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Lançamento: Balada de um Jogador: Colin Farrell aposta tudo em Macau — e o filme perde feio

O que acontece quando você junta Dostoiévski, baccarat, terno de linho e uma overdose de neon? Balada de um Jogador, novo drama de luxo da Netflix, responde com estilo de sobra e alma de menos. Colin Farrell até tenta segurar a banca, mas o filme de Edward Berger (Nada de Novo no Front) se rende ao próprio reflexo e esquece de contar uma história que valha o all-in.


A trama

Farrell vive “Lord Doyle”, um vigarista elegante com crise existencial cravada na sola do sapato caro. Perambulando por cassinos cinco estrelas em Macau, ele tenta um último golpe, com ajuda da misteriosa agiota Dao Ming (Fala Chen) e da surreal “Cynthia/Betty” (Tilda Swinton), uma espécie de vilã de desenho animado saída direto do catálogo de esquisitices da atriz.

O plano? Apostar tudo. O resultado? Você já viu antes, só que com mais sinceridade em Leaving Las Vegas e mais alma em Rounders.


Visual é tudo… ou quase

Edward Berger e o diretor de fotografia James Friend (o mesmo de Nada de Novo no Front) transformam Macau em ópera visual: cassinos viram catedrais de perdição, elevadores refletem crises internas, e cada cena parece um screensaver de hotel boutique. Tudo lindo. E tudo vazio.

A câmera sabe onde está. O roteiro, nem tanto.


Quem brilha — e quem afunda

  • Colin Farrell faz o que pode com um personagem escrito para ser enigmático, mas que termina insonso. Sua entrega é cheia de nuances, mas o roteiro joga contra.

  • Fala Chen traz delicadeza e firmeza, e merecia um papel menos funcional.

  • Tilda Swinton… bom, ela está em outro filme. Sua vilã é tão exagerada que parece personagem de sátira — só que sem piada.


Onde assistir Balada de um Jogador

O novo filme com Colin Farrell está disponível na Netflix.


⚠️ Acertos & derrapadas

Acertos:

  • Atmosfera: Macau como cenário vivo, que engole o protagonista e hipnotiza o público.

  • Direção de arte impecável: o filme é, sim, um luxo de se ver.

Derrapadas:

  • Trilha sonora forçada, insistente, que grita emoção quando o texto não entrega nada.

  • Diálogos que dizem muito e mostram pouco.

  • Reflexo como muleta visual em cena sim, cena também.

  • Falta de conexão emocional: um filme sobre vício, desespero e redenção que nunca faz a gente sentir nada disso.


Veredito

Balada de um Jogador é um desses filmes que parecem importantes: tem ator renomado, locação exótica, fotografia de tirar o fôlego e trilha grandiosa. Mas, no fim, é só isso — aparência sem substância.

É um Leaving Las Vegas com filtro de Instagram e alma terceirizada. Um drama que quer ser ensaio existencial e termina como propaganda de hotel seis estrelas.

Nota: 2,5/5 — Bonito como vitrine de grife. Vazio como fichas de plástico depois do último giro.