Bateu aquela confusão com o final de A Cura (A Cure for Wellness)? Você não está só. O terror psicológico dirigido por Gore Verbinski mistura medicina bizarra, aristocratas imortais, enguias vampirescas e incesto disfarçado de cura — e entrega um final que é tão grotesco quanto simbólico.
Se você terminou o filme com a sensação de que algo está “errado na água”, você está no caminho certo. Vamos entender o que realmente aconteceu com Lockhart, quem é Hannah, e qual é a “cura” proposta por esse spa nos Alpes Suíços.
Sinopse rápida de A Cura
Lockhart (Dane DeHaan), um jovem executivo de Wall Street, é enviado à Suíça para buscar o CEO da empresa onde trabalha, que está “detoxando” em um spa misterioso nos Alpes. Mas ao chegar lá, ele sofre um acidente e vira paciente do local, comandado pelo enigmático Dr. Volmer (Jason Isaacs). Conforme investiga o centro, Lockhart descobre que a tal “cura” envolve muito mais do que banhos de lama e meditação. Spoiler: tem enguias. Muitas.
Final explicado de A Cura: Quem é Volmer?
Dr. Volmer é, na verdade, um barão suíço de mais de 200 anos, que sobreviveu à própria execução graças a experimentos com a água contaminada da região e, claro, às tais enguias.
Ele é o mesmo aristocrata que, séculos antes, engravidou sua própria irmã na tentativa de criar uma “raça pura”. A população local, chocada, queimou o castelo com os dois dentro. Só que ele sobreviveu. E agora quer repetir o experimento com… sua filha, Hannah (Mia Goth), que nasceu da irmã no exato momento da execução.
Sim, é tão perturbador quanto parece.
O papel das enguias
As enguias vivem em um aquifero subterrâneo com propriedades bizarras: a água é venenosa para humanos, mas dá longevidade a esses bichos. Volmer descobre que pode extrair esse “elixir da juventude” ao forçar os pacientes a engolirem enguias vivas, e depois coletar um líquido extraído de seus corpos — tudo feito enquanto eles acreditam estar em um programa de bem-estar.
Ou seja: o spa é basicamente uma fazenda de humanos sendo drenados lentamente.
O plano de Volmer: incesto e imortalidade
Volmer mantém Hannah em doses controladas do elixir para retardar sua puberdade. O plano é bizarro: ele quer engravidá-la e continuar sua linhagem de deuses mutantes alpinos. Só que Lockhart atrapalha tudo ao despertar o desejo de liberdade (e biológico) em Hannah.
No clímax do filme, Volmer tenta consumar o “casamento”, mas Lockhart aparece, o enfrenta e o mata. Hannah foge com Lockhart e, pela primeira vez, tem a chance de viver no mundo real — ou o mais real possível depois disso tudo.
O verdadeiro significado do filme
A Cura é uma alegoria sobre a obsessão contemporânea por juventude, riqueza e status. Os executivos que frequentam o spa são uma metáfora dos titãs corporativos modernos: tão desesperados por um sentido que aceitam qualquer “cura” – mesmo que envolva se tornar gado humano em nome da longevidade.
Lockhart, no fim, arranca o gesso da perna (que nunca esteve quebrada) e percebe que foi manipulado o tempo todo. É como se o filme dissesse: o mundo está doente, sim — mas o problema é o sistema, não o indivíduo. A verdadeira doença é o capitalismo em crise existencial.
E é isso.
A Cura pode parecer um delírio gótico exagerado (e é), mas também é um aviso: cuidado com soluções milagrosas. Às vezes, a verdadeira loucura está nos lugares mais… bem-estarizados.

