Final Explicado PECADORES

Final Explicado Pecadores: O que significa o desfecho do épico vampírico de Ryan Coogler?

Prepare sua alma e seu crucifixo de prata, porque Pecadores não é só um filme de vampiros. É uma fábula sobre culpa, identidade, raça e música, embalado num massacre noturno de cortar o coração — literalmente.

Dirigido por Ryan Coogler e estrelado por Michael B. Jordan em dose dupla, o filme começa como um drama sulista sobre ex-soldados e termina como uma ópera de horror com estacas, blues e visões do além. Vamos destrinchar esse final poderoso.

Como termina Pecadores?

Vamos lá.

Remmick (Jack O’Connell), o vampiro ancestral, invade o baile/juke joint dos gêmeos Smoke e Stack Moore, transformando amigos, familiares e ex-amores em mortos-vivos. Stack vira vampiro. Annie (Wunmi Mosaku) é mordida. Smoke é forçado a matá-la antes que ela se transforme. O velho Delta Slim (Delroy Lindo) se sacrifica. E a cidade vira um campo de batalha entre a alma negra do blues e o apetite sanguinário da noite.

No clímax, Sammie (Miles Caton) é perseguido por Remmick até um rio. Lá, em uma luta quase ritualística, ele usa sua guitarra — adornada com prata — para ferir o vampiro. Isso abre espaço para Smoke cravar a estaca e botar o monstro para queimar ao nascer do sol.


O que acontece com Smoke?

Smoke, ferido mortalmente, enfrenta a Klan numa última cena de vingança. Antes de morrer, ele tem uma visão de Annie e da filha que perderam. É sua redenção — o momento em que ele deixa de ser apenas o soldado/matador que carrega a dor do passado e se reconcilia com quem ele realmente era: um pai, um amante, um homem buscando paz.

Ryan Coogler explicou que esse momento não era apenas espiritual, mas simbólico da identidade de Smoke. Um homem que acreditava estar condenado, mas que encontra sua própria salvação.


E Sammie?

Depois de tudo, Sammie volta à igreja do pai. Está ferido, ensanguentado, mas não quebrado. Quando o pai o manda largar a guitarra, ele se recusa. E parte. Ele escolheu seu próprio caminho. Um que mistura fé, música e memória.

Corta para 1992: Sammie, agora idoso, toca blues num clube enfumaçado. E quem aparece? Stack (ainda vampiro) e Mary (Hailee Steinfeld). Não para atacar. Só para ouvi-lo tocar. Um fantasma do passado querendo apenas uma última canção.


O que significa esse epílogo?

A cena em 1992 mostra que Pecadores não é só sobre monstros: é sobre legado. Stack e Mary continuam existindo nas sombras, mas não como vilões — talvez como testemunhas de um tempo perdido. O blues de Sammie transcendeu o horror. É sua forma de exorcismo e resistência.


Há cena pós-créditos?

Sim, mas isso é assunto para outro artigo. Spoiler: há ganchos sutis para possíveis histórias paralelas — mas Coogler já indicou que este é um filme fechado, sem planos de continuação.


E aquele início estranho com os vampiros irlandeses e o casal da KKK?

Boa pergunta. Remmick vem de uma linhagem celta, o que o conecta a um passado colonial e místico. Ele mata um casal ligado à KKK e há uma alusão a uma criança perdida. Tudo isso reforça a ideia de que a América profunda está cheia de fantasmas — do racismo, da violência e do esquecimento.


Qual é o verdadeiro significado de Pecadores?

É um filme sobre o que carregamos e como lidamos com os pecados dos nossos antepassados. É sobre ser negro nos EUA, sobre a dor herdada, sobre o poder da música como redenção. E sim, é sobre vampiros — mas de um jeito que faria George Romero e Toni Morrison aplaudirem em pé.


E é isso.

Pecadores já chegou no streaming. Vá preparado para ouvir blues, ver sangue e sair com o coração em brasas.