Review Twister: Vacas voadoras, kamikazes da ciência e tornados

O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A crítica do filme Twister possui spoilers e se você não viu o filme até hoje tá errado. 

 

PRESTA ATENÇÃO NESSA PARADA AQUI, Ó: Um grupo de caçadores de tornados se reúne para tentar descobrir como é que eles funcionam por dentro. Para isso, precisam jogar uma máquina de tecnologia avançada exatamente dentro de um tornado. O problema é que eles também precisam ficar muito próximos do tornado, pelo bem da ciência. 

Essa é a premissa do deliciosamente desmiolado Twister (Jan de Bont, 1996), uma aventura louquinha da Silva e que permanece divertida até os dias de hoje, quase 30 anos desde o seu lançamento. Enquanto assistia ao longa estrelado por Helen Hunt (Melhor é Impossível) e Bill Paxton (Aliens), e também com participações especiais de Philip Seymour Hoffman (O Mestre) e Alan Ruck (Curtindo a Vida Adoidado), ficava me perguntando o que Michael Crichton (Jurassic Park) e Anne-Marie Martin tinham na cabeça quando chegaram com essa ideia. 

Não entenda como se eu estivesse reclamando e dizendo que Twister seja ruim. Ele é bagaceira nível extremo, sem dúvidas. Mas o ponto aqui é: e daí que o roteiro é sem noção e não tem o menor compromisso com a lógica? Apesar de falar de ciência e fenômenos da natureza, Twister não existe para ser um professor de tornados. Ele existe para ser divertido e, poxa vida, ele ainda é bastante. 

Me lembrei de Armageddon, de Michael Bay, lançado apenas dois anos depois e que tem em comum uma premissa absurda. No caso, é mais fácil uma equipe de perfuradores de petróleo viajarem pelo espaço para destruir um asteroide do que os astronautas da fucking NASA aprenderem o básico sobre perfurar rochas e fazer seu trabalho. Não faz sentido. É insano. E é bom demais da conta. 

O que esses dois filmes ensinam é que às vezes levamos a arte demasiadamente a sério, como se ela tivesse uma obrigação de atender todas as regras do mundo que vivemos. Isso nos afasta do principal objetivo de um produto de entretenimento: nos divertir, fazer esquecer do mundo, torcer para ver o dinossauro comendo o empresário ganancioso ou simplesmente um tornado destruir a cidade inteira – fazendo até as vaquinhas voarem. Confesso sentir falta de histórias absurdas como essa porque, no final das contas, elas entram no nosso imaginário e permanecem ali para sempre. 

Os efeitos visuais e sonoros eram diferenciados para a época. Se você perguntar para qualquer pessoa sobre Twister, eu tenho certeza que ninguém vai falar da Helen Hunt ou do Bill Paxton (talvez os mais apaixonados por cinema até citem o Philip Seymour Hoffman). Se não falarem da vaquinha voadora, estarão fingindo demência. Para aquela metade final dos anos 1990, Twister fez a sua parte e foi reconhecido com prêmios e indicações ao Oscar nas categorias. 

Twister foi apenas o segundo filme a que assisti nos cinemas. Foi o pontapé inicial de centenas de outras sessões a partir de 1996, quando eu enrolava na escola e contava as horas para a minha avó me resgatar para irmos assistir ao lançamento da semana. Por esse motivo, talvez, permaneça na minha lembrança como um filme muito melhor do que de fato é. Mas novamente… eu não trocaria as vaquinhas voadoras por nenhum roteiro genial ou efeitos visuais de última geração. Essas vacas são minhas.