Imagine um filme que mistura Top Gun: Maverick, Dias de Trovão e um comercial da Rolex em 4K. Agora adicione Brad Pitt com cara de “tiozão que não aceita a aposentadoria” e você tem F1: O Filme. Dirigido por Joseph Kosinski, que já transformou caças em extensões da alma masculina em Top Gun: Maverick, agora repete a fórmula com carros de Fórmula 1, capacetes reluzentes e muito close dramático dentro do cockpit.
Brad Pitt é Sonny Hayes, um ex-piloto lendário que teve um acidente brutal trinta anos antes e agora vive numa espécie de sabático entre apostas, corridas clandestinas e PB&J no trailer. Até que o amigo Ruben (Javier Bardem), um ex-rival que virou dono de uma equipe falida, o chama para salvar o time da vergonha absoluta. O plano? Colocar um sessentão pra competir com Verstappen. Sim, você leu certo.
E como todo bom clichê exige, tem o jovem prodígio arrogante: Joshua Pearce (Damson Idris), que trata Hayes como o vô da rodada. Eles se odeiam, brigam, trocam farpas… e, claro, acabam aprendendo lições valiosas sobre respeito, legado e a importância de usar fone de ouvido em reuniões estranhamente silenciosas.
Mas o charme do filme está na direção de Kosinski, que filma cada curva como se fosse uma batalha intergaláctica. A fotografia de Claudio Miranda entrega sequências de corrida que fazem você se sentir dentro do carro (e desejar um balde). As corridas são coreografadas com o drama de uma ópera rock: tem Hans Zimmer na trilha, muito slow motion e placas gigantes anunciando “LAP 14” como se fosse o clímax de um videogame AAA.
Kerry Condon brilha como a engenheira-chefe com mais emoção que 90% dos carros da temporada atual. E é ela quem injeta humanidade nesse festival de clichês masculinos com graxa e orgulho ferido. Bardem também diverte, mesmo preso no papel do latino caloroso e desesperado, enquanto Tobias Menzies é o vilão burocrata que você já viu em três temporadas de The Crown.
Claro que o filme tenta dizer algo sobre a passagem do tempo, a busca por relevância, o conflito entre gerações. Mas tudo é tão revestido de verniz estético e frases de efeito que você só quer ver o Brad Pitt fazer drift em Mônaco com a trilha do Led Zeppelin.
F1 não é um estudo profundo sobre o esporte. É um espetáculo. Um blockbuster sobre homens que correm tão rápido quanto fogem de suas crises existenciais. Tem pouco a dizer, mas grita com estilo.
No fim, o que vale é que você sai do cinema querendo acelerar. E talvez comprar um boné. Se você conseguir ignorar o subtexto BoJack Horseman encontra o Speed Racer, F1 entrega o que promete: uma corrida visualmente espetacular com um Brad Pitt mais veloz que o tempo.
“Damn, ele é bom”, diz o personagem de Pitt sobre Verstappen. Mas a gente sabe que o filme inteiro foi feito pra você sair dizendo: “Damn, o Brad ainda manda bem”.

