A ameaça de Trump contra os filmes “importados”
Donald Trump voltou a usar sua plataforma Truth Social para soltar uma bomba na indústria do entretenimento: a promessa de aplicar uma tarifa de 100% em qualquer filme produzido fora dos Estados Unidos. Em suas palavras, a indústria cinematográfica americana foi “roubada, como tirar doce de uma criança”.
Segundo ele, países como Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia estariam “atraindo” produções com incentivos fiscais, esvaziando a força de Hollywood.
O que é essa tarifa de 100% em filmes estrangeiros?
Na prática, Trump fala em dobrar o preço de entrada de qualquer produção internacional nos EUA. Exemplo:
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Um estúdio compra os direitos de exibição de um filme britânico por US$ 20 milhões → Com a tarifa, teria que pagar US$ 40 milhões.
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Esse custo extra, inevitavelmente, seria repassado ao público (ingressos mais caros, menos sessões) ou afastaria distribuidoras de trazer títulos estrangeiros para os cinemas.
Quem seria afetado de verdade?
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Estúdios e distribuidoras – que deixariam de investir em títulos gravados fora dos EUA.
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Diretores consagrados – como Denis Villeneuve (Duna), Christopher Nolan (Odyssey) e até Tom Cruise (Missão: Impossível), que preferem filmar em locações reais.
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O público americano – que teria menos acesso a filmes estrangeiros, sejam blockbusters feitos na Europa ou produções independentes premiadas em festivais.
E o Brasil nessa história?
Os filmes brasileiros também entram na mira. Se a tarifa for implementada:
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Exibição nos EUA ficaria quase inviável – distribuidoras teriam que arcar com o dobro dos custos para lançar produções nacionais lá fora.
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Menos presença em festivais comerciais – longas brasileiros, que já sofrem para conquistar espaço internacional, perderiam ainda mais terreno no mercado americano.
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Barreira cultural – o público dos EUA teria acesso limitado a obras brasileiras, reduzindo a circulação de histórias, talentos e olhares do nosso cinema.
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Efeito cascata – caso outros países resolvam retaliar, o Brasil também poderia taxar filmes de Hollywood, o que afetaria diretamente as bilheteiras por aqui (afinal, blockbusters americanos dominam o mercado nacional).
Em resumo: seria um baque duplo – menos espaço para o Brasil no exterior e risco de encarecimento dos ingressos no circuito nacional.
É viável implementar essa medida?
Especialistas apontam que é duvidoso se Trump teria autoridade legal para impor uma tarifa desse tipo, já que:
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Filmes não são produtos físicos simples como aço ou soja; eles envolvem direitos autorais e contratos internacionais.
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A medida poderia gerar retaliações comerciais: imagine países barrando ou taxando Hollywood na mesma moeda.
O que isso significaria para o público
Se aplicado, o resultado seria simples:
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Menos filmes estrangeiros no circuito americano.
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Mais espaço forçado para blockbusters “Made in USA”.
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Menos diversidade cultural e menor competitividade criativa.
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Para países como o Brasil, uma barreira ainda maior para exportar cultura.
A ideia de Trump soa mais como retórica de campanha do que como medida prática viável. Mas se fosse implementada, poderia criar um efeito dominó global, encarecendo filmes, empobrecendo o acesso cultural e sufocando produções de países emergentes como o Brasil. Hollywood já enfrenta crises com streaming e queda de bilheteria — jogar uma guerra tarifária na conta só pioraria o enredo.

