Quer saber o que acontece no final de Hallow Road, novo terror dirigido por Babak Anvari? O longa, exibido no Festival de Melbourne, é um pesadelo minimalista e sufocante que mistura drama familiar com horror folk irlandês. Estrelado por Rosamund Pike e Matthew Rhys, o filme prende a atenção com tensão psicológica e uma atmosfera de paranoia crescente.
Sinopse de Hallow Road
Durante a madrugada, Maddie (Pike) e Frank Finch (Rhys) recebem uma ligação desesperada da filha Alice (Megan McDonnell). Após uma briga em casa, ela saiu de carro, usou drogas e acabou atropelando uma jovem em uma estrada deserta que corta a sombria floresta fictícia de Ashfolk, na Irlanda.
Seguindo as instruções da mãe, que é paramédica, Alice tenta prestar socorro, mas tudo dá errado. O pânico aumenta quando um casal de estranhos aparece oferecendo ajuda. Aos poucos, a voz da mulher — que curiosamente tem a entonação de Maddie — se torna cada vez mais ameaçadora, prometendo “corrigir” Alice e até mesmo o bebê que ela espera.
Final Explicado Hallow Road: Alice morreu ou foi levada?
Vamos lá.
Quando os pais chegam ao local, encontram o carro parado e um corpo estirado na estrada — o de Alice. Só que, imediatamente depois, o telefone toca novamente, e quem atende é a voz da própria filha, como se ainda estivesse viva. O casal entra em desespero, acreditando que Alice foi levada pelo misterioso casal, e passam a persegui-los floresta adentro.
Na manhã seguinte, porém, a polícia conclui friamente: Alice morreu em um atropelamento e tudo o que os pais ouviram não passou de uma alucinação coletiva causada pelo trauma. Maddie e Frank, em choque, não conseguem responder.
Hallow Road tem explicação racional?
Sim. A leitura mais direta é a do detetive: Alice morreu de fato naquela noite, e todas as ligações foram uma forma inconsciente de os pais lidarem com a perda. Esse tipo de “alucinação compartilhada” não é impossível, mas a trama deixa brechas — como o fato de Maddie e Frank saberem exatamente onde encontrá-la, mesmo em um caminho que ela não costumava usar.
Ou foi sobrenatural?
A segunda interpretação é a mais arrepiante: a estrada de Ashfolk seria um espaço liminar, onde o mundo real e o Outro se cruzam. Nesse cenário:
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A misteriosa mulher poderia ser uma banshee, figura do folclore irlandês que não causa, mas anuncia a morte.
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Outra leitura é que o casal seria parte dos Aos Sí, seres feéricos que testam humanos e punem quem não assume a responsabilidade por seus atos.
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A transformação da vítima atropelada (“o rosto está mudando”, diz Alice) reforça a ideia de que tudo era uma armadilha sobrenatural: quem falha no teste se torna a próxima vítima da estrada.
Ou seja, Alice teria sido “reclamada” por essas forças, condenada a desaparecer — talvez até se transformar no próximo espectro a ser atropelado.
Qual o significado do final de Hallow Road?
Seja lido como um drama psicológico ou como horror sobrenatural, o desfecho é sobre culpa, responsabilidade e negação.
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Para Maddie, é a repetição de seu fracasso como paramédica: ela não conseguiu salvar uma vida.
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Para Frank, é a falência de sua postura controladora: oferecer-se para assumir a culpa não impediu a tragédia.
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Para Alice, é o peso de uma juventude quebrada, marcada por drogas, gravidez não planejada e pais incapazes de enxergá-la além dos erros.
O horror final não está apenas na estrada assombrada, mas no silêncio que sobra — o vazio que nenhuma explicação, policial ou sobrenatural, consegue preencher.
E é isso.
Hallow Road (2025) é daqueles filmes que deixam a plateia em dúvida se viu um conto de fadas macabro ou apenas um estudo sobre como o luto distorce a realidade.

