ONDE ASSISTIR luta de classes

Luta de Classes (2025) | Onde Assistir ao Novo Filme de Spike Lee com Denzel Washington

Spike Lee e Denzel Washington juntos de novo? Sim, e a dupla resolveu atualizar Céu e Inferno de Kurosawa para a era do autotune, contratos de gravadora e ransom pagos com maletas de dólar e ego. Luta de Classes já chegou ao Apple TV+, e a promessa é simples: tensão social, sequestro e música — tudo com a câmera nervosa de Spike Lee e a presença magnética de Denzel.


Onde assistir Luta de Classes?

  • Apple TV+: exclusivo no streaming da Apple. Se você não tem assinatura, vai ter que escolher entre ver esse filme ou continuar pagando R$ 14,90 no serviço só para assistir Ted Lasso pela 12ª vez.


Sobre o que é o filme?

Denzel interpreta David King, magnata da indústria musical que tem ouvido absoluto para hits e zero talento para lidar com sequestros. Quando um crime coloca em risco seu império e sua família, ele descobre que subir nas paradas é mais fácil do que negociar com sequestradores.

Spike Lee mergulha na desigualdade social com a sutileza de um megafone em protesto: ricos em seus arranha-céus de vidro, pobres quebrando a cara nas ruas, e a música como pano de fundo para uma guerra de classes que só Hollywood conseguiria transformar em entretenimento premium.


Elenco de Peso (sem trocadilho)

  • Denzel Washington entregando o drama como só ele sabe.

  • Jeffrey Wright como o motorista que vira peça-chave.

  • A$AP Rocky em modo “rapper sequestrador” — basicamente um show de trap com roteiro.

  • Ilfenesh Hadera como a esposa que segura as pontas enquanto o marido faz escolhas ruins.


Trailer de Luta de Classes

Se não te convencer, pelo menos o trailer já funciona como aula de cinema comparativo: Spike Lee + Kurosawa remixado no ritmo de Nova York.


Vale a pena assistir?

  • Sim, se você curte Spike Lee pistola e Denzel em modo alfa moralmente ambíguo.

  • Não, se espera ação pipocona estilo Equalizer. Aqui é mais cabeça, menos bala.

  • Talvez, se você gosta de fingir que entende crítica social enquanto pausa o filme pra fazer miojo.

Review – Spike Lee sobe, desce e freia no meio da pista

Spike Lee sempre foi um cineasta disposto a confrontar tradições e a testar os limites entre espetáculo e discurso — e em Luta de Classes (Highest 2 Lowest), ele decide revisitar Céu e Inferno, de Akira Kurosawa, para falar sobre poder, racismo, dinheiro e moral em plena Nova York pós-hip-hop. O resultado é ousado, provocante e, às vezes, frustrante — um filme que brilha na forma, mas tropeça na própria estrutura.

A história gira em torno de David King (Denzel Washington), um magnata da música que tenta recomprar o controle de sua gravadora enquanto lida com o sequestro do filho de seu motorista. A partir daí, Lee cria um suspense moral sobre culpa e responsabilidade, em que o protagonista precisa escolher entre salvar uma vida ou manter seu império intacto. A ideia é poderosa — mas o filme se divide em blocos que raramente se unem de forma fluida: o drama corporativo, o thriller de sequestro e a perseguição final competem entre si, e o resultado é mais colagem do que coesão.

Visualmente, porém, Luta de Classes é puro Spike Lee: câmeras flutuam por metrôs, desfiles e rooftops de luxo; os grafismos saltam na tela; as cores vibram em vermelho, roxo e dourado; e cada plano parece gritar “cinema com opinião”. A sequência do metrô — com a mochila cheia de dinheiro passando de mão em mão — é um mini-épico à parte, e os enquadramentos de Nova York lembram que ninguém filma a cidade como ele.

O problema é que o discurso engole o drama. Lee se preocupa tanto em colocar símbolos — quadros de artistas negros, metáforas sobre capitalismo, reflexos de poder — que esquece de gerar suspense real. O dilema moral de Denzel nunca chega a emocionar. O ator, gigantesco, mas teatral, entrega uma performance autoconsciente, quase como se estivesse encenando “O Melhor de Denzel”. Já Jeffrey Wright é o contraponto perfeito: silencioso, contido, humano. É ele quem carrega o peso emocional que o protagonista deveria ter.

Ainda assim, há vigor. Spike Lee continua sendo o cineasta que filma o caos como ninguém. Luta de Classes pode não ser o melhor trabalho da dupla, mas é o mais ambicioso. É o tipo de filme que erra tentando acertar alto — e, no cinema de hoje, isso já é um luxo.