Se você acha que a franquia Predator já explorou todos os tipos de caçadas possíveis, prepare-se: quase tivemos o caçador alienígena enfrentando nazistas na Segunda Guerra Mundial.
Sim, essa foi a ideia original de Dan Trachtenberg, diretor de Prey (2022) e do novo capítulo da saga, Predator: Badlands, que estreia hoje nos cinemas pela 20th Century Studios.
Em entrevista ao site The Direct, Trachtenberg contou que sua primeira visão para o longa envolvia um Predador “herói” — uma reviravolta ousada na mitologia da franquia:
“A primeira fagulha da ideia foi: e se o Predador vencesse? Eu não queria que fosse apenas um slasher onde o assassino ganha. Queria que o público torcesse por ele”, explicou.
“Pensei: ok, talvez se passe na Segunda Guerra e ele esteja chutando bundas nazistas. Mas percebi que isso não seria um filme realmente novo — apenas divertido. E então veio o estalo: e se o Predador for o protagonista da própria história?”
Quase um Bastardos Inglórios com aliens
A ideia soa irresistível: um Yautja exterminando oficiais do Terceiro Reich com lâminas de plasma. Um verdadeiro Inglourious Basterds intergaláctico. Mas, para Trachtenberg, faltava algo essencial: novidade.
Ele decidiu deixar o fan service de lado e construir algo mais existencial e emocional, situando a trama em Genna, um planeta hostil onde um jovem Yautja tenta provar seu valor.
“Queria que o público visse o Predador não só como uma máquina de matar, mas como alguém com um arco próprio, aprendendo sobre cooperação e propósito”, afirmou o diretor.
Dek, o Predador que sente
Em Badlands, o protagonista é Dek, interpretado por Dimitrius Schuster-Koloamatangi — um Yautja exilado que desafia as regras do seu clã para enfrentar a criatura suprema de Genna: o Kalisk, uma aberração biológica que redefine o conceito de “predador alfa”.
Dek é diferente. Seu rosto mandibulado é mais expressivo, e sua armadura, mais rústica e tribal — uma estética deliberadamente inspirada em guerreiros espartanos e nômades bárbaros, segundo Trachtenberg.
“Normalmente, o figurino dos Yautja é feito só pelos designers das criaturas. Desta vez, trouxemos um artista de figurino real para criar algo que parecesse forjado, com propósito cultural. Queríamos um visual mais cru, mais ‘Conan, o Bárbaro’”, revelou.
De vilão a herói — e de terror a aventura
A decisão de dar protagonismo ao Predador transformou Badlands em algo inédito na franquia: um PG-13 (sim, quase “família”) com tons de fábula sci-fi.
O filme substitui o suspense sangrento por um drama de sobrevivência e redenção, em que a violência é pano de fundo para temas como identidade, pertencimento e honra.
Críticos já o compararam a produções como The Mandalorian e até à pegada emocional de James Gunn, por equilibrar brutalidade e empatia.
Quando “menos sangue” significa “mais coragem”
Pode parecer heresia tornar o Predator menos violento, mas a ousadia funcionou.
Trachtenberg preferiu desafiar as expectativas em vez de repeti-las — algo raro em franquias que já passaram da meia dúzia de filmes.
“Talvez houvesse designs que foram longe demais, muito ‘culturais’ ou humanos demais. Mas o objetivo era encontrar algo que falasse de quem eles são, não do que matam”, completou o cineasta.
E no fim, Badlands parece provar que um bom Predador não precisa de sangue para ser mortal — só de propósito.
O legado do caçador
Desde O Predador (1987), o monstro criado por John McTiernan e Stan Winston virou símbolo do terror de ação dos anos 80.
Mas, sob a lente de Trachtenberg, o Yautja ganha alma e introspecção.
De um conceito que começou com “Predador vs. nazistas”, nasceu uma fábula cósmica sobre sobrevivência e empatia, sem perder a adrenalina que define a franquia.
Talvez Badlands seja o passo que o Predador precisava para sair das sombras — e conquistar, enfim, o direito de ser o herói da própria história.
Resumo rápido
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Dan Trachtenberg revelou que Predator: Badlands quase foi um filme com o Predador caçando nazistas na Segunda Guerra.
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O diretor desistiu da ideia por achar que seria “divertida, mas nada nova”.
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O longa atual acompanha Dek, um jovem Yautja que desafia sua tribo para caçar o monstro supremo de outro planeta.
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Visual inspirado em guerreiros bárbaros e tom emocional inédito na franquia.
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Badlands é o Predator mais ousado e diferente em décadas — e possivelmente o melhor desde Prey.

