Em 2025, se você não está falando de Sydney Sweeney, você provavelmente está vivendo em uma caverna com um dial-up dos anos 90. A atriz de 28 anos se tornou um fenômeno de visibilidade digital que beira o onipresente. Ela é “incancelável”, memeficada infinitamente e sua fama arde tão intensamente que ofusca até mesmo os A-listers mais tradicionais. Se atenção é a nova moeda de Hollywood, Sydney Sweeney é a pessoa mais rica do pedaço.
Há, no entanto, um plot twist deliciosamente irônico e cruel nessa história: essa imensa atenção não está se traduzindo em dinheiro de bilheteria. As pessoas estão obcecadas por sua vida pessoal, seus looks polêmicos e seu “resting IDGAF face” (cara de “não dou a mínima”), mas, aparentemente, não têm o menor interesse em assistir aos filmes em que ela atua.
O que acontece quando a estrela mais viral do mundo não tem poder de box office?
O Gongo do Fracasso: Os Números Frios de Christy
Uma matéria especial da Consequence of Sound analisa a situação da atriz. O caso mais recente e flagrante é Christy, o biopic de boxe sobre a lenda Christy Martin, que Sweeney estrelou e coproduziu, claramente um projeto de paixão para tentar ganhar seriedade como produtora e atriz dramática.
O resultado financeiro? Um nocaute no primeiro round:
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Orçamento: $15 milhões
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Bilheteria de Abertura: Míseros $1.3 milhões
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Contexto: Foi uma das piores aberturas para um filme lançado em mais de 2.000 salas nos EUA.
O flop foi tão estrondoso que Sweeney precisou ir ao Instagram para defender o projeto, dizendo que estava orgulhosa por fazer “arte por impacto, e não apenas por números”. Uma fala nobre, mas que soa um pouco a discurso de defesa após a derrota feia no placar. (A polêmica só aumentou quando a atriz Ruby Rose criticou a escolha do elenco, mas Christy Martin saiu em defesa de Sweeney, chamando-a de “amiga e aliada”).
A Atenção Que Não Vira Ingresso: A Estratégia do Silêncio Tático
O mais fascinante é que a bilheteria de $1.3 milhão de Christy foi precedida por uma das semanas de hype mais intensas de Sweeney.
Sua entrevista para a GQ virou manchete em todos os veículos, especialmente por sua não-resposta sobre a polêmica campanha de jeans da American Eagle. Na propaganda, a frase “Meus jeans são azuis” (“My jeans are blue”) foi colocada ao lado de uma discussão sobre como a genética (genes) determina traços, fazendo com que críticos vissem uma referência a eugenia.
A tática de Sweeney é clara: silêncio tático e evasão ensaiada. Ela não escalona, não confirma, não nega e mantém suas crenças políticas (como ser uma Republicana registrada e ter comparecido ao casamento de Jeff Bezos) o mais opacas possível. O resultado? A controvérsia ferve por uma semana, ela se mantém no centro da conversa (colhendo todos os benefícios culturais e ópticos), mas o outrage não gruda.
No entanto, essa estratégia de PR (Relações Públicas) de alto nível falha miseravelmente em um ponto crucial: direcionar a atenção para a arte.
O Histórico de Fracassos (Com Exceções Notáveis)
O problema não é isolado. A lista de filmes de Sydney Sweeney que não se sustentaram financeiramente é longa, embora ela tenha brilhado na TV:
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Séries de TV: Duas vezes indicada ao Emmy por Euphoria e The White Lotus (sucesso de crítica e público).
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Blockbuster Vexatório: Madame Web (2024), que foi um dos maiores flops da história moderna do cinema.
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Terror Indie: Immaculate (2024). Embora bem recebido pela crítica, faturou apenas $5.4 milhões na estreia doméstica (contra um orçamento de $9 milhões). Para um filme de terror, que geralmente tem um público cativo e fiel, isso é considerado um fracasso comercial.
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Comédia Crime: Americana (2025), que arrecadou menos de $500 mil no fim de semana de estreia.
Sua única vitória inegável no cinema foi a comédia romântica de 2023, Todos Menos Você (Anyone But You), um sucesso mundial que provou que ela pode funcionar no cinema — desde que o gênero seja leve e comercialmente apelativo.

A Nova Estrela Estilo Kim Kardashian?
O artigo compara a fama de Sydney Sweeney à ascensão de Kim Kardashian em seu auge. Ambas dependem imensamente de sua aparência, presença e da capacidade de se manterem paradas no olho do furacão do gossip.
A diferença crucial, no entanto, é o poder de conversão. Quando Kim Kardashian estreou seu drama jurídico, All’s Fair, mesmo com críticas horríveis, o show foi o mais assistido na estreia de um drama scripted da Hulu em três anos. Kardashian, sendo a definição de celebridade, move a agulha. Sweeney, por enquanto, move o feed do Instagram.
Sydney Sweeney quer ser levada a sério. No discurso no Variety’s Power of Women gala, ela disse: “Eu sei o que é ser subestimada… ter que provar que você merece estar aqui.”
Mas, enquanto sua presença na red carpet em um vestido transparente prateado gera histeria online, o filme que ela defendeu (e honrou em seu discurso), Christy, é recebido com grilos na bilheteria na semana seguinte.
Sydney Sweeney está inventando um novo tipo de estrelato onde a persona é mais valiosa que a performance. Agora, ela precisa descobrir como traduzir essa atenção white-hot da internet em algo que realmente importe para Hollywood: o poder de fazer o público comprar um ingresso de cinema.

