A Longa Marcha?
O filme estreou nos cinemas em 18 de setembro de 2025 e, com certeza, vai parar nos streamings em breve — provavelmente com um alerta de “conteúdo emocionalmente perturbador”. E não é exagero.
Veredicto: A Longa Marcha é bom?
É um soco no estômago. Um filme que cansa, machuca e ainda assim te prende até o fim. Ele transforma a marcha em metáfora: sobre o Vietnã, sobre a juventude sendo triturada por sistemas cruéis, sobre o entretenimento como anestesia para o colapso moral. Tem sangue, tem suor, tem trauma. E tem momentos de verdadeira beleza.
Apesar de alguns personagens serem esquecíveis (você anda 50 km com o garoto e nem sabe o nome dele), o impacto visual e emocional é devastador. Você sente cada bolha no pé, cada tiro disparado, cada decisão desesperada. E quando termina, você não sabe se quer correr, chorar ou… continuar andando.
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