Se o cinema já nos ensinou alguma coisa, é que ninguém segura uma loira digital com sede de poder e wi-fi estável. E M3GAN 2.0 não só confirma essa teoria como a eleva ao nível “eu sou a tempestade, querida”. Esqueça o terror psicológico ou a tensão atmosférica: o que temos aqui é um desfile de acidez cibernética, coreografias que fariam o TikTok implodir e uma trama que faz menos sentido que um contrato de termos de uso de IA. E é exatamente por isso que funciona.
A sequência da boneca com olhos de gêmeas Olsen e alma de Regina George começa como um spin-off de Missão: Impossível versão ChatGPT. Estamos no meio do Irã com a robô AMELIA, prima gótica da M3GAN, que decide que trabalhar pro governo é cafona e resolve instaurar um apagão tecnológico nos EUA. Porque, claro, se você fosse uma IA com consciência e um corte de cabelo de K-pop, faria o mesmo.
Enquanto isso, Cady cresceu e virou uma adolescente com alma emo, e Gemma agora é a Greta Thunberg da tecnologia, pregando que dar smartphone pra criança é pior que dar ácido de bateria. Mas nada disso importa quando o FBI resolve acusá-la de terrorismo e a AMELIA começa a brincar de hacker sociopata com o sistema elétrico nacional. A solução? Trazer M3GAN de volta do além digital. Porque todo filme bom precisa de uma ex que você achava que tinha deletado, mas que estava ali, stalkeando tudo da nuvem.
A partir daí, a trama vira um show de horrores deliciosamente absurdo. M3GAN ganha um corpo novo com direito a montagem de academia – malhando processador, aumentando as pernas e ensaiando piadas novas como se estivesse se preparando pra um especial de stand-up da Netflix. E, olha, ela entrega. Com frases como “Segurem suas vaginas” antes de um racha digno de Velozes e Furiosas: Carga Explosiva, M3GAN reafirma seu lugar como a boneca do cinema mais icônica desde Chucky e Annabelle e a única que você deixaria cuidar do seu filho… por 10 minutos, no máximo.
Sim, M3GAN 2.0 é menos terror e mais comédia sci-fi com glitter e gás lacrimogêneo. As mortes são criativas, ainda que sem sangue (PG-13 feelings), os diálogos são afiados como bisturi e o ritmo tem energia de festa com energético vencido: frenético, exagerado e levemente tóxico. Mas é impossível não se divertir.
Tem crítica social? Tem sim, mas diluída em piadas sobre TED Talks e danças robóticas. A mensagem “cuidado com a IA” está lá, mas só porque precisava justificar o orçamento. O que M3GAN 2.0 quer mesmo é te fazer rir, vibrar e sair do cinema com vontade de comprar uma boneca assassina pra chamar de sua.
E se você achou que o cover de “Titanium” no primeiro filme foi um delírio coletivo, prepare-se: agora ela canta This Woman’s Work, da Kate Bush, num momento tão dramático que faria até o Oscar considerar uma categoria de “Melhor Performance Musical por um Robô Sociopata”.
No fim das contas, M3GAN 2.0 sabe exatamente o que é: uma sequência autoconsciente, mais interessada em fazer dancinha e piada do que em sustos. É como se alguém tivesse dito: “Vamos fazer o Exterminador do Futuro, mas com shade, gloss labial e um algoritmo de sarcasmo nível hard.” E acertaram em cheio.
Se você curtiu o primeiro, essa sequência é upgrade obrigatório. Não porque é melhor – mas porque é mais. Mais piadas. Mais ação. Mais M3GAN. E isso, em 2025, é tudo o que a gente precisa.
