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“Back to Black” chega aos cinemas com a promessa de contar a história de uma das maiores vozes da música do século XXI: Amy Winehouse. Através da atuação de Marisa Abela, o filme acompanha a ascensão meteórica da cantora, desde sua juventude em Londres até o estrelato global com o álbum “Back to Black“, em 2006.
No entanto, a cinebiografia dirigida por Sam Taylor-Johnson (“50 Tons de Cinza“) se mostra mais um retrato em tons escuros da vida conturbada de Amy do que uma celebração de seu talento e legado. A primeira parte do filme se arrasta em uma narrativa sem foco, passando de forma lenta e sem aprofundar-se nas nuances que moldaram a artista e quem ela realmente era.
É a partir da metade do filme que a história finalmente ganha ritmo, acompanhando a relação tumultuosa de Amy com Blake Fielder-Civil (Jack O’Connell), o grande amor e principal vilão da história. O filme tenta amenizar a trágica trajetória da cantora, evitando cenas explícitas de seus vícios em álcool, drogas e seus distúrbios alimentares como bulimia e anorexia. Essa escolha, embora compreensível, deixa um vazio na narrativa, pois os vícios eram parte intrínseca da vida e obra de Amy.
Marisa Abela entrega uma performance aceitável como Amy, capturando seus trejeitos e maneirismos com precisão. No entanto, quando se trata de cantar, a atriz não chega nem perto da potência vocal da verdadeira Amy Winehouse. As performances musicais do filme, apesar de bem produzidas, soam como pálidas imitações da artista original.

Um dos pontos mais controversos do filme, “Back to Black” é que a todo momento a cinebiografia da a entender que Blake Fielder-Civil é o principal culpado pela morte de Amy. O filme o retrata como um manipulador que a levou à autodestruição, explorando seu dinheiro e fama. A relação dos dois é mostrada como tóxica e abusiva, com Blake sendo um péssimo exemplo e modelo para Amy, destruindo sua psique e piorando seus vícios.
A narrativa sugere que ele se casou com Amy apenas por interesse, buscando quitar suas dívidas e viver às custas da fortuna e fama da cantora. Essa visão simplista levanta a questão: ele realmente a amou algum dia?
Ao final, “Back to Black” deixa o espectador com a sensação de que Amy Winehouse foi vítima de seu próprio talento, dos paparazzi e, principalmente, de seu relacionamento tóxico com Blake Fielder-Civil. O filme tenta amenizar a tragédia, mas acaba por apresentar uma visão limitada e distorcida da vida da cantora.
Pontos Positivos:
– Atuação de Marisa Abela como Amy Winehouse
– Recriação fiel da estética e do estilo da cantora
– Trilha sonora com as músicas de Amy Winehouse
Pontos Negativos:
– Narrativa arrastada na primeira parte
– Tentativa de amenizar a trágica história de Amy
– Visão unilateral da relação com Blake Fielder-Civil
– Ausência de profundidade na análise dos vícios da cantora
– Alcance vocal fraco da atriz Marisa Abela
Vale a pena assistir?
“Back to Black” é um filme que vai agradar aos fãs de Amy Winehouse que desejam reviver suas músicas e relembrar sua história. No entanto, aqueles que buscam uma análise profunda da vida da cantora e das causas de sua morte podem se decepcionar com a superficialidade da narrativa. O filme deixa um gosto amargo de “e se…”, pois poderia ter sido muito mais do que é.
Em suma, “Back to Black” é um retrato incompleto de Amy Winehouse, preso entre a nostalgia e a superficialidade. Se você é fã da cantora, vale a pena assistir para ter a oportunidade de revisitar suas músicas e relembrar sua história. Mas se você busca uma cinebiografia profunda e reveladora, este filme pode não ser a melhor escolha.
Onde assistir: Cinemas
Elenco: Marisa Abela, Matt Turner, Eddie Marsan, Jack O’Connell
Direção: Sam Taylor-Johnson
Roteiro: Matt Greenhalgh
Avaliação Rotten Tomatoes: 48%
Estreia: 16 de maio de 2024

