O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A crítica de Invocação do Mal: O Último Ritual possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação.
PARECE QUE FOI UMA DESPEDIDA, mas se tratando de uma franquia de terror, nunca se sabe. Sempre depende dos números. Está mais para um até logo com um possível remake contando novas histórias. Tudo é possível, especialmente quando pensamos em Invocação do Mal, saga que conquistou os fãs do gênero com seus 10 filmes, entre spin-offs e continuações.
Invocação do Mal: O Último Ritual (The Conjuring: The Last Rites, 2025) tem direção do mesmo Michael Chaves do horroroso A Maldição da Chorona (The Curse of La Llorona, 2019) e do medíocre Invocação do Mal: A Ordem do Demônio (The Conjuring: The Devil Made Me Do It, 2021). Engraçado ver a “evolução” do cineasta de um trabalho para o outro, mas ainda assim a anos luz do nível dos dois filmes comandados por James Wan — e nem estou dizendo que Wan é acima da média, mas ele pelo menos é um mestre do famigerado jump scare.
O Último Ritual tem sabor de despedida do começo ao fim (nos minutos finais, inclusive, bateu o espírito de novela global com direito a casamento e tudo — o tom comemorativo é reforçado com participações “especiais” de personagens dos filmes anteriores e até uma ponta do Wan), mas é competente na construção de sua narrativa. Judy, a filha de Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) tem uma premonição e faz seus pais saírem da aposentadoria para um último caso.
A produção entrega pelo menos dois grandes sustos. Em um deles, durante a sessão no cinema, a minha esposa gritou tanto que me assustou. Casal unido passa vergonha junto. Sabe como é. Se ter jump scare fosse critério (sério) de avaliação da qualidade de um filme de terror, James Wan seria o Steven Spielberg do capiroto. Infelizmente para Chaves, ele não é o Wan e muito menos o Spielberg. Na medida em que a trama se desenvolve, os sustos ficam mais escassos e o sentimento de medo hora nenhuma chega. Causar medo é uma boa qualidade de um filme de terror, inclusive.
A gente entende que o protagonismo da franquia é todo dos Warren, só que não custa nada trabalhar um pouco mais dos coadjuvantes. Um dos motivos dos dois primeiros longas funcionarem tão bem é o cuidado com os personagens menores. Se a gente não conhece, como vai se importar ou se identificar com eles? Em O Último Ritual não tem espaço para um tratamento especial e ficamos apenas no contexto básico. Uma pena.
Invocação do Mal: O Último Ritual é uma boa opção para amantes do gênero e fãs da franquia. Não chega a superar A Hora do Mal (Weapons) ou Juntos (Together) ou Faça Ela Voltar (Bring Her Back) como um dos principais destaques do ano, mas também não é ruim. O seu maior problema envolve lidar com as expectativas do público e das comparações injustas com um passado tão bem-sucedido da franquia. Assim como os Warren, até a arte precisa descansar às vezes.

