Em plena era digital, os serviços de streaming revolucionaram totalmente a forma como consumimos entretenimento. Plataformas como a Netflix, o Prime Video ou o MUBI vieram dominar o mundo do audiovisual e influenciar inclusive a produção cinematográfica, alterando a forma como os estúdios investem, ao sabor dos hábitos de consumo dos espectadores.
No Brasil, os números oficiais mostram que o consumo de streaming se consolidou na rotina da maioria. 7 em cada 10 brasileiros consomem pelo menos um destes serviços de acordo com o levantamento que a Nexus efetuou este ano. E pelo menos 27% dos brasileiros têm assinatura válida com uma dessas plataformas. A Netflix continua a ser líder de mercado, com 59% do total de adesões, seguida do Prime Video e da Globoplay.
Mas até quando vai continuar este crescimento exponencial? A nível internacional, o mercado começa já a mostrar alguns sinais de cansaço. E isso começa a influenciar as estratégias de desenvolvimento das plataformas de streaming. A diversificação absurda da oferta, assim como o aumento dos preços, tem levado cada vez mais consumidores a assistir filmes com VPN. E isto tende a crescer.
O QUE SÃO VPN E COMO INFLUENCIAM OS SERVIÇOS DE STREAMING?
As VPN – iniciais em inglês para “rede privada virtual” – são poderosas ferramentas digitais que permitem uma ligação encriptada à internet, garantindo a sua privacidade e segurança. Com isso, muitos usuários estão a utilizar outras plataformas alternativas de streaming, totalmente gratuitas, para contornarem os preços cada vez mais elevados dos serviços de streaming.
Tudo isto vai obrigar a uma mudança de paradigma da indústria a curto e médio prazo. Para já, serviços como a Netflix implementaram novas medidas para tentarem controlar os custos e recuperar receitas, mas os estudos demonstram que, até ao momento, isso não está a funcionar. Por isso, é muito interessante verificar o que vai acontecer no futuro próximo.
Esse cansaço começa também a refletir-se no tipo de projetos que as plataformas de streaming apostam. Dispostas a correr menos riscos, o conteúdo financiado é mais conservador, garantindo um retorno a curto prazo. Isso significa que, a médio prazo, é expectável que os filmes de autor regressem às telas de cinema em detrimento do pequeno ecrã.
O QUE ESPERAR NO FUTURO NA INDÚSTRIA DO AUDIOVISUAL?
Todo o mundo quer adivinhar como vai ser o futuro do entretenimento, mas a verdade é que ninguém sabe o que esperar. As plataformas de streaming continuam a alinhar as suas estratégias e os consumidores vão adaptando os seus hábitos à oferta. O que sabemos são os fatos dos números: o número de espectadores em sala continua a diminuir, assim como as subscrições ao streaming, enquanto que o recurso às VPN aumenta.
Portanto, é óbvio que algo vai mudar em breve. E quem sairá a ganhar serão sempre os amantes da sétima arte e das séries de tv. Isso porque o conteúdo original continuará a garantir a qualidade a que todos nos habituamos, seja nas produções estadunidenses, seja nas produções europeias. A diversidade é cada vez maior e é também expectável que novos mercados sejam absorvidos pelas plataformas de streaming, como já acontece com a animação sul-coreano ou o cinema indiano.
Até lá, continuaremos a desfrutar do melhor conteúdo audiovisual online nos nossos dispositivos, à distância de um clique. O mercado do DVD parece que irá continuar moribundo e, por siso, resta-nos os serviços de streaming e a internet. Nunca foi tão fácil ter acesso a conteúdo multimédia, mas a tamanha dimensão da oferta comprometeu a qualidade do consumo. Ficamos então tentos às cenas dos próximos capítulos.

