Quer saber o que acontece no final do filme O Bom Bandido (Roofman)?
Em O Bom Bandido, a história real de Jeffrey Manchester vira filme de assalto com alma de dramédia moral: um ladrão que entra pelo teto do McDonald’s, tranca todo mundo no freezer, é educado com as vítimas… e mesmo assim acaba atrás das grades por décadas. O longa acompanha desde os primeiros roubos até a fuga de prisão, o esconderijo insano dentro de um Toys ‘R’ Us e o romance com Leigh, que transforma o “roofman” em namorado secreto de igreja.
Só que não existe vida dupla que dure para sempre. Quando o amor, o plano de fuga e o sonho de sumir do mapa se cruzam na véspera de Natal, o castelo de brinquedo desaba.
Sinopse de O Bom Bandido (Roofman)
Jeffrey Manchester é ex-militar, divorciado, cheio de dívida emocional e financeira, e pai de três crianças. A mais velha, Becky, só quer uma bicicleta. Ele não consegue pagar — até perceber seu “superpoder”: observação obsessiva. Repara rotina de funcionários, câmeras, horários, rotas de segurança. A partir daí, nasce o “roofman”: o cara que entra pelo teto dos McDonald’s, rende o pessoal, tranca no freezer, rouba o caixa… e ainda empresta casaco pro gerente não passar frio.
Ele até realiza o sonho: compra a bicicleta da filha. Mas o noticiário também percebe o “modus operandi” e, no dia do aniversário de Becky, a polícia está na garagem. Jeffrey tenta fugir, é preso e condenado a 45 anos de prisão.
Na cadeia, ele percebe outra coisa: o melhor jeito de escapar é ganhar a confiança de todo mundo. Ele ajuda caminhoneiro, costura disfarce, estuda rotinas e foge escondido embaixo de um caminhão. Do lado de fora, passa pela casa da ex, vê a filha andando de bike e entra em modo fantasma: precisa de dinheiro e documento falso para sumir do mapa.
Escondendo-se da polícia, acaba entrando num Toys ‘R’ Us, se esconde no banheiro, sobe para o teto, descobre a sala do gerente e, à noite, transforma o mostruário de bicicletas num mini-apartamento secreto. Rouba colchão, brinquedos, monitores, puxa a fiação das câmeras, vive de madrugada na loja e passa o dia hibernando dentro da estrutura de metal.
Nesse processo, ele escuta tudo, fuçando nos sistemas e nas conversas dos funcionários. É assim que conhece Leigh, funcionária explorada pelo gerente escroto Mitch. Jeffrey “hackeia” a escala dela, faz o bem de forma torta, e um dia aparece na igreja, apresentando-se como John Zorin, suposto agente governamental em missão secreta. Ele entra para o grupo de solteiros, se aproxima de Leigh e acaba se apaixonando pela mulher e pelas filhas dela, Lindsay e Dee.
Enquanto se apaixona, ele também arma o próximo golpe: roubar o dinheiro que passa semanalmente pelo Toys ‘R’ Us para pagar os documentos falsos e fugir para outro país.
Final explicado O Bom Bandido: como acaba?
Vamos lá.
O grande assalto de Natal que estraga tudo
À essa altura, Jeffrey está com um pé no crime, outro no lar cristão de subúrbio:
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Ele invade uma loja de armas, pega máscara, colete e armamento.
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Observa o momento em que o segurança pega o malote com o dinheiro da semana.
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Configura as câmeras da loja para não gravarem.
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Muda a escala de Leigh para que ela não esteja trabalhando na noite do roubo e possa passar o Natal com as filhas.
O plano é simples:
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render o segurança;
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obrigar Mitch a levar até o cofre;
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pegar o dinheiro;
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desaparecer para sempre com a grana e os documentos que o amigo Steve está preparando.
Na noite marcada, o segurança chega e Jeffrey, mascarado, aparece armado. Ele manda todos obedecerem, mas o segurança tenta bancar o herói e leva uma coronhada. Mitch amarra os funcionários, e Jeffrey exige acesso ao cofre. Mitch avisa que há um maço de dinheiro com dispositivo de spray de pimenta que explode se ficar exposto muito tempo. Jeffrey obriga a abrir mesmo assim; o maço explode, Mitch fica praticamente cego, tudo vira caos.
Do lado de fora, o funcionário Ottis começa a apelar pro lado humano, dizendo que Mitch e o segurança precisam de ambulância. Pressionado, Jeffrey liga para o 911. No meio disso, Leigh chega à loja, vê o assalto, cruza o olhar com Jeffrey mascarado… e entende tudo. Eles se reconhecem sem precisar de uma palavra. A reação dela é imediata: sai correndo, apavorada.
A escolha que sela o destino de Jeffrey
Depois do assalto, Jeffrey corre para encontrar Steve, entrega o dinheiro e pega a papelada para fugir. Steve deixa claro:
ou você vai embora amanhã, ou acabou.
É a última chance de sumir do mapa.
Jeffrey então tenta “zerar o passado” queimando o consultório dentário, já que fez tratamento lá usando a identidade falsa — se a polícia checar as arcadas, não encontra nada.
Na estrada, com tudo pronto para desaparecer, ele recebe uma ligação de Leigh: ela pergunta se ele vai à ceia de Natal com as meninas. É aí que o “bom” do título grita mais alto que o “bandido”. Em vez de desaparecer como qualquer criminoso minimamente prático faria, ele volta.
Ele compra presentes, balões, se arruma, bate na porta… e dá de cara com a polícia. É preso na frente da casa em que poderia ter sido “John, o padrasto legal”. Leigh, ouvindo pelo rádio da polícia, descobre ao mesmo tempo que o homem por quem se apaixonou é o famoso fugitivo. Ela chora, destruída.
Sentença final e o reencontro com Leigh
No julgamento, a Justiça não está com humor natalino:
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Jeffrey recebe mais 384 meses (32 anos) somados à pena anterior.
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Ele volta para a prisão, agora com fama multiplicada e perspectiva de liberdade só lá na frente.
Na cadeia, ele participa de uma espécie de círculo de partilha. Alguém pergunta se ele viu Leigh de novo. A resposta vem em flashback:
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Sim, Leigh o visitou na prisão.
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Ela pede desculpas por não tê-lo protegido, por não ter entendido tudo antes.
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Ao mesmo tempo, está furiosa por ele ter machucado as filhas e colocado a família em risco.
Os dois se desculpam, se abraçam, conseguem algum tipo de encerramento emocional, mas não existe “final feliz romântico”. Ela seguiu a vida, casou de novo; ele continua cumprindo pena, agora como bibliotecário da prisão, em contato por telefone com a filha Becky e, teoricamente, sem planos de nova fuga.
O filme encerra com imagens e textos sobre o caso real:
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Jeffrey tentou fugir duas vezes na vida real (2009 e 2017).
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Hoje, trabalha na biblioteca da prisão, diz que não pretende escapar de novo.
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Será elegível para condicional em 2036.
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Leigh se casou novamente e só voltou a visitá-lo mais de dez anos depois.
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E muita gente que conviveu com ele ainda fala dele com um misto de carinho e perplexidade.
Qual o significado de O Bom Bandido (Roofman)?
O título não está de sacanagem: o filme é um estudo de caso sobre como um criminoso pode ser simultaneamente gentil e devastador, carismático e perigoso, afetivo e destrutivo.
Capitalismo, fracasso e o preço de “dar certo”
A trajetória de Jeffrey é quase uma parábola torta:
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Ele é um cara comum que não encontra lugar depois do serviço militar.
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Não consegue ser o pai provedor que a sociedade cobra.
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Vê na bicicleta da filha o símbolo de tudo que ele não consegue oferecer.
Em vez de pedir ajuda, lidar com o fracasso ou aceitar um recomeço humilde, ele escolhe o atalho: roubar para comprar amor. Esse padrão se repete com Leigh:
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ele faz gestos grandiosos (árvore de Natal, presentes, carro para a filha dela aprender a dirigir),
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mas tudo financiado por escolhas que vão explodir na cara de todo mundo.
O filme aponta o dedo para um sistema que mede valor pela capacidade de consumo — mas também não deixa Jeffrey posar de mártir: ele sempre teve escolha, e sempre escolheu o caminho que dava um presente hoje e destruía relações amanhã.
Jeffrey é vilão ou vítima das circunstâncias?
A graça (e a agonia) de O Bom Bandido é que a resposta honesta é: as duas coisas.
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Ele é vítima de um contexto em que quem fracassa economicamente vira lixo social.
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Sim, o sistema empurra, ignora, humilha e torce para que ele simplesmente desapareça.
Mas:
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ninguém obrigou Jeffrey a apontar arma para trabalhadores explorados tanto quanto ele;
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ninguém mandou ele trancar gente em freezer, bater em segurança ou roubar mais uma vez depois de escapar de uma sentença gigantesca;
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e ninguém forçou o momento mais trágico: ele coloca a família de Leigh e as próprias filhas no raio de destruição da sua vida dupla.
O filme é empático sem ser inocente: Jeffrey pode ser educado, engraçado, bom com crianças… e ainda assim causar estragos profundos. Ser “gente boa” no trato não cancela o dano objetivo.
O que acontece com Jeffrey e Leigh depois do final?
O destino de Jeffrey
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Continua preso, com pena ampliada.
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Trabalha como bibliotecário, o que combina com o lado observador, metódico e quase obsessivo que o filme mostra.
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Mantém contato com Becky por telefone, tentando, finalmente, dar às filhas o que elas queriam desde o começo: tempo e presença, ainda que mediado por grades.
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Poderá pedir liberdade condicional em 2036 e jura que não vai fugir de novo — mas o histórico real mostra que a relação dele com “segunda chance” é complicada.
O destino de Leigh
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Reconstrói a vida, casa de novo, continua criando as filhas.
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Um dia, muitos anos depois, decide visitá-lo de novo na prisão:
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não para reatar,
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mas para colocar um ponto final decente numa história que não foi só crime, também foi amor, fé e desastre.
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No fundo, Leigh representa o que Jeffrey nunca soube ser: alguém que ama, erra, se fere, mas escolhe proteger os filhos e seguir em frente.
O que foi real em O Bom Bandido?
O filme dá uma boa condensada na realidade, mas alguns pontos são fiéis:
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Jeffrey Manchester existiu, sim, e ficou conhecido como “Roofman” por entrar pelo teto de restaurantes.
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Ele realmente se escondeu por meses dentro de um Toys ‘R’ Us, vivendo lá sem ninguém notar.
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Ele realmente roubou a loja.
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Ele realmente tentou fugir da prisão mais de uma vez.
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E realmente cruzou caminho com uma mulher que se envolveu afetivamente com ele e depois ouviu pelo rádio da polícia sobre sua captura.
Personagens como Steve são amalgamas ou dramatizações, e o filme preenche lacunas (como a motivação exata para o roubo da loja de brinquedos) para construir um arco mais coeso. Mas a essência continua: um cara inteligente, gentil em vários momentos, que usou todas essas qualidades a serviço de uma vida dupla que não podia terminar de outro jeito.
e é isso

