Se você terminou Pequenos Vestígios com aquela sensação de “mas e aí, quem matou?”, bem-vindo ao clube. O thriller policial estrelado por Denzel Washington, Rami Malek e Jared Leto não entrega respostas fáceis — e faz isso de propósito. O final não fecha todas as pontas. Aliás, ele arranca as pontas, chuta pro deserto e ainda acende uma fogueira em cima.
Neste suspense neo-noir dirigido por John Lee Hancock, a pergunta não é exatamente “quem é o assassino?”, mas sim “quanto da sua sanidade você está disposto a sacrificar por uma resposta?”
Sinopse de Pequenos Vestígios
Joe “Deke” Deacon (Denzel Washington) é um ex-detetive caído em desgraça que se vê envolvido numa investigação de assassinato durante uma visita banal ao antigo departamento. Lá, ele cruza caminho com Jim Baxter (Rami Malek), jovem sargento promissor que está perseguindo um serial killer que ataca mulheres em Los Angeles.
Logo surge um suspeito: Albert Sparma (Jared Leto, em modo “creep nível 11”), um tipo esquisito que adora provocar a polícia. Mas sem provas concretas, só sobra paranoia, frustração e impulsividade.
Final Explicado Pequenos Vestígios: Sparma era o assassino?
A resposta curta: talvez. A resposta longa: provavelmente não. Mas ninguém — nem o espectador, nem os personagens — vai ter certeza.
Sparma leva Baxter até o deserto dizendo saber onde está enterrado o corpo de uma das vítimas. Mas só o que oferece é provocação, deboche e um jogo sádico. Até que Baxter perde o controle e o mata com uma pá. Sim, uma pá.
Deke chega logo depois, ajuda a esconder o corpo e diz: “esquece isso, ou vai te consumir”. Se você sentiu um déjà vu, tem motivo: Deke fez a mesma coisa anos antes, quando acidentalmente matou uma vítima e acobertou o erro com ajuda do legista. O ciclo se repete. De novo.
O clipe vermelho: Deke mente para Baxter?
No fim, Baxter recebe pelo correio um grampo de cabelo vermelho — idêntico ao que a vítima usava. A mensagem implícita: Sparma era o cara. Fica em paz. Só que… vemos Deke queimando uma embalagem com vários grampos iguais, revelando que ele comprou o acessório. Ou seja, ele inventou uma “prova” só para aliviar a culpa do parceiro.
É o equivalente investigativo de dar um desenho da Mona Lisa para uma criança e dizer: “pronto, agora você é artista também”.
Mas então… quem era o assassino?
Não sabemos. Nunca saberemos. E o diretor John Lee Hancock fez isso intencionalmente. O filme não se importa com o culpado. Ele quer mostrar o que a obsessão por justiça faz com homens que cruzam linhas morais em nome de um “bem maior”.
Por que Deke está tão perturbado?
Porque ele já viveu isso antes. Anos atrás, matou uma vítima acidentalmente durante uma investigação e encobriu o erro. Isso destruiu sua carreira, seu casamento e sua sanidade. Em Baxter, ele vê a si mesmo — e tenta impedir que o jovem siga pelo mesmo abismo.
O que o final de Pequenos Vestígios realmente quer dizer?
Que às vezes, o maior vilão não está nas ruas — está no espelho. Que a obsessão por justiça, quando alimentada por culpa e vaidade, pode ser mais perigosa que o próprio crime. E que, como Deacon mesmo diz: “são as pequenas coisas que te pegam”.
E é isso.
Pequenos Vestígios não é sobre pistas ou culpados. É sobre culpa. Sobre como uma mentira bem-intencionada pode pesar tanto quanto a verdade. Sobre como, às vezes, o detetive quer prender o assassino só pra tentar se salvar de si mesmo.

