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365 Filmes em um Ano #282 | BACURAU: quando o faroeste brasileiro descobre que não existe mapa para apagar memória

Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, é aquele filme que faz a gente pensar: “e se o cinema brasileiro decidisse brincar de faroeste com ficção científica, crítica política e vingança coletiva?” A resposta: um dos longas mais impactantes da nossa história recente.

A trama começa com a chegada de Teresa (Bárbara Colen) ao vilarejo de Bacurau, no sertão pernambucano. Um lugar pequeno, isolado, mas cheio de memória. Só que, de repente, o povoado desaparece do mapa digital. Literalmente. Some do GPS, como se nunca tivesse existido. Coincidência? Nem um pouco. Logo, o que parecia uma ficção minimalista vira tiroteio de gênero: gringos armados até os dentes decidem transformar Bacurau em parque de caça humana.

O que eles não esperavam é que o sertão tem mais camadas que qualquer battle royale. Entre cangaceiros, professores, prostitutas, líderes comunitários e até o místico Lunga (Silvero Pereira, em atuação antológica), a comunidade decide reagir. Não com heroísmo de cartilha, mas com fúria popular. É Tarantino encontrado com Glauber Rocha, Sergio Leone tomando cachaça no boteco, e Carpenter filmando debaixo do sol nordestino.

Mas Bacurau não é só massacre catártico. É estudo sobre identidade, memória e resistência. O museu da cidade — aparentemente só um quartinho empoeirado — se transforma em símbolo de que apagar a história nunca é tão fácil. A violência aqui não é gratuita; é resposta. E quando ela explode, é porque já não havia outra escolha.

A pergunta que não quer calar:
Se tirassem sua cidade do mapa, você resistiria ou se deixaria apagar?